Economia

Crise pode ser agravada com o fim de benefício emergencial

Setor empresarial está preocupado com a falta de novas medidas do governo
Crise pode ser agravada com o fim de benefício emergencial
Foto: Ana Volpe/Agência Senado

Com o fim do Benefício Emergencial para Preservação do Emprego e da Renda (BEM), representantes dos setores produtivos de Minas Gerais temem que a crise vivenciada pelas empresas possa ser agravada. Desde o primeiro dia útil de janeiro, trabalhadores que tiveram salário e carga horária reduzidos ou contratos de trabalho suspensos voltaram para a jornada normal, o que aumenta os custos das empresas em um momento ainda delicado do mercado.

O receio é que ocorra aumento das demissões e até mesmo fechamento de empresas mais fragilizadas, que já estavam com as finanças comprometidas e ainda funcionam com restrições. Representantes dos empresários querem que o governo federal mantenha as medidas por mais tempo ou crie uma nova alternativa para ajudar os empresários.

De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva, a preocupação do setor é grande, já que no momento atual as empresas estavam começando a recuperar parte das perdas provocadas pela pandemia de Covid-19.

“Estamos assustados porque não estamos observando nenhuma continuidade ou um lançamento de um plano emergencial para se pensar na retomada da economia. Estamos vendo casos de Covid-19 aumentando, pela aglomeração maior da população nas festas de final de ano e estamos muito preocupados com a situação. As empresas que estavam conseguindo caminhar, conseguindo recuperar parte das perdas e mantendo os empregos, estavam utilizando as medidas para dar sustentação a essa retomada”.

Ainda segundo Souza e Silva, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) já solicitou ao governo federal que alguma medida seja tomada, como o objetivo de proteger as empresas, o emprego e contribuir para a recuperação da economia.

“Estamos vivendo um cenário de incerteza muito grande. A suspensão das medidas pode causar um desemprego muito grande, não agora, porque os trabalhadores que fizeram a negociação têm um período de estabilidade, mas pode ocorrer. Além disso, existem os funcionários que não tiveram negociação e podem ser cortados. Não sabemos como será a movimentação do comércio, já que a renda da população está caindo e o auxílio emergencial também foi suspenso. Com todos esses fatores, pode haver aumento da inadimplência e fechamento de empresas”.

A manutenção das medidas de preservação do emprego também é considerada importante já que parte do comércio ainda funciona com horários reduzidos ou restrições, como no caso dos bares e restaurantes que estão proibidos de vender bebida alcoólica.

Saúde – O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas, José Anchieta da Silva, ressalta que a pandemia ainda não foi controlada, por isso, a preocupação dos governos deveria ser com a saúde das pessoas e das empresas.

“Não está na hora de retirar recursos. Está na hora de viabilizar recursos para o pobre e foi o único ato real que o governo brasileiro praticou. Está na hora de implantar a mesma prática para os empresários. O Estado tem que deixar de lado a função arrecadadora porque, na hora da pandemia, ele tem que nos assegurar a vida e nos assegurar que não faliremos. Todo o resto fica pra depois”.

Ainda segundo Anchieta, a manutenção das medidas de preservação dos empregos é essencial, porque a economia precisa girar.

“A manutenção dos recursos para o cidadão e a abertura de recursos para as empresas pagarem as contas, os salários são essenciais. O Estado precisa colocar o dinheiro a disposição dos empresários, porque isso volta e deixará a sociedade viva. Se o Estado não comparecer agora, a conta para o próprio Estado vai custar muito mais caro. O Estado arrecada impostos, mas para arrecadar é preciso gerar. Ao não alimentar as empresas, elas não irão operar e não vão gerar impostos”.

Gestão eficiente será essencial para sobreviver

Com o término do Benefício Emergencial para Preservação do Emprego e da Renda (BEM), a tendência é que os custos das empresas sejam ampliados, por isso, segundo o analista do Sebrae Minas, Cristiano Magalhães, a gestão eficiente e o corte de gastos desnecessários serão essenciais para a sobrevivência dos negócios.

“Com a suspensão dos benefícios, a orientação do Sebrae Minas é que os empresários não deixem de lado as lições aprendidas no período mais crítico da pandemia, quando os negócios precisaram ser reinventados. Será necessário avaliar os custos, cortar desperdícios e fazer uma boa gestão dos recursos”.

Ainda segundo Magalhães, demissões devem ser muito bem avaliadas, já que os custos de rescisão são altos e, com a retomada da economia, provavelmente, as empresas precisarão recontratar e capacitar novamente os profissionais, gerando mais despesas.

Em relação aos impactos nos próximos meses, Magalhães, ressalta que pode haver uma piora da situação das empresas, caso as mesmas não estejam bem preparadas. (MV)

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