Dengue gera prejuízo de R$ 5,7 bilhões em Minas Gerais

As arboviroses, como a dengue, podem trazer impactos negativos de R$ 5,7 bilhões na economia de Minas Gerais (R$ 3,8 bilhões na redução da produtividade e R$ 1,9 bilhão em custos com tratamento), o que seria responsável pela redução de 71.648 mil postos de trabalho no Estado. Os dados são de um estudo feito pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
“O cenário de alta nas doenças transmitidas por mosquitos podem causar um efeito sistêmico de redução na demanda, incidindo na queda do faturamento das empresas; ocasionando baixa nos investimentos e na produção, o que implicaria em redução no número de contratações e perda na renda da população”, alertou o economista-chefe da Fiemg, João Gabriel Pio.
Já no Brasil, o impacto negativo projetado seria de R$ 20,3 bilhões para a economia (R$ 15,1 bilhões em perdas na produtividade e R$ 5,2 bilhões em custos com tratamento), considerando que 60% das pessoas infectadas correspondem à população economicamente ativa. Os dados foram apresentados no estudo “Impactos Econômicos das Arboviroses”, divulgado pela Fiemg.
As arboviroses são doenças virais transmitidas, principalmente, por mosquitos, sendo as mais comuns no ambiente urbano: a dengue, a chikungunya e a zika. Em Minas, nos períodos de maior agravamento epidemiológico, os casos correspondem a cerca de 30% quando comparado ao restante do País. Segundo João Pio, o estudo indica que, certamente, ocorrerá um impacto negativo na previsão do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.
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“Tudo aponta na direção de que essa previsão de queda irá se confirmar. Quando observamos a série histórica, mesmo nos anos com maior intensidade de casos, não tínhamos ultrapassado a marca de 1,8 milhão de pessoas infectadas no País, o que já acontece neste ano. Minas Gerais, nesses primeiros meses de 2024, está registrando quase 369 mil infectados (dengue, zica e chikungunya), correspondendo a cerca de 37% dos afetados no País. No ano passado, nesse mesmo período, o número de infectados em Minas era de cerca de 200 mil”, comparou.
As previsões do Ministério da Saúde para 2024 não são as mais animadoras, com estimativas de 4,2 milhões de casos até dezembro. Esse cenário implica em mais custos com saúde (medicação, consultas e exames) e perda da produtividade (dias de afastamento de trabalho e queda na produção potencial), o que afeta diretamente na redução da atividade econômica, gerando queda no PIB per capita, redução no número de empregos e, consequentemente, perda de renda.
Produção média do trabalhador brasileiro soma R$ 352,27 por dia
De acordo com dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a média de produção diária do trabalhador gira em torno de R$ 352,27, mas com o afastamento por sete dias para tratamento das arboviroses, a perda de produção per capita pode chegar a R$ 2.465,90 em uma semana. Já em Minas, o montante perdido por um trabalhador em uma semana seria de R$ 2.044,70. “Os custos e os efeitos da produtividade, com o afastamento por sete dias, em setores com atividades mais intensivas, os impactos podem ser ainda maiores”, afirmou Pio.
A perda de produtividade pode gerar um choque na produção de de R$ 4,4 bilhões no Brasil e de R$ 1,6 bilhão em Minas Gerais, considerando os efeitos econômicos induzidos pela queda no rendimento das famílias. “Esperamos o epicentro das arboviroses agora entre março e abril e vamos acompanhar, com atenção, como serão os desdobramentos. No País, por exemplo, os valores dos efeitos da produtividade somados aos custos dos tratamentos seriam suficientes para o pagamento do bolsa família a quase 3 milhões de famílias por ano”, avaliou.
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