Depreciação das terras-raras não afeta projetos em Minas Gerais

A indústria de terras-raras está passando por um cenário negativo de preços semelhante ao que acontece com a do lítio. A situação, contudo, não afeta os projetos em andamento no Sul de Minas Gerais. A região do Estado possui depósitos com características geológicas raras e altamente vantajosas, além de infraestrutura de qualidade para as empresas atuarem.
Essa percepção foi expressa por executivos do setor ao Diário do Comércio, durante o Brazil Lithium & Critical Minerals Summit, evento realizado nesta semana em Belo Horizonte pela consultoria global de comunicação The Net-Zero Circle by IN-VR.
Atualmente, a China é responsável por produzir cerca de 70% das terras-raras e 95% dos ímãs de terras-raras do mundo. Esse domínio, conforme o diretor-executivo da Meteoric Resources, Marcelo de Carvalho, permite ao país praticar dumping artificial, derrubando os preços do mercado. O country manager da Viridis Mining no Brasil, Klaus Petersen, afirma que os chineses fazem isso para impedir que novos players entrem em atividade.
As duas empresas têm projetos voltados à produção de terras-raras no Sul de Minas Gerais. As iniciativas estão em fase de estudos e licenciamento, com previsão de iniciar as operações até 2028, e não vão ser impactadas pela baixa dos preços, segundo os executivos.

Petersen destaca que a geologia dos depósitos da região é especial e única a nível mundial, o que possibilita às empresas produzirem, já na etapa inicial, com custo operacional praticamente igual ao da China. Além disso, os padrões ambiental, social e de governança (ESG) das atividades no Estado serão bem mais “redondas”, diz o country manager.
“A parte econômica do projeto da Viridis é tão robusta que a empresa pode começar a operar no pior cenário de mercado possível, algo que é incomum”, pontua. “Quem está começando, normalmente, precisa de um mercado estável ou bom”, ressalta.
Com uma análise parecida, Carvalho afirma que os projetos no Sul do Estado têm teores de terras-raras e recuperações metalúrgicas bem melhores em relação aos empreendimentos chineses. O diretor-executivo ainda que salienta que as empresas não precisam construir nada além da planta, porque a região disponibiliza infraestrutura adequada.
“Por isso, a Meteoric consegue ter um custo operacional muito semelhante ao chinês, fazendo com que o nosso projeto sobreviva com o preço depreciado”, diz. “Ambos os projetos podem entrar em operação, porque estão entre os melhores do mundo”, enfatiza.
Executivos estimam recuperação do mercado
De acordo com o country manager da Viridis no Brasil, todos os analistas apontam que o mercado deve se recuperar futuramente. Petersen pondera que as indicações estão em ascensão porque é urgente a necessidade de diminuir o uso de combustíveis fósseis e, para isso, é preciso eletrificar, o que demanda o aumento da produção de terras-raras.

O diretor-executivo da Meteoric avalia da mesma forma. Conforme ele, os principais institutos projetam um crescimento significativo na demanda de terras-raras até 2035, e a robótica tende a acelerar ainda mais a busca pelos produtos.
Carvalho também chama a atenção para o fato de que a China não conseguirá suprir toda a demanda por terras-raras e a tendência é que surja um mercado ocidental para suprir a lacuna, que é o ponto onde os projetos em desenvolvimento em Minas Gerais estão inseridos. Assim como Petersen, o dirigente destaca que as atividades no Estado, além de equiparar com o custo da China, ainda serão mais sustentáveis.
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