Economia

Bares e restaurantes amargam custos 40% maiores em BH

Bares e restaurantes amargam custos 40% maiores em BH
Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

Com a inflação oficial do País chegando ao patamar de 8,99% e pressionada pelos preços dos alimentos, gás de cozinha e energia elétrica, o setor de bares e restaurantes em Belo Horizonte tenta ajustar as contas para conseguir manter o serviço aberto. Para se ter uma ideia do tamanho do “arrocho”, o aumento médio de custo para bares e restaurantes para este ano está em 40%, de acordo com o Sindicato dos Bares, Restaurantes e Hotéis de Belo Horizonte (Sindbares).  

Conforme dados do Sindbares, a elevação do custo foi alavancada por fatores como o fechamento dos estabelecimentos durante os grandes picos da pandemia do Covid-19, o endividamento devido a empréstimos, aumento do aluguel devido ao cálculo do IGP-M, pagamento dos impostos e a pressão da inflação no aumento dos insumos.

“Quando pensamos em recuperar o tempo fechados, vem a inflação elevando os preços dos alimentos mais usados no nosso comércio, o aumento do gás de cozinha, da energia elétrica e, se não bastasse, tivemos que incorporar o gasto particular com o transporte dos nossos funcionários, porque o transporte público noturno não existe mais em Belo Horizonte”, explica o presidente do Sindbares, Paulo Cesar Pedrosa.

Paulo Pedrosa afirma que mesmo com a elevação dos custos, o setor segue reajustando as contas para continuar de portas abertas. Algumas mudanças estão sendo adotadas por alguns empresários para ajustar as contas: mudança de fornecedores, evitar o desperdício de alimentos e ajustar o cardápio da casa.

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“A orientação é que os empresários mantenham as contas em dia, pelo menos as que são de maior valor e que evitem gastos desnecessários. Busquem fornecedores com menores preços, mas o primordial é jamais esquecer da qualidade. Evitar repassar os custos para os clientes e se passar, que seja aos poucos. Mas a qualidade, não pode diminuir nunca. Não diminua as porções, o cliente percebe e o pior é perder esse cliente para a concorrência”, avalia.

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel/MG), Matheus Daniel, afirma que outra preocupação é com o limite do horário de trabalho e com o fim da Lei 1043, que autoriza a suspensão dos contratos de trabalho. “Esse benefício termina no fim desse mês. Estamos pedindo ao governo federal uma ampliação desse programa porque ainda não sabemos como vamos garantir o salário desses funcionários.

A outra questão é o limite do horário de funcionamento de bares e restaurantes, o que acaba impactando no nosso faturamento, com isso, muitas vezes, não conseguimos a receita necessária para quitar as parcelas de empréstimos, impostos, aluguéis, além dos salários dos funcionários que estão trabalhando. E agora, os empresários estão pagando aplicativo de transporte porque o transporte público não está funcionando no período noturno”, explica.

Alternativas 

Matheus Daniel detalha que muitos empresários estão criando alternativas. A participação em festivais gastronômicos como o Comida di Buteco, acaba sendo uma “vitrine” para a clientela, apesar de não serem todos os estabelecimentos que participam do evento. “Já outros empresários fazem promoções para chamar clientes, modificam o cardápio, até mesmo para reduzir o desperdício e outros, infelizmente estão repassando o aumento dos alimentos e bebidas, mesmo sendo em doses homeopáticas”, esclarece o presidente da Abrasel/MG.

Apesar da crise financeira devido à pandemia de Covid-19 e a pressão da inflação, a expectativa do setor é a de que bares e restaurantes fechem o ano de 2021 com o faturamento equilibrado. Para o presidente da Abrasel/MG, Matheus Daniel, o faturamento deverá se assemelhar a uma média entre 40% e 50%.

“O setor de bares e restaurantes precisará entre dois a cinco anos para conseguir pagar suas dívidas entre empréstimos e impostos parcelados ou atrasados. E mais de 20 anos para refazer o patrimônio que foi desfeito porque muitos empresários tiveram que abrir mão para continuar com o comércio e os funcionários”, avalia.

A Abrasel/MG enviou, na última segunda-feira (16), um ofício ao prefeito Alexandre Kalil, solicitando a ampliação no horário de funcionamento dos bares e restaurantes da Capital, além do pedido do transporte público noturno.

Resposta

O DIÁRIO DO COMÉRCIO procurou a Prefeitura de Belo Horizonte a respeito da demanda do setor de bares e restaurantes, em nota o município informou que “A Prefeitura, juntamente com o Comitê de Enfrentamento à Covi-19, analisará a demanda”.

Em relação ao transporte público, a BHTrans disse que notificou as concessionárias para que façam um acréscimo de viagens no horário noturno.

“O quadro de horários completo das linhas pode ser acessado na página da BHTtrans no portal da Prefeitura e pelo aplicativo SiuMobile. A BHTrans notifica as empresas sempre que constatar irregularidades na operação do transporte coletivo. Por isso é importante que os usuários registrem as solicitações e reclamações referentes ao transporte coletivo municipal no portal de serviços da Prefeitura de Belo Horizonte, no PBH APP ou pelo twitter @OficialBHTrans”.

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