Economia

Crise climática afeta mercado de fertilizantes no Brasil

Vendas estão atrasadas, sobretudo no Centro-Oeste do Brasil, e devem se concentrar no segundo semestre
Crise climática afeta mercado de fertilizantes no Brasil
Gustavo Horbach afirma que cenário semelhante foi observado no Brasil no ano passado e sobrecarregou os corredores logísticos | Crédito: Divulgação/EuroChem

A expectativa dos principais players do segmento é de um ano recorde na distribuição de fertilizantes no Brasil. Segundo as estimativas, as entregas deverão somar entre 46 milhões e 46,5 milhões de toneladas, batendo a marca de 45,8 milhões, alcançada em 2021, conforme dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Apesar do otimismo, parte das vendas de fertilizantes está atrasada por efeito da crise climática que atinge o País, sobretudo no Centro-Oeste. 

Segundo o diretor-presidente da EuroChem na América do Sul, Gustavo Horbach, as condições climáticas que afetam estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – grandes consumidores de fertilizantes – acabaram postergando as distribuições da empresa nessas áreas. Conforme ele, quando se analisa o período de 2020 até o atual, as entregas da companhia estão bem menores. 

Esse movimento, de acordo com o executivo, significa que, provavelmente, as entregas de fertilizantes no Brasil estarão aquecidas no segundo semestre de 2024, algo que ocorreu parcialmente no exercício passado. Em razão disso, Horbach diz que os corredores logísticos mais uma vez deverão ficar sobrecarregados, mas as empresas já estão se preparando.

“Isso é um empecilho, sem dúvida. Eu diria que talvez resulte em alguma restrição nesse volume que está se delineando. Mas noto que todas as empresas que operam no Brasil, principalmente aquelas que têm produção associada, que são as maiores, estão se preparando para isso”, destacou o diretor-presidente da EuroChem na América do Sul ao DIÁRIO DO COMÉRCIO. 

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“Elas estão centralizando as manutenções preventivas neste primeiro trimestre para ter as plantas com a sua capacidade máxima disponível no segundo semestre e estão tentando gradualmente fazer algumas coisas antecipadas para poder acessar os mercados de maneira mais rápida. Então, o mercado acaba se adequando à realidade para entregar esse volume e acho que vai acontecer, mas ainda estamos com vendas atrasadas em algumas regiões, sim, isso é notório”, ponderou. 

EuroChem começa a produzir fertilizantes em Minas Gerais

A EuroChem concluiu as obras de implantação do Complexo Mineroindustrial de Serra do Salitre, no município homônimo, na região mineira do Alto Paranaíba. No próximo dia 13 de março, a empresa vai receber convidados, incluindo representantes do governo federal, em um evento que simboliza o início da produção na unidade, a primeira do grupo suíço fora da Europa.

As perspectivas são altas para o projeto, que demandou investimentos da ordem de US$ 1 bilhão. A projeção é de que o empreendimento produza um milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano quando atingir a capacidade plena, prevista para 2025. Neste ano, a estimativa é que 500 mil toneladas sejam produzidas, volume que Horbach acredita que será ultrapassado. 

A produção no local, inclusive, já começou, segundo o executivo. As vendas, contudo, ainda não começaram apenas por razões estratégicas, visto que todas as licenças já foram concedidas, mas devem ser iniciadas no fim de março. Ele explica que a área de estocagem do empreendimento é imensa, praticamente metade da capacidade produtiva, ou seja, de 450 mil toneladas.

Interesse em expandir operações no Brasil

Embora o primeiro negócio da EuroChem no Brasil esteja somente no início dos trabalhos e demande tempo de maturação, a empresa tem perspectivas de continuar investindo em fertilizantes no País. De acordo com Horbach, todo ativo de produção que faz sentido para o grupo está sendo avaliado. Ele ainda diz que know how e apetite por investimentos no mercado brasileiro, a companhia tem e, no futuro, podem surgir até mesmo parcerias com o próprio governo federal e estatais. 

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