Economia

Desmonte de barragens de rejeitos de urânio em Caldas exige US$ 500 milhões

Maior temor é que ocorra um possível rompimento das barragens dessa mina de urânio, que está desativada desde 1995, gerando impacto radiológico na região
Desmonte de barragens de rejeitos de urânio em Caldas exige US$ 500 milhões
Indústrias Nucleares do Brasil (INB), instalada na cidade de Caldas - Foto: INP/ Reprodução

O desmonte das barragens de rejeitos de mineração de urânio em Caldas (MG) foi tema de audiência na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (11). Durante os debates, a empresa pública Indústrias Nucleares do Brasil (INB), responsável pela mina, estimou que esse descomissionamento exigiria alto custo, de cerca de US$ 500 milhões.

O maior temor é que ocorra um possível rompimento das barragens dessa mina de urânio, que está desativada desde 1995, gerando impacto radiológico na região (leia mais abaixo).

O problema foi apontado pelo deputado Ulisses Guimarães (MDB-MG), que cobrou a criação de uma força-tarefa para buscar uma solução.

“O descomissionamento das instalações, além da necessidade de recursos orçamentários, exige de nós todos uma força-tarefa integrada, dos agentes reguladores e fiscalizadores. Quero sugerir também a instalação de uma comissão interministerial. Precisamos garantir a execução deste plano a ser definido por cada ator relacionado aqui”, disse Ulisses Guimarães.

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“O que deveria ser um orgulho – a primeira mina de urânio – hoje é um grande problema”, destacou o parlamentar.

O superintendente de Novos Negócios e Minerais Estratégicos Associados ao Urânio da INB, David Moreira, foi quem disse que a grande dificuldade para o descomissionamento das barragens em Caldas é o alto custo.

“O custo hoje está na ordem de US$ 500 milhões. Temos um grande problema de fluxo de caixa para avançar. Temos um recurso que estamos utilizando para ajustamento de conduta. Mas precisamos de ação efetiva do governo federal para que tenhamos a garantia desses recursos para finalizar o que está no plano desse descomissionamento”, disse o superintendente.

Impacto radiológico em caso de rompimento

Em caso de rompimento das barragens, o impacto radiológico exigiria a tomada de ações restritivas na região, segundo explicou o assessor da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) Ricardo Gutterres.

O impacto, disse ele, estaria abaixo do limite estabelecido pela comissão, e a zona possivelmente afetada não possui residências. Mesmo assim, seria um impacto de “grandes proporções”.

“O impacto radiológico seria de grandes proporções e exigiria ações restritivas muito grandes para a sociedade, mas não se esperam fatalidades. A questão é que se teria de obstruir determinadas áreas, obstruir acessos, acessos de água. Seria uma ação de remediação de enormes proporções. O que não leva a uma diminuição da preocupação para que não haja a rompimento dessa barragem”, declarou Gutterres.

Nível de emergência é o mais baixo

Outros participantes da audiência explicaram que providências no sentido de analisar as estruturas das barragens e garantir sua segurança têm sido tomadas. O nível de emergência do local é 1, ou seja, o mais baixo no risco de rompimento.

“A classificação é extremamente conservadora. Não ter os dados era pior. Tem melhorado. Também foram exigidos reparos, manutenções, contenções hidráulicas. A ANM tomou todas as providências e posso garantir ao deputado que temos as normas mais duras do mundo. Nossa legislação é rígida”, afirmou o diretor-geral substituto da Agência Nacional de Mineração (ANM), Tasso Mendonça Júnior.

Vistorias realizadas no local pela ANM em abril passado consideraram bom o estado geral de conservação das estruturas. Medidas para aumentar a segurança foram solicitadas. As obras, segundo a INB, estão em andamento ou já foram concluídas.

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