Economia

CUB/m2 da construção fica quase estável em Minas

CUB avançou 0,04% em agosto
CUB/m2 da construção fica quase estável em Minas
Dados do Sinduscon-MG apontam que no acumulado entre janeiro de 2020 e agosto deste ano o custo da construção subiu 42% | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

Desde o início da pandemia de Covid-19 os custos da construção civil vem apresentando elevações constantes. Em Minas Gerais, após mais de 20 meses em alta, o Custo Unitário Básico de Construção (CUB/m²) ficou praticamente estável, com pequena variação positiva de 0,04% em agosto frente a julho. Com o resultado, de março de 2020 a agosto de 2022, o CUB global já registra aumento de 42%. A alta vem sendo puxada pelo CUB do material de construção, que aumentou 0,09% em agosto e 78% no período de janeiro de 2020 a agosto deste ano.

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Renato Michel, apesar da praticamente estabilidade registrada no último mês, as expectativas são cautelosas em relação ao avanço dos custos nos próximos meses. Fatores de impactos globais, como a crise de energia na Europa, o que tem feito com que siderúrgicas suspendam a produção, e o agravamento da guerra entre Rússia e Ucrânia podem interromper a estabilidade dos custos e provocar novos aumentos.

Ele explica ainda que as altas nos insumos da construção civil começaram em 2020, junto com a pandemia. Naquele momento, o setor acreditava que era pontual pelo desequilíbrio nas cadeias de produção e pelo frete marítimo e que nos meses seguintes haveria arrefecimento dos aumentos, mas não foi o que aconteceu.

“Tivemos altas significativas em 2020, 2021 e também em 2022. Este ano, não foi pela pandemia, mas pela guerra entre Rússia e Ucrânia. O setor tem sofrido bastante e estamos muito preocupados com os próximos meses, principalmente, como o aço. A crise de energia na Europa, com a Rússia limitando o fornecimento de gás e a aproximação do inverno, tem provocado a suspensão das atividades nas indústrias siderúrgicas, o que pode provocar uma nova alta”.

Segundo a análise feita pela economista do Sinduscon-MG, Ieda Vasconcelos, desde o início da pandemia o custo com os insumos da construção civil subiram muito. Avaliando de março de 2020 até agosto de 2022, o CUB, como um todo, aumentou cerca de 42%. Em agosto, foi registrada a segunda menor variação positiva do período, 0,04%, perdendo apenas para a estabilidade vista em abril de 2020.

Somente em 2022, de janeiro a agosto, o aumento do CUB global do Estado ficou em 12,26%, superando, em muito, a inflação para o período, estimada em 4,39%. Nos últimos 12 meses, o incremento foi de 14,98%, enquanto o IPCA avançou 8,73%.

A alta no CUB global é puxada pelo material. O CUB do material de construção, de março de 2020 para agosto de 2022, subiu expressivos 78%. Em agosto atual, o aumento foi de apenas 0,09%, a menor variação com custo com material. Com o resultado mensal, no acumulado do ano até agosto, a elevação está em 12,77% e nos últimos 12 meses em 18,21%.

A estabilidade vista em agosto é resultado da redução de alguns custos, como os valores do frete – que veio com a queda dos preços dos combustíveis – , o custo menor com a energia elétrica e também pela maior estabilidade nos preços das commodities em agosto.

“É preciso ressaltar que esta estabilidade em agosto não significa que o problema acabou. O CUB estabilizou em um patamar elevadíssimo. O setor ainda sofre com o aumento dos custos”, disse Ieda.

Produtos e serviços

Entre os insumos que apresentaram queda em agosto estão o aço, 5,76%, aluguel de equipamentos, 1,38% e disjuntores, 0,70%. No período, ficaram mais caros o tubo de ferro galvanizado, 5,87%, o tubo de pvc rígido, 2,88%, concreto, 1,66%, e o bloco de concreto, 1,59%.

De janeiro a agosto, as maiores elevações foram vistas nos preços da porta para pintura, 47%, fechadura, 48%, areia, 35%, bloco cerâmico, 37%, cerâmica 29%, e brita, 34%.

Já nos últimos 12 meses, a porta para pintura registrou aumento de 87% nos preços, seguida pela valorização do concreto 43%, bloco cerâmico, 39%, areia, 45%, e brita, 43%.

A alta dos custos e a ameaça de novos aumentos, o que aliado a menor renda da população, podem reduzir o ciclo de produção no setor da construção civil.

“O setor cresceu muito durante a pandemia, continuou gerando empregos e renda, contribuindo para a recuperação da economia. Mas estamos preocupados com o futuro. Os negócios do setor são de ciclo longo, levando de 4 a 5 anos da compra do terreno até a entrega. O empresário fica receoso e pode frear os investimentos, o que comprometeria a geração de empregos e renda”, disse o presidente do Sinduscon- MG, Renato Michel.

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