Diretrizes do cooperativismo são definidas em congresso

As diretrizes estratégicas do cooperativismo no País para os próximos cinco anos foram definidas na última semana durante o 15º Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC), em Brasília. Dentre as 100 propostas priorizadas durante as sessões temáticas e de debates, 25 foram escolhidas para orientar o planejamento estratégico do Sistema da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) para o período de 2025 a 2030.

A escolha foi baseada em dois critérios-chave: impacto e urgência. O primeiro focou a capacidade que uma diretriz possui de promover o aumento da competitividade das cooperativas e do cooperativismo como um todo e, o segundo, o indicativo do quanto é imediata e prioritária sua implementação.
Os congressistas votaram de forma democrática, atribuindo notas de 1 a 5, de acordo com suas prioridades, ao grupo de dez propostas por tema definidas no segundo dia do evento. Foram escolhidas, então, duas propostas de cada. Outras cinco foram eleitas por terem sido as mais votadas entre as restantes, independente do tema.
“As duas com maior pontuação, de cada tema, foram consideradas prioritárias, bem como as cinco mais votadas após a escolha das vinte primeiras, independentemente do tema”, explica o presidente do Sistema Ocemg – formado pela junção do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais –, Ronaldo Scucato. Foram abordados sete eixos: comunicação, cultura cooperativista, ESG, inovação, intercooperação e negócios.
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Ele destacou que o congresso foi um excelente momento de alinhamento e, sobretudo, de priorização do futuro mais cooperativo. “Reunimos quase três mil lideranças do setor e, de forma colaborativa, definimos as estratégias e caminhos para que o cooperativismo siga crescendo e demonstrando todo o seu potencial de desenvolvimento socioeconômico no Brasil”, diz. A delegação mineira que foi ao 15º CBC é a maior de todos os tempos. Ao todo, foram 135 líderes cooperativistas de 110 cooperativas.
Definições por eixos
No âmbito do ESG (ambiental, social e de governança), foram definidas diretrizes do cooperativismo para comunicar à sociedade os impactos positivos das ações ambientais realizadas pelas cooperativas, além de promover a educação ambiental dos cooperados e colaboradores, bem como aprimorar as qualificações das lideranças em gestão e tomada de decisão baseada em dados.
Ainda nessa área, está a realização de estudos que demonstrem os benefícios e impactos que a presença das cooperativas têm para o desenvolvimento social das comunidades onde estão inseridas.
No caso da comunicação, os congressistas destacaram a importância de um alinhamento do discurso para atingir todos os públicos de forma eficaz, acessível e inclusiva, bem como a realização de ações de sensibilização e engajamento da comunidade escolar.
As ações voltadas para a cultura cooperativista têm como objetivo a difusão do cooperativismo na educação formal brasileira em todos os níveis e a promoção da formação de lideranças como promotores e multiplicadores dos princípios e benefícios oferecidos pelo movimento.
No que se refere ao tema da inovação, foi destacada a importância de aumentar a disseminação das soluções oferecidas pelo Sistema OCB e de promover a prática da intercooperação como ferramenta para potencializar novas ideias e reduzir custos com tecnologia nas cooperativas.
Para a intercooperação, as estratégias incluem a capacitação de lideranças e equipes para desenvolver uma mentalidade orientada às necessidades dos clientes, com foco na agregação de valor. Também estão inseridas a expansão do uso de novas tecnologias para gerar automação, ganho de eficiência e crescimento dos negócios, além da promoção de ações de educação e conscientização que destaquem os benefícios econômicos e sociais do cooperativismo como modelo de negócios estável.
No campo dos negócios, o foco é ampliar a conscientização para o consumo dos produtos e serviços oferecidos pelas cooperativas dentro do ecossistema do movimento e na realização de eventos para fortalecer a intercooperação entre os diferentes ramos de atividades e cooperativas.
As definições do campo representação ressaltaram a importância de ampliar o relacionamento com os Três Poderes, incluindo o Ministério Público e os Tribunais de Contas, além de defender soluções para a transformação digital e as fontes de financiamento das cooperativas; de reforçar as fontes orçamentárias e linhas de crédito para todos os segmentos do movimento; e de atuar junto ao governo federal para adequar a tributação do INSS do cooperado autônomo.
Reforma tributária
Durante o evento, o Sistema OCB divulgou a Agenda Institucional do Cooperativismo 2024, documento que apresenta as políticas públicas, projetos de leis e decisões judiciais mais relevantes para impulsionar o desenvolvimento do movimento no Brasil, com destaque para a regulamentação da reforma tributária.
Durante o congresso, o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, destacou a importância do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo na regulamentação da reforma (PLP 68/2024 e PLP 58/2024) em tramitação no Congresso Nacional. Para a entidade, a inclusão de dispositivo aprovado no texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019, representou uma conquista histórica para o movimento, com a previsão de um regime específico para as cooperativas.
O vice-presidente Geraldo Alckmin reforçou seu compromisso com a regulamentação do adequado tratamento tributário para as cooperativas. Ele enfatizou que é realmente necessário garantir um ambiente legal propício ao desenvolvimento do modelo de negócios.
Cooperativas podem gerar impacto positivo no mundo
Além das diretrizes, a importância das cooperativas e organizações em concentrar suas maiores competências para gerar impacto positivo no mundo foi destacada pelo cofundador e diretor de criação da Tátil Design de Ideias, Fred Gelli, durante o 15º Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC), que aconteceu na última semana, em Brasília. Para ele, o cooperativismo pode servir de inspiração até mesmo para a evolução do modo de consumir, através da descentralização, geração de valor e equilíbrio entre competição e cooperação.
O cooperativismo é um modelo diferente de organização econômica da sociedade, que se caracteriza como uma forma de empreendedorismo por meio da cooperação e da parceria entre as pessoas. No ano passado, o movimento contabilizou 20,5 milhões de cooperados, o que representa cerca de 10% da população, conforme o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em Minas Gerais, o cooperativismo é um dos segmentos que mais cresce na geração de empregos. Dados do último Anuário de Informações Econômicas e Sociais do Cooperativismo Mineiro, elaborado pelo Sistema Ocemg em 2023, registram 62.448 postos de trabalho gerados pelas cooperativas do Estado, um incremento de 7% nas vagas em relação ao ano anterior.
O cooperativismo se destaca principalmente pela oferta de empregos de qualidade ,já que os salários pagos aos colaboradores de cooperativas são 16% maior que a média dos empregados da iniciativa privada. Minas Gerais conta com 2,8 milhões de cooperados, e quase 40% de sua população está envolvida de alguma forma com o cooperativismo.
Apesar dos avanços, o presidente do Sistema Ocemg – formado pela junção do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais –, Ronaldo Scucato, destaca que o setor tem desafios, que são os mesmos de qualquer negócio sustentável, como ampliar sua atuação no mercado de maneira consciente e responsável, proporcionando prosperidade para todas as partes envolvidas. “Além disso, seguimos acreditando que os resultados têm sido cada vez mais robustos em função do comprometimento das lideranças cooperativistas quando o assunto é capacitação, inovação, participação e desenvolvimento”, frisa.
Ano das cooperativas
E o reconhecimento da importância das cooperativas na promoção do desenvolvimento econômico e social das comunidades onde estão localizadas foi dado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que aprovou em sua assembleia geral, em novembro de 2023, Ano Internacional das Cooperativas em 2025.
A resolução da ONU incentiva os estados-membros a aproveitarem o ano para aumentar a sensibilização para a contribuição das cooperativas na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e para o desenvolvimento social e econômico global. O texto reconhece que as cooperativas são fundamentais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e lembra que existem cerca de 3 milhões de cooperativas no mundo que agregam 10% dos trabalhadores do planeta.
MM2032
E os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e Agenda 2030, preconizados pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2015, são a base de orientação do Movimento Minas 2032 (MM2032), criado em 2017, que tem como base a urgência de que todos os setores da sociedade se apropriem das respectivas responsabilidades para a construção de um futuro mais sustentável, justo e igualitário. A iniciativa é capitaneada pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO em parceria com o Instituto Orior.
O objetivo do MM2032 é disseminar os ODS na sociedade por meio de estratégias para engajar a comunidade na sua compreensão, além da divulgação da sua importância, bem como da necessidade da aplicação na sociedade – empresas, governo e terceiro setor – para que o desenvolvimento socioeconômico regional e local aconteça de forma sustentável e inteligente.
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