Dólar e petróleo podem elevar preço do diesel no País

Rio de Janeiro/São Paulo – O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, afirmou que o preço do diesel nos postos de abastecimento pode subir, apesar da subvenção do governo, porque depende de fatores como variação do dólar e do preço do petróleo. Segundo ele, o acordo com os caminhoneiros foi de subvenção de R$ 0,30 e isenção de impostos da ordem de R$ 0,16, e isso está sendo mantido.
“O mercado não foi revogado. Não sei se (o diesel) vai aumentar, depende da evolução do câmbio e do preço do petróleo em relação ao preço anterior”, disse Oddone antes de palestra sobre o setor de petróleo em evento.
Na segunda-feira (27), a ANP divulgou a nova fórmula para o cálculo da subvenção de 31 de agosto a 31 de dezembro deste ano. Segundo Oddone, as regiões Sudeste e Centro-Oeste foram separadas para evitar distorções. A fórmula aplica a referência internacional do preço do petróleo mais os custos de internação no Brasil até colocar dentro de um tanque em porto brasileiro.
“Pegamos a paridade de importação, que é o preço de referência internacional, mais o custo para colocar no terminal brasileiro, e agregamos o custo médio de cada região brasileira para dar o preço de referência para comercialização de diesel para efeito de subvenção”, explicou.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Segundo ele, a subvenção continuará a ser paga até que acabem os R$ 9,5 bilhões concedidos pelo governo para garantir o desconto no preço do diesel para o consumidor.
Perdas na Petrobras – A interdição da refinaria de Paulínia, a maior da Petrobras, após uma explosão na unidade, na semana passada, obriga a estatal a importar diesel “no pior cenário de preços”, possivelmente com perdas, escreveram ontem analistas do banco UBS.
A Petrobras informou que, em função da parada na Replan, vai comprar no exterior 1,5 milhão de barris de diesel para abastecer o mercado doméstico. Mas a operação acontece em meio a preços maiores no mercado internacional devido à alta do dólar e com as cotações do combustível congeladas no mercado interno, em medida anunciada pelo governo após a greve dos caminhoneiros em maio.
Em tese, as perdas da estatal com a venda do diesel pelos preços congelados seriam bancadas pelo programa de subsídio anunciado pelo governo federal, com validade até o final do ano, que promete ressarcir fornecedores em até R$ 0,30 por litro.
Mas, com os preços internacionais em alta, a fórmula para os subsídios não tem sido suficiente para garantir a paridade de importação e uma margem para os agentes do mercado doméstico e importadores, mesmo após mudanças anunciadas pela reguladora ANP na segunda-feira, de acordo com o relatório do UBS.
Analistas do banco lembraram que, além de possíveis perdas na importação, a Petrobras pode enfrentar outros custos associados ao incidente na Replan.
“As importações vão vir no pior cenário de preços. Somados o possível custo de reparos pelos danos com o fogo, uma taxa baixa ou nula de utilização da refinaria (na sequência do incêndio) e as perdas com as importações, a Petrobras deve provavelmente enfrentar um terceiro trimestre desafiador”, destacaram.
A Petrobras tem dito que espera retomar a operação da Replan ainda nesta semana, com cerca de 50% da capacidade. A ANP interditou a refinaria na sexta-feira (24), quando alegou a necessidade de checagens de segurança antes do retorno às atividades. (AE/Reuters)
Ouça a rádio de Minas