Dólar sobe quase 1% em dia de realização de lucros e alta também no exterior

São Paulo – Após duas sessões de queda firme, o dólar fechou a quarta-feira em alta de quase 1% ante o real, novamente acima dos R$ 4,90, com alguns investidores realizando lucros e recompondo posições compradas na moeda norte-americana, em um dia de avanço das cotações também no exterior, após a divulgação de dados favoráveis sobre a inflação no Reino Unido.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,9118 na venda, em alta de 0,96%. Com o movimento desta quarta, em dezembro a moeda norte-americana acumula baixa de 0,07%. Na B3, às 17:14 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,99%, a R$ 4,9120.
A moeda norte-americana à vista chegou a oscilar no território negativo pela manhã, dando continuidade ao movimento da véspera, após a agência de classificação de risco S&P elevar a nota de crédito de longo prazo do Brasil de BB – para BB. Na cotação mínima do dia, às 9h23, o dólar à vista marcou R$ 4,8569 (-0,17%).
No entanto, ainda antes das 10h o dólar saltou para o território positivo, com alguns investidores realizando lucros mais recentes e recompondo posições compradas do mercado futuro (no sentido de alta para a moeda norte-americana).
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Profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que, após baixas mais intensas, é natural que haja certo movimento de retomada das cotações.
“Mesmo esta subida do dólar, de 4 centavos (de real), para a gente ainda é (uma oscilação) meio de lado. Mas tem a ver com um pouco de realização depois do que vimos ontem (terça-feira)”, disse durante a tarde Evandro Caciano, head de câmbio da Trace Finance.
Segundo ele, porém, o ambiente seguia favorável à queda do dólar ante o real.
“Estamos em um otimismo interno, com o tripé de reforma tributária, aumento da nota (pela S&P) e avanço das pautas econômicas. No curto prazo, vamos ficar com o real forte, ainda que haja pequenas realizações como hoje”, disse Caciano.
Perto do fechamento, às 16h55, o dólar à vista marcou a máxima de R$ 4,9141 (+1,01%).
No exterior, o dólar também subia ante uma cesta de moedas fortes e em relação à maioria das divisas de emergentes e exportadores de commodities. O movimento era sustentado em grande parte pelos dados de inflação do Reino Unido.
No início do dia, o Escritório de Estatísticas Nacionais do Reino Unido informou que o índice de preços ao consumidor subiu 3,9% em novembro, em taxa anual, após registrar alta de 4,6% em outubro. A inflação atingiu em novembro o menor nível em mais de dois anos.
A queda da inflação elevou a expectativa de que o Reino Unido pode se juntar aos Estados Unidos e cortar juros já no primeiro semestre de 2024, o que fez a libra desabar ante o dólar.
Às 17:14 (de Brasília), o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – subia 0,28%, a 102,420.
No Brasil, investidores também acompanhavam com atenção as negociações em torno da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024, com o governo atuando para aprovar o projeto no Congresso até o fim desta semana.
Se o Legislativo não aprovar o Orçamento antes do início do recesso parlamentar, o governo será forçado a iniciar 2024 sob a vigência de uma regra que limita os desembolsos dos ministérios até que a aprovação aconteça.
O relator da LOA na Câmara, deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP), afirmou durante a tarde que seu parecer deve prever um valor total de R$ 73 bilhões em investimentos públicos em 2024, ante R$ 58 bilhões na versão original do governo.
Por outro lado, as verbas para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foram cortadas em quase um terço.
Pela manhã, o Banco Central informou que seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) recuou 0,06% em outubro na comparação com setembro, em dado dessazonalizado. O resultado ficou bem abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters com economistas, de avanço de 0,10%. O IBC-Br é um sinalizador de tendência para o Produto Interno Bruto.
Também pela manhã, o BC vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de fevereiro.
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