Metrô BH já totaliza mil demissões desde a privatização; assunto será debatido na ALMG

A Metrô BH, empresa privada que administra o transporte metroviário de Belo Horizonte, deu início ao plano de demissão coletiva, que prevê o desligamento de 230 trabalhadores. Desde o início da concessão, há pouco mais de um ano, já ocorreram cerca de mil demissões, segundo o sindicato da categoria.
Embora as dispensas já estivessem previstas no contrato de concessão, serão pauta de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (9).
De acordo com a empresa, o Contrato de Concessão previa estabilidade de um ano para os colaboradores da antiga Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU-MG). A garantia terminou no último dia 23 de março e o plano de desligamento iniciou-se na primeira semana de abril.
Ainda conforme a concessionária que administra o metrô da capital mineira, o plano foi mediado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), entre a empresa e o sindicato da categoria e garantiu benefícios sociais para além das leis trabalhistas.
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Em nota, a empresa alega que, a pedido dos próprios colaboradores, “ofertou no decorrer do primeiro ano de gestão, Planos de Demissão Voluntária e o Plano de Demissão Consensual”.
A administração disse ainda que as demissões são necessárias para continuar as adequações da companhia, de forma a manter a produtividade operacional do modal. E frisou que a ação está sendo realizada de maneira planejada e a normalidade da operação do transporte está garantida.
Entretanto, o Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro-MG) considera o plano “desleal e irresponsável”. A categoria alega que a Metrô BH seguiu o protocolo previsto por lei, se reunindo com o sindicato. Porém, a reunião não teve diálogo e negociação, “mas um aviso impositivo da empresa a respeito do plano, demonstrando evidente abuso de poder”, alega o Sindimetro-MG.
Segundo a presidente do sindicato, Alda Lúcia Fernandes dos Santos, o recente desligamento dos 230 trabalhadores aconteceu depois de dois planos de demissão voluntária e um de demissão consensual, totalizando cerca de mil demissões desde a transferência do metrô para a iniciativa privada.
Alda dos Santos também denuncia péssimas condições de trabalho, jornadas estressantes, casos de assédio moral, retirada de direitos das mulheres trabalhadoras e falta de diálogo da empresa com os trabalhadores.
Diante dos embates, a ALMG sediará uma audiência pública sobre o tema nesta terça-feira (9). Organizada pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Casa, a audiência discutirá as condições de trabalho dos metroviários após a privatização, a partir das 16h. O requerimento é de autoria da deputada Beatriz Cerqueira (PT).
A deputada destaca que antes mesmo do processo de privatização já alertava sobre o risco de piora do serviço, aumento da tarifa e precarização das condições de trabalho. “Foi o que aconteceu. O metrô tem inúmeros problemas. A tarifa aumentou, há problemas técnicos, atrasos das viagens e demissão em massa dos trabalhadores. São esses os resultados da privatização”, afirmou Beatriz Cerqueira.
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