Economia

Custo da cesta básica em Belo Horizonte sobe 2,49% em março

Valor médio da cesta básica na capital mineira foi de R$ 744,10 em março deste ano
Custo da cesta básica em Belo Horizonte sobe 2,49% em março
Foto: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

O custo da cesta básica em Belo Horizonte foi de R$ 744,10 em março deste ano. De acordo com dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), esse valor representa um aumento de 2,49% frente ao registrado no mês anterior.

Dentre os 13 produtos que compõem a cesta básica da capital mineira, seis tiveram alta nos preços médios entre o segundo e o terceiro mês do ano, com destaque para o tomate (23,69%) e o café em pó (10,65%). Em seguida, aparecem: leite integral (1,86%), manteiga (1,83%), pão francês (1,13%) e feijão carioquinha (0,79%).

Por outro lado, a batata foi o produto com a redução mais acentuada, com uma variação negativa de 9,43% no período. Outros destaques que contribuíram para segurar o aumento do custo da cesta básica em Belo Horizonte foram: banana (-3,01%), arroz agulhinha (-2,01%), farinha de trigo (-1,61%), carne bovina de primeira (-0,92%), açúcar cristal (-0,81%) e óleo de soja (-0,27%).

Conforme o estudo feito pelo Dieese, Belo Horizonte também apresentou avanço de 4,43% na comparação com março de 2024. Além disso, a capital mineira acumulou alta de 7,1% em 2025.

No acumulado dos últimos 12 meses, foram registradas elevações em sete dos 13 produtos da cesta básica. Dentre eles, o café em pó foi o único a registrar variação positiva acima de 100% no período, com alta de 115,13%. Em seguida aparecem: óleo de soja (33,46%), carne bovina de primeira (17,12%), tomate (13,70%), manteiga (12,69%), leite integral (11,18%) e pão francês (6,52%).

Já as quedas de preços mais relevantes foram da batata (-39,24%), da banana (-31,69%) e do feijão carioquinha (-26,51%). Outros produtos que também tiveram redução no valor médio foram farinha de trigo (-3,86%), açúcar cristal (-3,17%) e o arroz agulhinha (-2,67%).

O supervisor técnico do Dieese, Fernando Duarte, destaca que a alta observada no preço do tomate, na comparação mensal, agregou R$ 19,17 a mais no custo médio da cesta de alimentos. Ele também aponta para a diferença de desempenho apresentada pela carne, com alta de 17,12% nos últimos 12 meses e queda de 4,2% no acumulado do ano.

“Isso demonstra que a carne já esteve em um preço mais alto, no passado, mas, nos últimos meses, ela tem apresentado uma redução do preço. Mas isso não quer dizer que o produto está barato, mas também não continua na tendência de alta que nós observamos no café”, explica.

Para o especialista, o avanço registrado no valor médio do café em março frente a fevereiro pode sinalizar que o produto ainda tem espaço para seguir com o aumento de preço. “Principalmente tendo em vista a questão internacional do café, com a saca sendo cotada é um dos maiores valores nos últimos 25 anos. Essa é uma alta histórica que nós não vimos dessa magnitude nesse século”, completa.

Cesta básica e salário mínimo

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Foto: Reprodução Adobe Stock

O Dieese também aponta que um trabalhador de Belo Horizonte que recebe um salário mínimo (R$ 1.518,00) precisou trabalhar 107 horas e 50 minutos para adquirir a cesta básica em março deste ano. Esse tempo é duas horas e 37 minutos maior do que o tempo necessário no mês anterior (105 horas e 13 minutos).

No entanto, a pesquisa demonstra que essas horas eram ainda maiores em março do ano passado, quando o salário mínimo era de R$ 1.412,00. Nessa época, eram necessárias 111 horas e um minuto de trabalho para quem é remunerado com um salário mínimo.

O estudo ainda destaca que esse mesmo trabalhador precisou comprometer 52,99% da remuneração para adquirir os produtos da cesta básica em março deste ano, o suficiente para alimentar um adulto durante um mês. Esse cálculo considera o salário mínimo líquido, após o desconto de 7,5% da Previdência Social.

Essa porcentagem é 1,29 ponto percentual (p.p.) acima do total gasto em fevereiro (51,7%). Já em março do ano passado, o trabalhador de Belo Horizonte comprometia 54,55% da renda líquida para adquirir a cesta básica.

Duarte explica que sempre que há uma elevação no custo da cesta básica, há também um aumento no gasto do trabalhador que queira adquirir uma cesta completa com o salário mínimo. Ele também lembra que o Brasil teve um reajuste de 7,5% no valor do salário mínimo e que em períodos em que não houve essa correção o preço da cesta básica ficava abaixo de duas vezes o valor do salário mínimo bruto.

“Nós temos que levar em conta essa política de valorização do salário mínimo. O que nós apontamos é que o salário mínimo ainda é baixo para cumprir todas as suas funções previstas na constituição, que não é só gastos com alimentação, mas também com saúde, higiene, lazer, transporte, moradia, dentre outros”, diz.

Expectativas para os próximos meses

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Foto: Charles Silva Duarte/Arquivo Diário do Comércio

O especialista pontua que é muito complicado fazer estimativas a respeito de como serão os resultados nos próximos meses. Isso porque, assim como existem alguns produtos que possibilitam vislumbrar uma queda futura, como o tomate, também há itens que devem seguir aumentando e impactando no resultado final, como é o caso da batata.

“Nós não temos clareza para os próximos meses, se vai continuar nesse movimento de alta, se vai estabilizar ou se haverá queda. Nós sabemos que tem medidas sendo tomadas, no ponto de vista de desoneração da cesta e incentivo à importação de alguns produtos, que devem surtir efeito em um determinado momento. Mas não dá para precisar em qual momento será essa estabilização de preço”, ressalta.

Ele também afirma que o mercado está com boas perspectivas, principalmente, em relação à safra agrícola, que deverá ser recorde e poderá impactar o varejo futuramente. Dutra aponta que o preço do tomate está muito elevado no momento e deverá cair assim que a oferta normalizar.

Outro fator determinante para os resultados nos próximos meses, segundo o supervisor, é a questão envolvendo a cotação do dólar, que tem relação direta com muitos produtos presentes na cesta básica. “Nesse momento, nós não sabemos ao certo, dentro desse cenário de incertezas internacionais, qual será o ponto de equilíbrio da cotação do dólar nos próximos meses”, pondera.

Cenário nacional

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Foto: Geraldo Bubniak/AEN

De acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, o valor do conjunto dos alimentos básicos aumentou em 14 das 17 capitais analisadas pelo estudo frente a fevereiro. Para o supervisor técnico do Dieese, Belo Horizonte tem seguido as tendências de alta apresentadas pelas demais capitais brasileiras em diferentes cenários.

“Não há nada de diferente acontecendo em Belo Horizonte, em relação ao cenário nacional. Nós estamos em um momento de elevação do custo dos alimentos e os consumidores belo-horizontinos têm sentido essa alta”, aponta.

As elevações mais relevantes foram registradas pelas capitais da região Sul do País: Curitiba (3,61%), Florianópolis (3,00%) e Porto Alegre (2,85%). As reduções foram observadas no Nordeste: Aracaju (-1,89%), Natal (-1,87%) e João Pessoa (-1,19%).

Já as capitais onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou os maiores custos foram: São Paulo (R$ 880,72), Rio de Janeiro (R$ 835,50) e Florianópolis (R$ 831,92). Nas regiões Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 569,48), João Pessoa (R$ 626,89), Recife (R$ 627,14) e Salvador (R$ 633,58).

A comparação dos valores da cesta básica, entre março deste ano e o mesmo mês de 2024, mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações entre 1,83%, em Porto Alegre, e 9,69%, em Fortaleza. Nos três primeiros meses do ano, o custo da cesta básica também aumentou em todas as cidades pesquisadas, com taxas entre 1,01%, em Porto Alegre, e 8,51%, em Salvador.

O Dieese estima que o valor do salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 7.398,94 ou 4,87 vezes o mínimo reajustado em R$ 1.518,00.

Essa estimativa é baseada na cesta mais cara do mês e na determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.

Em fevereiro, o valor necessário era de R$ 7.229,32 e correspondeu a 4,76 vezes o piso mínimo. Já em março de 2024, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.832,20 ou 4,84 vezes o valor vigente na época, que era de R$ 1.412,00.

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