Custo da cesta básica cai 0,21% em Belo Horizonte e atinge R$ 754,07 em junho

O custo da cesta básica em Belo Horizonte baixou 0,21% em junho frente ao mês anterior, atingindo o valor de R$ 754,07, o mais baixo desde dezembro do ano passado (R$ 748,05). De acordo com o estudo feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), esse foi o terceiro mês consecutivo de queda no valor da cesta.
A pesquisa da instituição ligada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ainda demonstra que, apesar dessa retração, a cesta básica em junho estava R$ 20,45 mais cara do que o valor registrado no mesmo mês de 2024 (R$ 733,62). O custo na capital mineira registrou variação positiva de 0,8% no primeiro semestre de 2025 e alta de 2,79% em 12 meses.
Dentre os 13 itens que compõem a cesta básica, seis apresentaram queda no preço médio, na comparação com maio deste ano. Os produtos com as maiores reduções, de acordo com o levantamento, foram: batata inglesa (-7,85%), arroz (-5,22%) e leite (-3,05%). No entanto, ao se considerar a importância relativa de cada item da cesta, os que mais contribuíram para a redução do custo foram: batata inglesa (-0,37 p.p.), leite (-0,21 p.p.) e banana caturra (-0,2 p.p.).
Já as maiores variações positivas de preços no comparativo entre os meses de maio e junho em Belo Horizonte foram: feijão carioquinha (5,79%), manteiga (1,65%) e farinha de trigo (0,94%).
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Nos seis primeiros meses do ano, a banana caturra (-36,44%), o arroz (-13,59%) e o óleo de soja (-11,93%) apresentaram as maiores reduções, segundo o estudo. Por outro lado, o tomate e o café moído foram os principais destaques entre os produtos que tiveram aumento de preço, com alta de 50,08% e 43,51%, respectivamente.
A batata inglesa já acumula uma variação negativa de 47% nos últimos 12 meses, seguida pelo arroz (-19,07%), tomate (-17,43%) e pela banana caturra (-15,69%). Já o café moído lidera a lista com o maior aumento de preço, com crescimento de 84,93% no período, em seguida aparece o chã de dentro (22,41%) e o óleo de soja (20,74%).
O economista do Ipead Paulo Casaca explica que alguns dos produtos que compõem a cesta básica começaram a apresentar um movimento de reversão nos preços, interrompendo uma sequência ou uma tendência de alta. Um dos exemplos é o café moído, que figura entre os itens com maior variação de preço na primeira metade do ano, mas registrou queda de 0,89% em junho frente ao mês anterior.
O especialista relata que esse cenário de estabilização dos preços pode estar relacionado a fatores de safra e entressafra de alguns produtos. “É um movimento de ajuste de mercado, que, em muitos casos, acontece quando estamos em um momento de safra ou de entressafra. Quando um produto está na época de colheita, a oferta aumenta e o preço cai”, completa.
Outros produtos estão passando por um período de entressafra, que diminui a oferta disponível no mercado e, consequentemente, aumenta o preço médio praticado. “Muitas vezes a oferta diminui porque a maioria dos agricultores não possui um espaço para estoque ou o produto é perecível e não pode ser estocado, por isso o preço sobe”, diz.
Como os preços de grande parte dos alimentos presentes na cesta são voláteis, Casaca ressalta que é difícil prever uma tendência para os próximos meses, mesmo que os dados recentes sejam de queda no custo. “Porque do mesmo jeito que os preços caem, eles podem subir devido a várias questões que são difíceis de prever”, esclarece.
O economista destaca que o cálculo macroeconômico realizado em outros lugares do mundo, como os Estados Unidos e a Europa, considera apenas o núcleo da inflação consumidor, sem incluir o preço da energia e dos alimentos. Isso porque, esses itens apresentam valores que são mais difíceis de serem controlados nesses mercados.
“O preço dos alimentos é muito difícil de ser controlado, porque não envolve muita política econômica do governo, o preço dos alimentos não sobe ou cai por decisão do governo. É sempre uma situação causada por outros fatores como clima e exportação”, afirma.
Relação entre cesta básica e salário mínimo em Belo Horizonte

A pesquisa realizada pelo Ipead ainda aponta que o gasto médio mensal de um trabalhador adulto em Belo Horizonte para adquirir os itens da cesta básica fechou o último mês equivalente a 49,68% do valor total do salário mínimo (R$ 1.518). O economista do Ipead pontua que, apesar de apresentar uma taxa elevada, esse resultado está abaixo do observado nos dois últimos anos.
De acordo com dados, em junho de 2023 o custo da cesta básica na capital mineira era o equivalente a 51,73% do salário mínimo na época, já no mesmo mês do ano passado essa porcentagem subiu para 51,96%. Portanto, Casaca relata que o cenário é de uma melhora ainda tímida no comparativo.
“Obviamente o consumidor não consegue captar esse movimento se ele receber exatamente um salário mínimo ao longo dos últimos três anos, pois a variação é muito baixa. Mas, é positivo observar que, apesar de pequena, é uma variação para baixo, o que é muito bom”, avalia.
Ele também aponta que estamos no pico do rendimento real do salário médio, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o especialista, a queda da participação do custo da cesta básica frente ao rendimento médio é mais clara que no comparativo com o salário mínimo.
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Casaca ressalta que a cesta básica é uma amostragem do consumo das famílias e, portanto, pode haver variações na forma como cada família consome. No entanto, ele explica que os produtos da cesta tendem a consumir grande parte do orçamento das famílias com renda mais baixa.
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