‘Desordem global’ vai atrasar transição energética, diz Paulo Guedes em BH

O ex-ministro da Economia Paulo Guedes afirmou que a transição energética será mais lenta do que o previsto, atribuindo o atraso à atual “desordem global”. A declaração foi feita nessa quinta-feira (2), durante a abertura do 18º Congresso de Revendedores de Combustíveis de Minas Gerais, o maior evento de mobilidade, postos e conveniência do País.
Segundo Guedes, há alguns anos a economia mundial era mais estável, com a China em forte expansão e os Estados Unidos em posição dominante. Agora, com o aumento das tensões entre os dois países, o Brasil tem uma grande oportunidade de crescer e aproveitar o momento. “Por que eu falo que é a nossa hora? Porque a população crescerá em 2 bilhões nos próximos 25 anos e o Brasil é fronteira agrícola, tem recursos hídricos e segurança alimentar e energética”, afirmou.
O ex-ministro avaliou que a Europa caminhava rumo a uma economia verde em uma velocidade que “não se sustenta mais”. Para ele, entraves culturais, sociais, econômicos e geográficos têm freado o avanço da transição energética na região.
“O eixo de crescimento, agora, é a Índia. Há seis anos ela cresce mais do que a China. É importante entender isso porque a batalha não acabou e nem vai acabar agora. O que era uma transição energética acelerada, ameaçando os combustíveis e outros setores, acabou”, disse.
Nesse cenário, Guedes avalia que a transição energética não ocorrerá nos próximos cinco ou quinze anos. “Ela será bem mais lenta”, afirmou. Como exemplo, citou o apoio de Donald Trump às explorações de petróleo e os cortes contínuos em subsídios e incentivos fiscais para carros elétricos nos Estados Unidos.
Para o economista, há uma mudança em curso e o futuro ainda é incerto. “Nessa briga, se o Brasil ficar quietinho, ele emerge. O chinês dançou de rosto colado com os americanos por mais de 30 anos. Agora que os dois começaram a brigar, temos que dançar com os dois. A guerra não interessa a ninguém e não acho que uma terceira guerra mundial aconteça. A Covid foi um ensaio disso e ninguém quer”, avaliou.
Guedes orientou os revendedores da cadeia de combustíveis a se estruturarem como rede, já que, na avaliação dele, ainda haverá muito tempo até a transição energética. “Vocês são uma rede de distribuição. Quanto ao combustível, o produto pode ser etanol de milho, de açúcar ou carregamento elétrico, não importa”, disse.
Para o ex-ministro, é essencial que os empresários estejam atentos a um cenário com poucas empreiteiras e distribuidores, além de compreenderem as diferenças entre governos.
“Quando o País tem mais inflação, mais juros e mais impostos, temos mais ou menos crescimento?”, questionou Guedes aos presentes. A resposta, que provocou risos da plateia, ele mesmo completou: “O setor de distribuição de combustíveis de Minas Gerais diz que o Brasil vai crescer menos. Foram vocês que falaram, não fui eu”, concluiu.
Saiba mais sobre o 18º Congresso do Minaspetro
O maior evento de mobilidade, postos e conveniência do País, realizado pela Minaspetro, reúne revendedores varejistas, frentistas, gerentes de pista e outros interessados no setor, e é uma oportunidade para empresários se atualizarem e ampliarem suas conexões estratégicas.
A programação inclui debates sobre tendências, novos modelos de negócios e painéis sobre inovação, capacitação de equipes, sustentabilidade, regulação e tecnologia. Além disso, a feira de negócios desta edição foi ampliada, trazendo novidades para o setor de combustíveis.
Outra novidade deste ano é a ampliação em 50% da área do evento em relação à edição anterior. Agora, a feira de negócios comporta até 80 estandes, reunindo fornecedores de produtos e serviços estratégicos para a revenda de combustíveis.
Nomes importantes da indústria de postos, como fabricantes de tanques, bombas, prestadores de serviços de sistemas e representantes de órgãos reguladores — como a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Ministério Público e a Secretaria de Fazenda de Minas Gerais — também marcam presença no evento.
Durante a abertura, o presidente do Minaspetro, Rafael Macedo, destacou o bom momento do setor.
“Nunca tivemos tantos olhos voltados para o que é certo no mercado. Estamos tirando o foco das fraudes e dos mercados ilegais e sendo reconhecidos pela geração de empregos e por movimentar a economia. O setor de postos de combustíveis é o maior arrecadador de ICMS do Estado e é por isso que queremos ser reconhecidos”, disse.
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