Economia

Desemprego deve atingir pico no 1º semestre

Desemprego deve atingir pico no 1º semestre
Crédito: REUTERS/Amanda Perobelli

São Paulo – A taxa de desemprego no Brasil alcançará um pico de 16,9% neste primeiro semestre, sobretudo por causa da normalização nos números da força de trabalho, após um primeiro trimestre afetado por fim de transferência de renda e piora da pandemia, mas uma recuperação do emprego será vista na segunda metade do ano, na esteira da reabertura da economia e da aceleração da vacinação, disseram profissionais do Santander Brasil.

O ano de 2021 como um todo ainda será “desafiador”, com o País devendo emergir da crise da Covid-19 com a informalidade superando o mercado formal de emprego. “Em outras palavras, esperamos que a estrutura geral do mercado de trabalho seja mais precária”, disseram Lucas Maynard, Ítalo Franca e Gabriel Couto em relatório enviado com exclusividade à Reuters.

Eles notam que o agravamento da pandemia no Brasil, a incerteza sobre o início do processo de vacinação mais ampla no País, o fim do auxílio emergencial, atraso nas reformas econômicas e possibilidade de mudança no regime fiscal são riscos negativos ao cenário do Santander para o mercado de trabalho.

“Nesse sentido, a relação entre emprego e as taxas de aprovação pelo governo deve ser cuidadosamente acompanhada, em nossa opinião, conforme a alta esperada no desemprego no primeiro semestre pode ser um fator adicional para gerar pressão no debate sobre políticas fiscais e sociais”.

O Santander prevê que o governo anunciará um novo auxílio emergencial por quatro meses, ao custo de R$ 25 bilhões. Ainda assim, a massa salarial no Brasil sofreria uma queda real de 6,6%, depois de alta estimada em 3,1% em 2020, apoiada nos programas de transferência de renda.

Mas, ao longo do segundo semestre, o Santander acredita que a taxa de desemprego deva começar a cair à medida que a abertura da economia ganhar tração e a imunização contra a Covid-19 acelerar. O banco prevê que a desocupação fechará 2021 em 13,5% – com criação líquida de 120 mil a 150 mil vagas formais – e terminará 2022 em 13,1%. No trimestre encerrado em novembro de 2020, a taxa estava em 14,1%, segundo o IBGE.

“A gente acredita que uma agenda econômica que melhore o PIB potencial ajude na retomada do emprego. A reforma tributária, os marcos regulatórios também podem contribuir”, disse Ítalo Franca, economista no Santander com foco em política fiscal, em entrevista à Reuters.

O Santander prevê que, com a economia tomando fôlego no segundo semestre, haja abertura de cerca de 1,5 milhão de postos de trabalho (entre vagas formais e informais) nos segmentos mais golpeados pela pandemia, como os setores de serviços prestados às famílias e serviços domésticos, enquanto a vacinação acelera e deve chegar a quase 60% da população até o fim de 2021.

Mesmo com essa retomada do emprego no segundo semestre, o economista Gabriel Couto ainda vê o hiato do mercado de trabalho bastante aberto. “A gente acredita que esse hiato não deva se fechar tão cedo”, disse, citando uma previsão de taxa neutra de desocupação entre 12,5% e 13%.

O economista disse que, considerando a mesma força de trabalho de antes da pandemia, a taxa de desemprego no Brasil teria alcançado um pico próximo de 20% no terceiro trimestre de 2020. (Reuters)

Indicador Antecedente de Emprego abre 2021 em queda

São Paulo – O mercado de trabalho brasileiro iniciou 2021 perdendo ritmo, de acordo com os dados do Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) divulgados, na sexta-feira (5), pela Fundação Getulio Vargas.

O IAEmp, que antecipa os rumos do mercado de trabalho no Brasil, caiu 2,2 pontos em janeiro e foi a 83,5 pontos, depois de fechar 2020 com ganhos.

“A queda do IAEmp em janeiro sugere uma perda de ritmo da recuperação do mercado de trabalho. Nos últimos meses, o indicador vinha oscilando, mas ainda em patamar abaixo do que era observado no período anterior à pandemia”, disse Rodolpho Tobler, economista da FGV Ibre, em nota.

“A provável desaceleração da atividade econômica no primeiro trimestre e o elevado nível de incerteza ainda não permitem que seja possível imaginar uma melhora desse indicador no curto prazo”, completou.

O Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), por sua vez, recuou 3,8 pontos, para 98,8 pontos. O ICD é um indicador com sinal semelhante ao da taxa de desemprego, ou seja, quanto menor o número, melhor o resultado.

“Os próximos resultados podem confirmar se houve uma inversão da tendência, mas o fim dos programas do governo, a dificuldade que alguns setores ainda encontram na recuperação e a piora dos números da pandemia ainda não sugerem uma expectativa positiva para os próximos meses”, alertou Tobler.

O Brasil tinha 14 milhões de desempregados no trimestre encerrado em novembro, com taxa de desemprego de 14,1%, de acordo com dados do IBGE. Mas o mercado de trabalho continuou indicando alguma recuperação das vagas perdidas no início da pandemia com aumento na população ocupada. (Reuters)

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