Crise de semicondutores faz Guedes estudar fabricação nacional

Brasília – O Ministério da Economia passou a discutir medidas para estimular a produção nacional de semicondutores, componentes que passam por um problema global de fornecimento desde a pandemia e que são cruciais para o funcionamento de uma série de produtos -de brinquedos e celulares a aviões e sistemas de defesa.
Os problemas de entrega podem ser intensificados com a guerra na Ucrânia e com o recente aumento de casos de Covid-19 na China, que tem levado a novas interrupções em fábricas.
Diante da persistência das preocupações, membros da equipe econômica têm conversado com representantes empresariais ligados à fabricação de semicondutores e veículos, que afirmam que o ministro Paulo Guedes (Economia) concordou com a importância de o país ter uma indústria voltada aos semicondutores.
Ainda não há uma decisão definitiva sobre o que é necessário para atrair empresas ou que medidas serão adotadas, mas o ministro sinalizou a possibilidade de cortar impostos para estimular as empresas.
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As discussões com o chefe da equipe econômica resultaram das análises de um grupo de trabalho formado por governo e empresas para discutir a situação dos semicondutores.
Uma das iniciativas analisadas é dos Estados Unidos, onde parlamentares avançaram com um projeto de US$ 52 bilhões em subsídios para a produção de semicondutores. O país, assim como outros, tenta diminuir a dependência da Ásia -responsável por atender cerca de 80% da demanda global.
A União Europeia pretende dobrar sua produção de semicondutores até 2030. Enquanto isso, países como China, Taiwan e Cingapura continuam destinando incentivos a empresas do ramo e especialistas.
A escassez fez as fabricantes automotivas produzirem 10 milhões a menos de veículos em 2021, segundo estimativas usadas pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Só no Brasil, de 300 mil a 350 mil unidades deixaram de ser produzidas pela falta dos componentes.
Consultada, a Anfavea afirmou que a dificuldade com semicondutores deve persistir. Para 2022, a previsão mais recente é que o problema subtraia até 8 milhões de veículos da fabricação mundial e uma normalização pode ser vista apenas em 2025. As estimativas usadas pela entidade foram feitas em dezembro, antes da guerra na Ucrânia.
Rogério Nunes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi), diz que o desenvolvimento da produção nacional pode não ter resultados em menos de 10 ou 15 anos. Mesmo assim, ele defende políticas governamentais ao setor.
“É uma questão de domínio da tecnologia. A indústria de semicondutores é base para os outros produtos e, por isso, vai aumentar nossos níveis de desenvolvimento social e econômico. É absolutamente estratégico“, afirma.
Segundo ele, menos de 20 empresas atuam no ramo dos semicondutores no Brasil -mas as empresas não participam da cadeia completa e cerca de 70% dos insumos são importados.
“Os semicondutores estão inseridos em absolutamente todos os setores da economia. Antes era somente na indústria eletroeletrônica, mas hoje vemos no setor automotivo, no médico, na segurança, nas telecomunicações e até na agricultura. Tudo hoje depende de semicondutores”, diz Nunes.
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