Economia

Usina de biodiesel em Minas pode ser extinta

Usina de biodiesel em Minas pode ser extinta
Crédito: Ueslei Marcelino/Reuters

Além de privatizar a Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a Petrobras estuda o desinvestimento também na área de biocombustíveis, o que colocaria em xeque outra unidade produtiva da estatal em Minas Gerais. Trata-se da Usina de Biodiesel Darcy Ribeiro, localizada em Montes Claros, no Norte do Estado.

Criada há dez anos, a planta tem capacidade de produção de 152,9 milhões de litros de biodiesel por ano e supre aproximadamente 9 mil agricultores familiares por meio do programa de suprimento agrícola da estatal. Diante do desinteresse da Petrobras, o tema será discutido hoje (30) na Comissão de Trabalho da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Procurada pela reportagem, a Petrobras não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta edição. Porém, no endereço eletrônico da companhia há um comunicado sobre o assunto, dizendo que a empresa encerrará as atividades de produção de biocombustíveis, com o objetivo de otimizar o portfólio de negócios.

O documento diz ainda que, no momento, as usinas de biodiesel de Montes Claros e de Candeias (BA) permanecem funcionando e a unidade de Quixadá (CE) encontra-se hibernada.

“No futuro, a Petrobras poderá reavaliar o investimento neste segmento e, para tanto, usar outro modelo de negócios”.

Já a prefeitura de Montes Claros disse, por meio da assessoria de imprensa, que ainda não tem uma posição sobre o assunto.

Sobre a discussão que acontecerá na ALMG, a deputada Beatriz Cerqueira (PT), que solicitou o debate, disse que a pauta surgiu a partir de uma demanda do próprio setor. Segundo ela, os petroleiros temem as mudanças que têm sido anunciadas para a estatal pelo governo federal.

“Vamos discutir o presente e o futuro. Decisões como esta não podem ser tomadas no imediatismo, pois estamos falando de um projeto que abastece milhares de pessoas que vivem da agricultura familiar”, destacou.

Para isso, foram convidados para a agenda especialistas do setor de biocombustíveis, representantes do Sindicato dos Petroleiros do Ceará e Piauí, do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas e do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG) e da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

“Trouxemos esse debate em audiência pública para poder não somente informar a população sobre os riscos que este importante ativo de Minas Gerais corre, mas também para elucidar os impactos que seu fechamento poderá trazer para a região e para o País. E, claro, para, fundamentalmente, lutar por sua manutenção, pois um projeto longínquo como este precisa ser potencializado e não extinto”, declarou.

Regap – Sobre a Regap, na última sexta-feira (26), o Conselho de Administração da Petrobras aprovou novas diretrizes para a gestão do portfólio de ativos da companhia, considerando a venda de oito refinarias, entre elas a localizada na RMBH.

As novas orientações sobre os desinvestimentos são parte do processo de elaboração do Plano de Negócios e Gestão 2020-2024 da petroleira.

Além da Regap, integram o programa de desinvestimento a Abreu e Lima (Rnest), Unidade de Industrialização do Xisto (Six), Refinaria Landulpho Alves (Rlam), Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), Refinaria Isaac Sabbá (Reman) e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor).

Preços do etanol hidratado recuam 6,5%

São Paulo – Os preços do etanol interromperam sequência de fortes altas semanais registradas em abril nas usinas de São Paulo, sendo pressionados pela moagem de cana que finalmente ganhou ritmo, informou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) ontem.

O preço médio do etanol hidratado nas usinas paulistas caiu cerca de 6,5% entre 22 e 26 de abril, após ganhos de 4,6% na semana anterior e de 15% na segunda semana do mês, de acordo com o centro da Esalq/USP.

“Com a normalização da moagem, usinas voltaram a ofertar, até mesmo para sanar algumas despesas de início de moagem. Por conta disso, alguns negócios chegaram a sair com previsão de entregas mais cadenciadas”, afirmou o Cepea em análise.

A queda dos preços confirma avaliação de especialistas à Reuters na semana passada, que indicaram que as cotações passariam a ceder, com a produção aumentando.

Mas as cotações da gasolina ainda em patamares firmes devem limitar recuos mais expressivos do biocombustível, segundo analistas.

Diante dos fortes ganhos em boa parte do abril, o primeiro mês oficial da safra 2019/20 do Centro-Sul foi marcado por preços médios atipicamente elevados.

Usinas tiveram problemas com o início da moagem da safra 2019/20, por conta das chuvas ocorridas nas principais regiões produtoras do estado de São Paulo – algumas unidades tiveram que prorrogar o começo das atividades.

A média das quatro semanas cheias do Indicador Cepea/Esalq do etanol hidratado foi de R$ 1,8462/litro em abril, valor 3,7% maior que o das quatro semanas de março.

Do lado comprador, segundo Cepea, algumas distribuidoras estiveram bem ativas no mercado. Entre 22 e 26 de abril, o indicador do hidratado foi de R$ 1,8562/litro (São Paulo, sem ICMS e sem PIS/Cofins), baixa de 6,47% em relação ao período anterior. (Reuters)

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas