61% dos brasileiros veem economia brasileira no caminho errado, diz Datafolha

Brasília – Para 61% dos brasileiros ouvidos pelo Datafolha, a economia brasileira está no caminho errado. Do total, apenas 32% dos entrevistados veem a trajetória como correta e 6% não sabem responder.
Os que discordam do rumo atual são maioria em 70 de 80 possíveis recortes sobre o perfil dos entrevistados. Os insatisfeitos alcançam percentuais ainda mais altos entre pessoas mais jovens e que concluíram o ensino superior.
No recorte etário, 71% dos entrevistados entre 16 e 24 anos consideram a trajetória do país equivocada. O percentual diminui entre idades mais avançadas, ficando em 55% entre os que têm 60 anos ou mais.
Entre os que têm diploma de curso superior, 68% veem o país na direção errada. O número cai para 66% entre os que concluíram apenas o ensino médio e para 50% entre os que têm só o ensino fundamental.
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No recorte por renda, 67% dos que ganham mais de cinco salários mínimos contestam o caminho do país. O grupo intermediário, dos que ganham entre dois e cinco pisos, tem o maior percentual de insatisfeitos: 69%. Entre os que têm renda familiar mensal de até dois mínimos, o número cai para 55%.
O levantamento foi feito nos dias 12 e 13 de dezembro de 2024 -cerca de duas semanas após o governo apresentar um pacote de ajuste fiscal, considerado por economistas como insuficiente para equilibrar as contas, e o dólar alcançar patamares recordes. As entrevistas foram feitas logo após a decisão do Banco Central (no dia 11) de elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano.
Foram realizadas 2.002 entrevistas em todo o Brasil, distribuídas em 113 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.
No recorte por tipos de ocupação do entrevistado, os mais críticos são os empresários (76%). Entre empregados com carteira assinada, 69% consideram o caminho errado. Entre os desempregados que procuram emprego, 52%.
Quando analisados recortes mais específicos, que incluem religião e preferências político-eleitorais, os dados mostram especial insatisfação entre os que têm o PL como partido de preferência. Nesse caso, 88% criticam o rumo do país. Entre quem votou em Jair Bolsonaro (PL) em 2022, o percentual é de 84%. Entre evangélicos, 71%.
Os que veem a economia no caminho errado predominam mesmo no grupo que recebe Bolsa Família. Nesse caso, 53% discordam do rumo. Entre os entrevistados que não estão no programa, o percentual de insatisfeitos sobe para 64%.
Os números são observados mesmo em meio a índices historicamente baixos de desemprego, mas enquanto se nota um salto no pessimismo com o nível dos preços. O percentual dos entrevistados que veem a inflação piorando daqui para frente saiu de 51% um ano atrás para 67% agora.
Os que acham que o poder de compra dos salários vai diminuir somavam 30% do total um ano atrás e agora são 39% (contra 31% apostando que vai ficar como está e 27% achando que vai aumentar).
Outra pergunta mostra queda do entusiasmo da população no futuro próximo. Ao serem questionados sobre como estará a situação do país nos próximos meses, apenas 33% acreditam em uma melhora. É a primeira vez desde junho de 2022 que os mais otimistas deixam de liderar as respostas a essa questão.
A maior parte, 37%, respondeu que a situação ficará como está. Já os que apostam em uma piora estão há um ano em número crescente e agora somam 28%.
Para 45%, a situação econômica do país piorou nos últimos meses -contra 35% um ano atrás. Já a fatia dos que acham que a situação melhorou caiu de 33% para 22% no mesmo intervalo.
Também há mais pessimismo com o desemprego na comparação com um ano atrás, embora o número tenha melhorado desde uma rodada intermediária em março. O percentual dos que acham que o indicador vai aumentar saiu de 39% em dezembro de 2023 para 46% no fim do primeiro trimestre e agora está em 41%.
Otimismo do brasileiro com ano novo é o menor desde 2020, diz Datafolha
O otimismo do brasileiro com o ano novo caiu para o menor patamar desde 2020, de acordo com pesquisa de opinião feita pelo Datafolha sobre a situação da economia do país. Pela primeira vez em cinco levantamentos, menos da metade dos entrevistados (47%) afirma que a população terá uma situação melhor no próximo calendário.
Os números são acompanhados de uma expectativa de que a inflação vai subir ainda mais no ano que vem. Além disso, uma fatia maior mais prevê enfraquecimento do poder de compra dos salários.
O otimismo com o novo ano alcançava 61% dos entrevistados em dezembro passado. Percentual similar (60%) foi registrado no fim de 2022, logo após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As expectativas também eram melhores na época da pandemia. Em dezembro de 2020, ano que havia sido mais afetado pela Covid, 58% dos entrevistados achavam que a situação melhoraria no exercício seguinte. No fim de 2021, após a chegada das vacinas e a reabertura de atividades, o indicador saltou para 73%.
No levantamento mais recente, o grupo mais pessimista cresceu para o maior tamanho em cinco anos. Os que apostam que o próximo exercício será pior para a população representavam 18% do total um ano atrás e agora são 25%.
Os dados mostram que quando a pergunta é direcionada a como estará a situação pessoal do entrevistado (em vez da população em geral), os percentuais são mais otimistas.
Do total, 60% creem que terão um 2025 melhor, 21% acham que vai ficar como está e 16% esperam uma piora. Um ano atrás, os otimistas eram 70%, os que não viam mudança totalizavam 13% e os mais pessimistas somavam 14%.
O mais recente levantamento do Datafolha foi feito nos dias 12 e 13 de dezembro de 2024 -cerca de duas semanas após o governo apresentar um pacote de ajuste fiscal considerado por economistas como insuficiente para sanar as preocupações com as contas públicas e em meio a patamares recordes do dólar.
As entrevistas foram feitas também logo após a decisão do Banco Central (no dia 11) de elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, e sinalizar mais dois aumentos de igual valor no começo do ano que vem.
Foram realizadas 2.002 entrevistas em todo o Brasil, distribuídas em 113 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
A pesquisa também mostra um salto no pessimismo com o nível dos preços. O percentual dos entrevistados que veem a inflação piorando daqui para frente saiu de 51% um ano atrás para 67% agora.
A aceleração nos preços tem sido vista nos indicadores oficiais. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que encerrou 2023 em 4,62%, deve chegar ao fim de 2024 em 4,91%, segundo projeção mediana de analistas e economistas ouvidos pelo boletim Focus.
Em determinados recortes, a aceleração se mostra especialmente mais alta. Os preços do grupo de combustíveis, por exemplo, subiram 8,78% em 12 meses terminados em novembro de 2024 (mais recente dado disponível). Alimentos e bebidas, 7,63%. Saúde e cuidados pessoais, 6,06%.
A elevação também é vista no IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado). O indicador usado em reajustes de alugueis ficou em 3,18% ao fim do ano passado e agora deve mais que dobrar, para 6,57%.
De acordo com o Datafolha, a maior parte dos entrevistados não vê os salários avançando no mesmo ritmo da alta dos preços. A parcela dos que acham que o poder de compra vai diminuir saiu de 30% do total um ano atrás para 39% agora. Outros 31% apostam que vai ficar como está (eram 33%) e 27% acham que vai aumentar (eram 34%).
Por outro lado, há menor pessimismo com o desemprego na comparação com a última pesquisa. O percentual dos que acham que o indicador vai aumentar saiu de 46% em março para 41% agora.
Reportagem distribuída pela Folhapress
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