Custo da cesta básica volta a cair em Belo Horizonte no mês de agosto

O custo da cesta básica em Belo Horizonte continuou em queda no mês de agosto e chegou a R$ 725,90, uma redução de 0,38% em relação ao mês anterior, segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Apesar da queda mensal, na comparação com o mesmo período do ano anterior, o custo subiu 8,73%. No ano, a alta acumulada é de 2,27%.
Conforme o levantamento, na capital mineira, nos últimos 12 meses, sete produtos apresentaram alta no preço médio do conjunto de alimentos e produtos que satisfazem as necessidades básicas de um adulto. O café em pó teve a maior elevação, de 49,57%, seguido do tomate, com 48,83% e da carne bovina de primeira, com 21,23%.
Outras altas foram registradas nos preços do óleo de soja (17,34%), pão francês (8,97%), farinha de trigo (2,23%) e manteiga (1,76%).
Seis produtos que compõem a cesta básica em Belo Horizonte registraram queda nos preços:
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- batata (-46,14%)
- arroz agulhinha (-20,95%)
- banana (-7,73%)
- açúcar cristal (-6,16%)
- feijão carioca (-3,07%)
- leite integral (-0,99%)
Custo da cesta em Belo Horizonte no mês
Movimento parecido ocorreu na variação mensal, quando sete produtos apresentaram alta nos preços no oitavo mês do ano. Com aumento de 22,35%, o custo da banana puxou o índice, seguido da batata (2,62%), da farinha de trigo (1,32%), do leite integral (0,83%), da carne bovina (0,51%), do pão francês (0,49%) e do óleo de soja (0,27%).
Já a queda de 18,06% no preço do tomate liderou a redução nos custos de seis produtos entre julho e agosto. As reduções mensais também ocorreram nos preços do café em pó (-4,75%), do feijão carioca (-4,67%), da manteiga (-3,56%), do açúcar cristal (-2,62%) e do arroz agulhinha (-1,97%).
Cesta básica ainda é cara na Capital
O valor cobrado pela cesta básica é elevado para o trabalhador de Belo Horizonte que ganha um salário mínimo, em especial, considerando o valor líquido, aponta o Dieese.
Em agosto de 2025, o trabalhador belo-horizontino com a remuneração de R$ 1.518 precisou trabalhar 105 horas e 12 minutos para adquirir a cesta. Em julho, necessitou de 105 horas e 37 minutos. Em agosto de 2024, quando o salário mínimo era de R$ 1.412, precisou de 104 horas e 1 minuto.
Ao considerar o salário mínimo líquido, após o desconto da Previdência Social, o mesmo trabalhador precisou comprometer, em agosto de 2025, 51,70% da renda para adquirir os produtos da cesta básica – que é suficiente para alimentar um adulto durante um mês. Em julho, o percentual gasto foi de 51,90%. Já em agosto de 2024, o trabalhador comprometia 51,12% da renda líquida.
Em agosto, o valor da cesta básica caiu em 24 das 27 capitais brasileiras. As quedas mais expressivas foram verificadas em Maceió (-4,10%), Recife (-4,02%) e João Pessoa (-4%). A variação mensal de Belo Horizonte foi justamente a menor queda entre as capitais em que o custo diminuiu. A cesta básica belo-horizontina é a nona mais cara entre as capitais do País.
Tarifaço e reajuste do salário mínimo devem diminuir custo da cesta básica
O economista e supervisor técnico do Dieese Minas Gerais, Fernando Duarte, ressalta que os preços dos alimentos foram muito pressionados no início do ano e que ainda é difícil dizer que a tendência é de continuidade da queda, já que a inflação dos produtos alimentares depende de fatores climáticos e externos, como a cotação do dólar.
Ainda assim, nos últimos meses é possível observar uma estabilização no custo de alguns produtos e deflação em outros, especialmente no café e na carne, itens que pressionam o índice da cesta básica de Belo Horizonte. “Quando esse preço vem caindo é quase um ajuste que o mercado faz de um preço que estava historicamente fora da curva”, disse.
Além disso, não há perspectiva de alta geral nos preços nos próximos meses, principalmente com o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “O tarifaço vai impactar a oferta de alguns produtos do mercado interno. Até o produtor encontrar um outro mercado, o grande mercado que ele tem para fazer a entrega desses produtos é o interno. Então tem algumas perspectivas que mantém a tendência”, analisa.
A deflação da cesta básica de Belo Horizonte só não foi ainda maior devido a particularidades como no caso da banana, por exemplo, que não compõe as cestas básicas de outras capitais.
No cenário com um horizonte mais distante, segundo Duarte, o trabalhador belo-horizontino deverá comprometer uma proporção menor do seu salário com a aquisição da cesta básica, já que, além dos preços dos alimentos passarem por esse “ajuste do mercado”, está previsto um reajuste de 7,44% no salário mínimo do próximo ano. “O que a gente espera é que haja no médio prazo uma redução desse comprometimento da renda”, destaca o economista.
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