Dia da Indústria: a importância do setor industrial em Minas Gerais

Neste sábado, 25 de maio, é celebrado o Dia da Indústria, data que homenageia todos os empreendedores e colaboradores industriais e convida a sociedade a refletir sobre a importância do setor para o desenvolvimento econômico e social. A atividade está em tudo que cerca o cotidiano da vida moderna e desempenha um papel fundamental no progresso de uma nação.
Em Minas Gerais, a indústria tem uma enorme relevância em diversos aspectos. Dados levantados pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) mostram que o setor foi responsável por 31% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual em 2023. A atividade mineira também respondeu por 11,7% do PIB industrial brasileiro no exercício – desempenho primordial para que o Estado alcançasse uma participação histórica na economia nacional, de 9,5%.
Além de constituir riqueza e auxiliar na sustentação do crescimento econômico, o setor industrial mineiro se destaca pela geração de empregos. Diretamente, são aproximadamente um milhão de vagas formais, em torno de um quarto do estoque do Estado. Indiretamente, são inúmeros postos de trabalho, fomentando o mercado de outros setores como comércio e serviços, inclusive.
A massa salarial da indústria também é bem relevante e representa mais ou menos 25% do total recebido pelos trabalhadores em Minas Gerais no período de um ano. O economista e colunista do DIÁRIO DO COMÉRCIO Guilherme Almeida ressalta que o salário médio de um funcionário do setor industrial costuma ser superior se comparado ao rendimento de um colaborador de outra atividade, o que contribui para elevar o poder de compra da população e impulsionar o consumo.
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Investimentos, arrecadação e exportações
A atividade industrial mineira exerce outro importante papel: de trazer investimentos. Conforme Almeida, a indústria é um motor de inovação e desenvolvimento tecnológico, buscando constantemente investir em pesquisa, tecnologia e infraestrutura para criar novos produtos, modernizar operações e aumentar produtividade. O Estado, por sua vez, colhe frutos indiretos, por exemplo, com a qualificação da mão de obra e o aumento da competitividade da economia.
Vale enfatizar que Minas Gerais atraiu grandes aportes na indústria nos últimos anos, em vários segmentos. São destaques: R$ 14 bilhões da Stellantis no setor automotivo; R$ 1 bilhão da Atlas Lithium na mineração, sobretudo de lítio; R$ 11,3 bilhões aportado por 12 grupos econômicos na cadeia do setor sucroalcooleiro; e R$ 1,3 bilhão da Eurofarma no setor farmacêutico.
O economista também salienta o valor que o setor industrial tem no que diz respeito a receita estadual com impostos, utilizada para financiar serviços públicos em áreas como saúde e educação e contribuindo com o Estado que, há tempos, enfrenta dificuldades para gerir as contas e tenta renegociar débitos. Segundo a Fiemg, no último ano, mais de 60% da arrecadação mineira com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) foi proveniente da indústria.
A influência da indústria de Minas Gerais ainda passa por uma contribuição para a diversificação econômica e a redução da dependência de outras atividades, de acordo com Almeida. Ele enfatiza que o Estado tem um parque industrial diversificado, com foco, principalmente nos setores mineral, siderúrgico, metalúrgico e automobilístico, mas com relevância nos setores alimentício, têxtil e farmacêutico, o que torna a economia mineira mais resiliente em momentos de crise.
“Isso é muito positivo”, afirma. “Temos também um papel ativo da indústria no mercado exterior, dado que Minas Gerais é um dos maiores exportadores de produtos industrializados do Brasil”, diz. Em 2023, os embarques do setor responderam por 77% do valor exportado pelo Estado.
Setor industrial tem desafios a serem superados
A indústria é um dos pilares para o desenvolvimento socioeconômico brasileiro e mineiro, contudo, como qualquer atividade, encara, diariamente, desafios que precisam ser superados.
Atualmente, uma das principais objeções se trata da concorrência com as empresas do exterior. Enquanto o governo federal pretende vetar uma possível taxação de impostos das compras abaixo de US$ 50 – prevista em projeto a ser apreciado pelo Congresso –, o setor industrial defende que a regra vigente prejudica empreendedores e tiram milhares de empregos da população. Conforme a Fiemg, a tributação poderia render até R$ 19,1 bilhões aos cofres públicos da Federação.
A atividade industrial mineira também tem obstáculos particulares. O economista e colunista do DIÁRIO DO COMÉRCIO afirma que, apesar de o Estado ter uma indústria diversificada, alguns municípios ainda são dependentes de um único setor, sendo na maioria das vezes, da mineração. Ele diz que isso gera implicações ao poder público, setor produtivo e, especialmente, à sociedade.
“Para ilustrar, basta pegar os casos de Brumadinho e Mariana e todos os desdobramentos que tiveram depois dos acidentes, que impactaram de forma relevante a economia local”, exemplifica Guilherme Almeida. De acordo com ele, ao depender de apenas uma atividade econômica, os efeitos adversos são potencializados e quando algo acontece, as cidades perdem em arrecadação, na dinâmica de emprego e renda e com o fechamento de outros empreendimentos por reflexo.
Além da diversificação, a indústria mineira e brasileira tem desafios inerentes ao próprio setor, conforme o especialista. Um exemplo é a constante busca por inovação e a adoção de novas tecnologias, que devem ser acompanhadas frequentemente pelas empresas, visando aumentar a produtividade e reduzir custos. Outra preocupação é com relação às parcerias com a academia para o constante desenvolvimento de pesquisa e formação de mão de obra qualificada.
Almeida ainda cita mais dois desafios. O primeiro se trata da infraestrutura, fundamental para diminuir custos e facilitar o escoamento da produção, especialmente em uma região como Minas Gerais, que possui a maior malha rodoviária e ferroviária do País. O segundo se refere as práticas sustentáveis, sobretudo, ambientais, atendendo as expectativas do mercado e da sociedade.

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