Economia

Desastre no Rio Grande do Sul não afeta mercado livre de energia

Até o momento, alguns efeitos foram sentidos somente na distribuição do recurso, principalmente nas linhas de transmissão, mas não em sua produção
Desastre no Rio Grande do Sul não afeta mercado livre de energia
Crédito: Lauro Alves/ Secom

O desastre causado pelas alterações climáticas no Rio Grande do Sul não deve trazer impactos significativos para o mercado livre de energia. Especialistas do setor ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO explicam que o tamanho da proporção gaúcha no consumo e produção energéticos e a grande oferta existente no Ambiente de Contratação Livre (ACL) fazem com que o mercado não seja afetado pela destruição das enchentes.

O presidente da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes, afirma que a catástrofe climática não afetou o mercado livre e também não crê que afetará no futuro.  Alguns efeitos foram sentidos somente na distribuição do recurso, principalmente nas linhas de transmissão, não em sua produção. “Em termos de mercado, não há nenhum impacto. E não vai ter também, porque essas linhas, se não foram recuperadas, serão recuperadas rapidamente. Não tem como o estado ficar isolado”, disse.

O Rio Grande do Sul é responsável por 6,3% da demanda nacional no mercado livre de energia, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Fróes ressalta que a oferta atual do ACL no País é abundante, o que de certa forma resguarda o mercado quanto às alterações de preços, possivelmente motivadas por oscilação na demanda gaúcha.

O CEO da Enecel Energia, Rodrigo Batista, segue pelo mesmo caminho. “Tem uma oferta muito grande, muito maior do que propriamente a demanda”, disse. Ele aponta que uma ou outra usina de energia no estado foi afetada pelas enchentes, mas não são de grande porte. Além, é claro, dos consumidores do Rio Grande do Sul, mas que não afeta a ponto de gerar variações no custo da energia dentro do ACL.

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Até mesmo a produção do campo do Rio Grande do Sul não afetaria a demanda de energia no País. O estado gaúcho é responsável por 68% da produção nacional de arroz, por exemplo. “Na questão da produção de grãos, o consumo de energia é pequeno. A repercussão seria pequena”, aponta Batista.

Câmara de Energia cria comitê para avaliar impactos de desastre no Rio Grande do Sul

A CCEE instaurou o Comitê de Acompanhamento (CAC) para avaliar possíveis impactos do desastre climático no Rio Grande do Sul no mercado de energia, além de propor medidas para apoiar seus associados neste momento.

O Comitê analisa os pedidos dos associados, no âmbito da CCEE, e aciona a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para avaliar medidas que garantam a continuidade das operações dessas empresas.

Geradores, produtores independentes, comercializadores e consumidores livres de energia manifestaram preocupação com possíveis dificuldades no cumprimento de obrigações devido às dificuldades no Rio Grande do Sul.

A CCEE suspendeu a instauração de qualquer processo de desligamento de empresas afetadas pelas enchentes, até que a Aneel decida sobre os casos. As ocorrências serão avaliadas individualmente pelo CAC. O Comitê avaliará o aprofundamento das medidas excepcionais para o estado gaúcho.

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