Economia

Dia das Mães e Páscoa geram otimismo no varejo mineiro

Dia das Mães e Páscoa geram otimismo no varejo mineiro
Dia das Mães é uma das principais apostas do comércio em MG | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

O comércio varejista mineiro está mais esperançoso neste primeiro semestre de 2022, quando espera vender mais do que nos últimos seis meses do ano passado. É o que aponta a pesquisa de Expectativa de Vendas, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG). Segundo o estudo, 54,4% das empresas entrevistadas acreditam que o primeiro semestre deste ano será melhor que a segunda metade de 2021.

No segundo semestre de 2021, os resultados nas vendas em relação ao mesmo período de 2020 apresentaram um aumento de 45,3% – uma melhora de 20%. Em relação à expectativa de vendas, 42,1% das empresas também apresentaram resultados mais favoráveis. Em 52,8% dos estabelecimentos a melhoria foi de até 30%.

Os comerciantes não desconhecem que terão obstáculos pela frente. Além de superar o cenário adverso de disseminação da variante Ômicron, são muitos os fatores que, segundo os entrevistados, podem dificultar as vendas. Entre eles, o preço alto dos produtos (43,1%), desemprego (23,4%), endividamento do consumidor (22,9%) e momento econômico do País (20,4%). E por isso vão caprichar nas atrações para melhorar as vendas: 42,6% dos empresários pretendem investir em promoções e 32% em divulgação, enquanto 12,6% aumentarão a oferta do mix de produtos.

As boas expectativas têm como razão principal o Dia das Mães, data comemorativa que impacta positivamente um maior número de estabelecimentos. Para a economista da Fecomércio MG, Gabriela Martins, mesmo sem dinheiro no bolso, o brasileiro não deixa de comprar um presente para sua mãe.

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“O Dia das Mães é uma data com um forte apelo emocional. As pessoas buscam presentear suas mães e, mesmo que haja um gasto médio menor, o comércio é sempre beneficiado por essa data”, observa Gabriela Martins. “Para se ter uma ideia, no primeiro semestre do ano o dia das mães é a principal data para o comércio varejista em Minas Gerais, seguida pelo Dia dos Namorados e a Páscoa”, completa.

Mas o primeiro semestre guarda outras datas estrategicamente fundamentais para o comércio. Um exemplo é a Páscoa, principal data para o setor de chocolates, que movimenta toda a cadeia produtiva, gerando emprego e renda para além do setor do comércio. “Dessa forma, um bom planejamento se torna essencial para atrair novos consumidores, fidelizar e até reativar os antigos, pois reduz os efeitos do cenário econômico desfavorável”, analisa a economista.

Segmentos mais otimistas

De acordo com o estudo da Fecomércio MG, entre os segmentos com melhores expectativas de vendas, estão combustíveis e lubrificantes (72,7%); livros, jornais, revistas e papelarias (70,0%); além dos produtos farmacêuticos e de perfumaria (63,9%).

O segmento de papelaria e livraria tem uma razão adicional para estar otimista: a volta às aulas presenciais e, consequentemente, o aumento da venda de material escolar. “Com o ensino remoto, nós quase não vendemos. Foi uma queda de quase 40% no ano passado. Este ano, já há uma retomada e até agora, vendemos cerca de 10% a menos do que em janeiro de 2020”, contabiliza o coordenador de livraria e eventos da Leitura do BH Shopping, Vicente Machado.

Ele também está muito animado com as perspectivas para o Dia das Mães. “Os livros são um presente afetivo, do filho e filha que sabem que a mãe gosta de ler e respeitam muito isso. Além disso, as mulheres leem mais do que os homens, então o Dia das Mães é uma data de grandes vendas”, aponta o coordenador.

Será ainda mais se a pandemia der uma folga e as famílias voltem a se confraternizar. Quem sabe os eventos que Machado promove não retornem à normalidade? Em vinte anos de trabalho na livraria, Machado já promoveu seis mil deles, a maioria de lançamento de livros. No ano passado, foram apenas seis. Em 2022, foram dois, até agora.

Mudança de comportamento

Gabriela Martins, da Fecomércio MG, observa uma mudança perceptível no comportamento dos próprios consumidores, que vinham tendo sua demanda reprimida devido às restrições impostas pela pandemia. “Eles estão voltando a ter confiança em frequentar o comércio à medida em que a vacinação avança. Esse comportamento da população contribui para a confiança dos empresários de que esse semestre será melhor do que o primeiro semestre de 2021, com a retomada gradual para o ‘novo normal’”, acredita.

A doutora em Psicologia Social e consultora de empresas Georgina Vieira concorda com a economista. “Como em maio, se Deus quiser, a pandemia estará controlada, a previsão é que haja mais encontros e presentes melhores. As pessoas estão com muita vontade de se encontrar e ter um “período compensatório” dos dois anos, no qual valorizarão mais os encontros, as viagens, o lazer”, diz.

“Estou percebendo, em várias pessoas, o desejo de usufruir mais do que fazia. Comprando coisas mais caras para si, procurando melhoria estética, voltando para as academias. Ou seja: a vida é tão breve, tão frágil …vamos aproveitar hoje. É o efeito pêndulo. Até voltar ao equilíbrio”, conclui a especialista.

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