Economia

Custo de vida: IPCA aumenta 4,99% em 2020 na RMBH

Custo de vida: IPCA aumenta 4,99% em 2020 na RMBH
Crédito: CHARLES SILVA DUARTE / arquivo DC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou aumento de 1,53% na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), em dezembro. A variação foi a quinta maior no resultado mensal entre as 16 áreas pesquisadas no Brasil. Com o aumento, a inflação na RMBH, em 2020, subiu 4,99%, o sétimo maior resultado entre as áreas de abrangência da pesquisa. As altas tiveram como principal impulso o aumento no grupo de alimentação e bebidas, que devido à maior demanda, teve os preços alavancados. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 De acordo com o coordenador da pesquisa Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE Minas, Venâncio Otávio Araújo da Mata, o resultado mensal elevou para 4,99% o IPCA acumulado em 2020. Ele explica que o ano foi marcado, principalmente, pelo aumento do grupo de alimentos e bebidas.

 Os dados do IBGE mostram que, na RMBH, o grupo alimentação e bebidas registrou elevação de 16,32%, seguido pelo grupo artigos de residência, 9,53%, habitação, que subiu 4,1%, comunicação, 5,05%, saúde e cuidados pessoais 2%, vestuário, 0,42%, e transportes, 0,82%.

 “No acumulado de 2020, o aumento do grupo de alimentação e bebidas foi o principal motivo para a elevação do IPCA em 4,99%. Somente esse grupo apresentou alta de 16,32%. A demanda interna maior – em função do pagamento do auxílio emergencial e das pessoas mais tempo em casa – e as exportações em crescimento, estimuladas pelo dólar, são fatores que limitaram a oferta interna e provocaram alta nos preços”, explicou Mata.

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 No grupo de alimentação e bebidas os produtos que tiveram maior peso na composição do índice foram o óleo de soja, com aumento de 106,75% no ano, seguido pela batata-inglesa, que acumulou alta de 91,1%, arroz (79,93%), tomate (73,21%), carnes (22,06%), café moído (20,53%) e açúcar cristal, (19,53%), feijão carioca (19,01%) e leite longa vida com alta de 18,19%.

 Já no grupo de artigos de residência, que apresentou elevação de 9,53% no ano, a alta foi impulsionada por aparelhos eletrônicos (12,24%) e TVs, sons e informática (19,12%).

Outros produtos que apresentaram altas significativas foram as joias (33,32%), revestimento de piso e parede (25,83%), acesso à internet (12,18%), gás de botijão, 8,18% e energia elétrica residencial com variação positiva de 4,49%.

Segundo o coordenador da pesquisa, apesar das altas, alguns itens do grupo de transporte, que aumentou 0,82% em 2020, apresentaram queda em 2020. Foi o caso do transporte público com queda de 4,87%, influência que veio das passagens áreas que recuaram 20,55%, ônibus interestaduais, 18,35% de retração e transporte por aplicativo, com diminuição de 11,29%.

Os combustíveis recuaram 1,22% em 2020, com destaque para a gasolina que encerrou o ano com queda de 1,43%.  “As quedas são resultado da pandemia, que reduziu o índice de viagens e de deslocamento”, ressaltou Mata.

Dezembro – Em dezembro, o IPCA aumentou 1,53% na RMBH. De acordo com os dados do IBGE, no período, oito grupos apresentaram variações positivas. No grupo de habitação a alta foi de 3,27%, seguido pelo de alimentação e bebidas (2,23%), artigos de residência (1,82%), vestuário (1,71%), transportes (1,57%), comunicação (0,79%), despesas pessoais (0,69%) e saúde e cuidados Pessoais (0,26%).

No grupo habitação, em dezembro, o crescimento foi influenciado principalmente pelo aumento da energia elétrica residencial (8,29%), provocando o maior impacto individual no índice (0,37 pontos percentuais). Destaque também para o gás de botijão, que aumentou 2,61%, com impacto de 0,03 p.p.

Em alimentação e bebidas, grupo que em dezembro aumentou 2,23%, a principal influência veio das frutas (14,27%), batata-inglesa (12,47%), arroz (4,80%), leite longa vida (3,29%) e carnes (1,66%). Destacou-se ainda o aumento do feijão carioca (6,84%) e do café moído (5,73%). O aumento em alimentação fora do domicílio (0,55%) se deve principalmente à refeição (1,05%). No grupo de transportes (1,57%), os aumentos de 29,89% nas passagens aéreas, de 1,62% no automóvel usado e de 1,23% na gasolina impactaram o índice.

Em vestuário (1,71%), as roupas aumentaram 1,99%. Já no grupo artigos de residência (1,82%), o destaque é para o item mobiliário (3,09%).

Gás de cozinha sobe 9,24% em 1 ano

Brasília – Depois da inflação dos alimentos, no segundo semestre, o brasileiro enfrentou uma nova pressão sobre os preços no fim de 2020. O gás de cozinha encerrou o ano passado com alta de 9,24%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso representa mais que o dobro da inflação de 4,52% registrada no ano passado.

Usado principalmente pelas famílias mais pobres, que vivem em domicílios com menos estrutura, o gás de cozinha terminou em alta na comparação com outros tipos de derivados de petróleo. O gás encanado, usado pelas famílias de maior renda, terminou 2020 com recuo de 1,29%. O gás veicular fechou o ano passado com alta de 1,66%.

Atualmente, o preço do botijão de 13 quilogramas (kg) custa entre R$ 59,99 e R$ 105, com preço médio de R$ 75,04, segundo o levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). No início da pandemia da Covid-19, o preço médio estava em R$ 69.

Em vigor desde 2019, a política atual de preços do gás de cozinha prevê reajustes sem periodicidade definida. O preço está atrelado a dois componentes: dólar e cotação internacional do petróleo. Em 2017, o botijão inicialmente foi reajustado mensalmente, mas passou a ter o preço revisado a cada três meses, numa política que vigorou até o fim de 2018.

Embora seja controlado nas refinarias, o preço do gás de cozinha é liberado no varejo. Somente nos últimos 40 dias, a Petrobras promoveu dois aumentos no gás liquefeito de petróleo (GLP): de 5% no início de dezembro e 6% no último dia 6.

Demanda menor – A alta no preço do botijão de gás reflete-se no consumo das famílias. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, que tem divulgado relatórios semanais com o consumo de energia e de combustíveis desde o início da pandemia, o consumo do botijão de 13 kg caiu 20% na última semana de dezembro em relação ao mesmo período do ano anterior. A demanda pelo botijão de mais de 13 kg, usado por indústrias, academias, comércio e condomínios, caiu ainda mais: 32,5%.

Professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mauro Rochlin afirma que a redução de demanda pelo GLP é insuficiente para fazer os preços retornarem ao normal. Apesar dos esforços, ele diz que o consumidor tem poder limitado para controlar o preço do gás, diferentemente do que ocorre com alguns alimentos.

“O preço do gás de cozinha é determinado por variantes externas, como o dólar e a cotação do petróleo. O petróleo recuperou-se no fim do ano passado depois de experimentar uma queda considerável de preço no início da pandemia. O dólar está atrelado a fatores internacionais e a expectativas sobre a economia brasileira”, explica o especialista.

Outro fator que dificulta o controle dos preços do gás, explica o professor, é a dificuldade em trocar o GLP por outros produtos. Para escaparem do gás mais caro, as famílias de baixa renda estão recorrendo ao carvão vegetal ou à lenha. As famílias de classe média podem substituir o gás por fogões elétricos e, caso usem o botijão para aquecer a água, podem recorrer à energia solar, mas esses investimentos são caros e exigem tempo.

“O gás de cozinha é um produto com baixa elasticidade de demanda. Trata-se de um bem essencial, que não pode ser substituído facilmente”, diz o professor.

Como sugestão para conter a alta do gás, o presidente Jair Bolsonaro, defendeu há dois dias a realização de estudos para ampliar o número de engarrafadoras, empresas especializadas em encher botijões vazios.

Para o Ministério da Economia, duas medidas para liberalizar o mercado de gás natural podem se refletir em preços mais baixos para o consumidor doméstico. Isso porque o GLP contém cerca de 20% de gás natural. A primeira é a votação do novo marco regulatório do gás, aprovado pelo Senado no fim do ano passado e que voltou para a Câmara. A segunda é a privatização de até oito refinarias da Petrobras, o que, segundo a equipe econômica, estimulará a competição e deverá gerar preços menores. (ABr)

Inflação oficial fica dentro da meta 

São Paulo – A inflação oficial do Brasil encerrou 2020 dentro do limite da meta do governo, mas acima do centro do objetivo e com a maior taxa em quatro anos, sob forte pressão dos alimentos ao longo do ano passado. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terminou o ano com alta acumulada de 4,52%, contra 4,31% em 2019, de acordo com os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado mostra que a inflação ficou acima do centro da meta do governo, de 4%, mas dentro do intervalo de tolerência, já que a margem era de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Essa foi a maior taxa acumulada no ano desde 2016, quando o IPCA subiu 6,29%. Ainda assim, marcou o terceiro ano seguido dentro da banda, após em 2017 terminar ligeiramente abaixo do piso.

Para 2021, a meta de inflação estabelecida pelo governo é de 3,75%, também com margem de 1,5 ponto, e o ano começa com cautela em relação aos preços devido principalmente à desvalorização do real – somente neste início de 2021 a moeda brasileira já perde 5% ante o dólar.

Em dezembro, o IPCA registrou alta de 1,35%, terminando o ano com aceleração sobre o avanço de 0,89% de novembro. Esse é o resultado mensal mais elevado desde fevereiro de 2003 (1,57%) e o maior para um mês de dezembro desde 2002 (2,10%). Os resultados ficaram acima das expectativas em pesquisa da Reuters com analistas de alta de 1,21% em dezembro, acumulando em 12 meses avanço de 4,38%.

Energia – Em dezembro todos os grupos pesquisados tiveram alta, com destaque para o salto de 2,88% de Habitação, contra 0,44% em novembro. Isso porque os preços da energia elétrica subiram 9,34% no mês com a bandeira tarifária vermelha patamar 2.

Alimentação e bebidas registrou a segunda maior influência no último mês do ano, embora tenha desacelerando a alta a 1,74% em dezembro, de 2,54% no mês anterior.

Mas no ano foi exatamente o grupo de alimentação e bebidas que provocou o maior impacto no índice ao disparar 14,09%, encerrando 2020 com a maior variação acumulada no ano desde 2002 (19,47%).

Na sequência vieram habitação, com alta de 5,25%, e Artigos de residência, com avanço de 6,00%. De acordo com o IBGE, os três grupos responderam em conjunto por quase 84% do IPCA de 2020.

O único grupo a apresentar deflação em 2020 foi vestuário, de 1,13%. “Por conta do isolamento social, as pessoas ficaram mais em casa, o que pode ter diminuído a demanda por roupas”, disse o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

A inflação de serviços, setor mais afetado pelas medidas de isolamento contra o coronavírus, alcançou em dezembro taxa de 0,83%, com os preços acumulando no ano alta de 1,73%, forte desaceleração sobre os 3,50% em 2019.

O ano de 2020 começou com o cenário de preços fracos, intensificado pelas paralisações e isolamento para contenção do novo coronavírus. Entretanto, em meados do ano os preços passaram a apresentar repique, com os alimentos entrando em destaque no final do ano em meio a exportações, fortalecimento do dólar, auxílio emergencial e também a flexibilização das medidas de isolamento.

“O câmbio mais pressionado nos últimos dias também pode pressionar um pouco o IPCA dos primeiros meses de 2021”, destacou a XP em relatório Macro Watch.

As maiores variações mensais entre os alimentos foram registradas em dois períodos distintos –nos meses de março (1,13%) e abril (1,79%), logo após o início das medidas de isolamento social devido á pandemia de Cavid-19; e de setembro a dezembro, com variações superiores a 1,70% nos quatro últimos meses do ano.As principais contribuições para a alta no grupo vieram de óleo de soja (103,79%), arroz (76,01%), leite longa vida (26,93%), frutas (25,40%) e carnes (17,97%). (Reuters)

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