Economia

Custo da cesta básica em Belo Horizonte aumenta 1,18% em fevereiro

O trabalhador de Belo Horizonte, remunerado pelo salário mínimo de R$ 1.518,00, precisou trabalhar 105 horas e 13 minutos para adquirir a cesta básica
Custo da cesta básica em Belo Horizonte aumenta 1,18% em fevereiro
Foto: Adobe stock

Em fevereiro de 2025, o custo da cesta básica em Belo Horizonte foi de R$ 726,01, elevação de 1,18% em relação a janeiro. Entretanto, na comparação com fevereiro do ano anterior, o preço apresentou uma pequena queda, da ordem de 0,20%. Mas, ainda assim, nos dois primeiros meses do ano a alta acumulada chega a 4,5%, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Segundo o supervisor técnico do Dieese, Fernando Duarte, o tomate e o café foram os dois itens decisivos na elevação da cesta básica em fevereiro frente ao mês anterior. “Dos treze produtos, oito apresentaram redução. Um apresentou estabilidade e quatro apresentaram incremento, sendo que o tomate e o café tiveram altas muito expressivas e a contribuição deles foi mais significativa para o aumento da cesta básica em BH”, observa.

Além do tomate (24,52%) e do café em pó (9,71%), também foram registradas elevações nos preços da manteiga (2,74%) e do pão francês (1,37%).

Saiba quais foram os oito produtos da cesta básica que tiveram redução de preços em BH

  • Batata (-14,79%)
  • Óleo de soja (-4,71%)
  • Feijão carioquinha (-4,59%)
  • Banana (- 4,03%)
  • Arroz agulhinha (-3,87%)
  • Farinha de trigo (-2,29%)
  • Leite integral (-0,84%)
  • Carne bovina de primeira (-0,75%)

O açúcar cristal não apresentou variação de preço em fevereiro.

Até a carne, que é o maior peso do ponto de vista do custo na cesta básica, teve uma queda de 0,75%, mas não conseguiu compensar a alta em Belo Horizonte. Foram mais produtos apresentando redução do que elevação. Mas, ao mesmo tempo, o aumento da cesta aconteceu em várias capitais como Goiânia, Rio de Janeiro e São Paulo. Essas capitais também tiveram o mesmo fenômeno de oito produtos caindo e, no final das contas, a cesta ficando mais cara”, destacou o supervisor.

Em Belo Horizonte, no acumulado dos últimos 12 meses, foram observadas elevações em sete dos treze produtos

  • Café em pó (96,76%)
  • Óleo de soja (28,17%)
  • Carne bovina de primeira (15,88%)
  • Manteiga (10,27%)
  • Leite integral (8,94%)
  • Pão francês (5,09%)
  • Tomate (4,78%)

Já as quedas de preços no acumulado foram registradas nos valores de seis produtos: batata (-46,68%), banana (-33,62%), feijão carioquinha (-32,29%), açúcar cristal (- 4,15%), arroz agulhinha (-2,61%) e farinha de trigo (-2,57%).

De acordo com Duarte, existe uma sazonalidade no preço da cesta básica, que tende a aumentar no final do ano, principalmente daqueles itens muito importantes como é o caso das carnes.

“No início do ano existe um período de fortes chuvas que afeta, muitas vezes, a produção de tomate e batata, que são muito voláteis. Na medida que o clima vai normalizando, há uma tendência do preço dos itens diminuir em relação ao preço apurado quando tem a variação das chuvas. Com isso, os demais produtos também dão uma cedida”, explica.

Há uma expectativa de estabilidade no valor da cesta básica em Belo Horizonte nos dois próximos meses, caso nada venha a acontecer, projeta o supervisor. “O governo está tomando medidas, como a isenção de imposto de importação, e isso cria uma expectativa de que haja algum efeito dessas medidas, pelo menos do ponto de vista da contenção do ímpeto das altas. Mas a cesta básica é muito imprevisível. Há um ano atrás ninguém conseguiria prever que haveria uma disparada do preço do café igual houve, com cotações de saca de café nessa magnitude”, aponta.

Belo-horizontino precisou trabalhar mais de 105 horas para adquirir a cesta básica

Ainda em fevereiro de 2025, o trabalhador de Belo Horizonte, remunerado pelo salário mínimo de R$ 1.518,00, precisou trabalhar 105 horas e 13 minutos para adquirir a cesta básica, tempo maior do que em janeiro, quando precisou de 103 horas e 59 minutos. Em fevereiro de 2024, quando o salário mínimo era de R$ 1.412,00, foram necessárias 113 horas e 20 minutos.

Considerando o salário mínimo líquido, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, o mesmo trabalhador precisou comprometer, em fevereiro de 2025, 51,70% da remuneração para adquirir os produtos da cesta básica, que é suficiente para alimentar um adulto durante um mês. Em janeiro, o percentual gasto foi de 51,10%. Já em fevereiro de 2024, o trabalhador comprometia 55,70% da renda líquida.

Essa alta do preço dos alimentos afeta demais a população de baixa renda. Então, quando você pega o custo da cesta básica em Belo Horizonte de R$ 726,01, um trabalhador que ganha salário mínimo de R$ 1.518, ele tem disponível uma renda de R$ 1.404,15. Então, para ele fazer frente a essa cesta básica na Capital, ele gasta mais de 50% do rendimento líquido”, destacou o supervisor.

Custo da cesta básica no País

Já quando se fala em Brasil, São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 860,53), seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 814,90), Florianópolis (R$ 807,71) e Campo Grande (R$ 773,95). Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 580,45), Recife (R$ 625,33) e Salvador (R$ 628,80).

Nos dois primeiros meses do ano, o custo da cesta básica aumentou em 14 cidades, com destaque para as variações no Nordeste e no Norte: Salvador (7,69%), Recife (6,29%), Fortaleza (5,48%) e Belém (5,14%). As quedas aconteceram em Porto Alegre (-1,78%), Vitória (-0,26%) e Florianópolis (-0,22%).

Com base na cesta mais cara, que, em fevereiro, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima que em fevereiro de 2025, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 7.229,32 ou 4,76 vezes o mínimo reajustado em R$ 1.518,00.

Em janeiro, o valor necessário era de R$ 7.156,15 e correspondeu a 4,71 vezes o piso mínimo. Em fevereiro de 2024, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.996,36 ou 4,95 vezes o valor vigente na época, que era R$ 1.412,00.

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