Cursos do Senai se consolidam como porta de entrada de jovens no mercado de trabalho

O que você vai ser quando crescer? Já decidiu o que vai cursar na faculdade? De perguntas simples a incômodos reais, os questionamentos não se delineiam tão somente pelo sonho ou pela vocação, mas pela necessidade de ingressar no mercado de trabalho para o sustento.
Em alguns casos, o sonho e o exemplo em casa podem ser o ponto de partida para muitos jovens que suprem as necessidades de empresas que demandam constantemente jovens que saíram do ensino profissionalizante e encontram, ainda, um caminho para o próprio negócio.
Anualmente, mais de 117 mil alunos, em média, se matriculam nos cursos de aprendizagem industrial do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Minas Gerais (Senai). E, de acordo com Gerson Gonçalves, diretor da unidade Senai Lagoinha, localizada em Belo Horizonte, os cursos de formação nas áreas tecnológicas, de informática e eletrônica, são os mais buscados por jovens.
Além disso, com o avanço da tecnologia dos equipamentos de climatização que permite que eles consumam menos energia e a tropicalidade do país, profissionais com habilidades em refrigeração têm se destacado no mercado ao lado das pessoas que optam pela área de panificação e confeitaria, já que as padarias estão presentes em todos os bairros.
“Os cursos do Senai sempre foram muito buscados. Eles geralmente introduzem as pessoas no mercado de trabalho porque levam a capacitação até os jovens, que é a maior parte da nossa clientela. Aqui, eles têm a condição de aprender uma profissão, iniciar a carreira e ter uma salvação em momentos de crise, em que o mercado está mais agressivo e não dá muito espaço”, afirma Gerson.
Conforme aponta o diretor Gerson, o primeiro emprego é sempre o mais complicado, porque as empresas costumam exigir experiência e, é nesse momento, que os jovens com formação inicial podem se diferenciar no mercado de trabalho. “Aos 16 anos, idade média dos alunos que entram para os cursos do Senai, os jovens não têm expectativa de entrar no mercado de trabalho. Hoje, eles saem daqui com essa condição. A partir dos 18 anos, eles já estão aptos a buscar um emprego formal com grandes chances de ter êxito na tentativa”, enfatiza o diretor.
Aprendizado que dá vida aos novos negócios
Essa foi, por exemplo, a situação que Flavio Guilherme Lima enfrentou ao sair do ensino médio: “quando eu estava saindo da escola, no ensino médio, eu não tinha previsão de trabalho. E desde que entrei no Senai, tive menos dificuldade de estudar e comecei a crescer. Em duas semanas, eu aprendi muita coisa”, conta Flavio.
O aluno estudou elétrica industrial e, logo após, optou por se profissionalizar na refrigeração industrial, uma escolha que rendeu a ele o primeiro emprego. “Assim que eu saí do curso, em menos de um mês consegui o trabalho, mesmo sem experiência na área. Hoje, eu estou no meu próprio negócio, crescendo aos poucos, e presto serviços como terceirizado.”, relata Flavio.
Ainda de acordo com o diretor da unidade do Senai Lagoinha, a depender do porte da empresa e da área, os alunos podem iniciar no mercado de trabalho com rendimentos entre R$ 1.500,00 a R$ 1.800,00. No entanto, assim como no caso de Flavio, as portas podem ser ainda mais convidativas quando as demandas revelam um caminho para que a pessoa trabalhe por conta própria. “Os valores dos salários podem variar bastante, mas o que nós gostamos de pensar é que, mais que emprego, a formação te dá campo de trabalho”, ressalta Gerson.
Doces oportunidades
Com base teórica e vivências que simulam a realidade em laboratórios, Jaqueline Batista Ramos percebeu que a aprendizagem na área de panificação e confeitaria era a oportunidade de crescimento profissional e de futuro. Desde 2008, quando ingressou no curso, Jaqueline transformou aquela ideia e exemplo que tinha em casa na realidade da sua vida.
“Eu já gostava da área porque minha mãe fazia bolos para vender em casa. Lembro que fiquei 4 anos no Senai, porque depois do curso eu participei das Olimpíadas do Conhecimento e consegui uma vaga como instrutora. Quando eu saí do Senai, comecei a trabalhar em uma padaria/supermercado, onde fiquei 2 anos. Depois que saí de lá, ingressei na padaria que estou até hoje”, conta Jaqueline.
Ainda para Jaqueline, entender a importância do curso, hoje, é muito mais fácil, porque é na prática que o conhecimento do curso faz a diferença. “O conhecimento teórico é muito importante. Saber a formulação de uma receita, planejar o trabalho, a rotina dos funcionários. Tudo isso eu aprendi no curso, e esse planejamento eu carrego para minha vida pessoal também”, afirma.
Hoje, a confeiteira é apaixonada pelo seu trabalho e não se imagina fazendo outra coisa na vida. E não poderia ser diferente. Recentemente, ao participar de um programa televisivo no qual há a disputa com outros dois confeiteiros, ela levou o título ao mostrar seu talento com um bolo de abacaxi com doce de leite, o qual a levou à etapa final, e o bolo quindim, que a condecorou como ganhadora.
Senai cursos: formação para a vida toda?
Gerson Gonçalves, que hoje é diretor da unidade do Senai, foi aluno da instituição na década de 1970, quando cursou a formação como torneiro mecânico (mecânica industrial). Conforme conta, essa foi a base que o sustentou durante anos e, nos dias de hoje, em sua função, percebe que muitos alunos seguem a carreira que escolheram na formação técnica. “O que a gente pode ler do cenário, com clareza, é que grande parte leva isso para a vida profissional, aprimorando conhecimentos e técnicas.
Victor Cardozo é um exemplo de aluno que pensou em uma carreira para o futuro. Antes de ingressar no curso de manutenção mecânica industrial, do Senai, ele fez formação profissionalizante em logística, área de seu primeiro emprego. “Eu vi que o meu interesse a longo prazo era outro. Hoje em dia eu sei que a área que eu quero atuar é manutenção. E assim que acabar o meu curso, quero fazer um curso técnico que deve acrescentar no meu currículo”, conta o aluno.
Porta de entrada
Os cursos profissionalizantes do Senai costumam durar de um ano e meio a dois anos, dependendo da área, e são conduzidos à luz da legislação do jovem aprendiz. Para ingressar nas formações da aprendizagem industrial, que são gratuitas para jovens de 16 a 23 anos, os alunos devem comprovar que o ensino fundamental já foi concluído ou a matrícula regular no ensino médio. Além disso, é preciso participar dos processos seletivos que acontecem semestralmente e envolvem provas de matemática e português.
E se a escolha da formação que pode mudar o trilho da vida dos jovens é difícil, a instituição oferece, ainda, a oportunidade dos interessados entenderem o que é cada profissão por meio de oficinas. “Os alunos muitas vezes não sabem o que querem e aqui eles têm liberdade para buscar a formação que mais se identifica. Nós falamos também sobre o que o mercado está precisando naquele momento e focamos em áreas de conhecimento que têm valor agregado, que o mercado valoriza”, explica o diretor Gerson.
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