Dólar recua ante real com disparada das commodities favorecendo moedas de países exportadores

São Paulo – O dólar tinha queda frente ao real pelo segundo pregão consecutivo nesta quinta-feira (03), com o mercado brasileiro acompanhando tendência internacional de valorização de divisas de países exportadores de commodities, cujos preços têm disparado após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Às 9:43 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,38%, a R$ 5,0898 na venda. Na mínima do dia, o dólar chegou a cair 0,64%, a R$ 5,0768.
Na B3, às 9:43 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,27%, a R$ 5,1310.
“A manhã está sendo marcada, novamente, por uma nova rodada de alta relevante no preço das commodities”, disse em blog Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos.
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Os contratos futuros do petróleo Brent chegaram a superar a marca de US$ 119 por barril nesta quinta-feira, indo a máximas desde 2012, enquanto os preços do trigo e do milho estendiam um rali em meio a temores de que o conflito no leste europeu levará a uma interrupção da oferta.
Nesse contexto, “as moedas de países exportadores de commodities seguem bem ancoradas”, disse Kawa, citando, além do bom desempenho dos ativos brasileiros, a força do dólar australiano.
Apesar da performance positiva de divisas sensíveis às commodities, Kawa alertou que “há um claro viés de dólar forte contra as demais moedas”. Nesta sessão, o índice da unidade norte-americana ante seis rivais fortes subia 0,13%, com o euro em baixa de cerca de 0,3%.
Investidores continuavam monitorando com cautela o conflito na Ucrânia, que já entrou em sua segunda semana. “A guerra na Ucrânia pode empurrar a economia mundial para um cenário muito desfavorável de estagflação na economia global”, disse a XP em nota.
A corretora afirmou que a tensão geopolítica deve ter efeitos também no Brasil, mantendo a inflação elevada por aqui, impondo viés de alta para a projeção da XP de que o IPCA subirá 5,2% em 2022.
Pressões inflacionárias adicionais podem levar o Banco Central do Brasil a ser mais duro na conduta da política monetária. A taxa Selic está atualmente em 10,75% ao ano, e os juros altos têm beneficiado o real neste início de ano, já que elevam os rendimentos oferecidos pelo mercado de renda fixa doméstico.
Com o desempenho desta quinta-feira, o dólar acumula baixa de cerca de 8,7% contra a divisa brasileira até agora em 2022.
No entanto, investidores seguem atentos também ao banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, depois que seu chair, Jerome Powell, afirmou na véspera que apoiará alta de 0,25 ponto percentual nos juros em março, sem descartar a possibilidade de elevações mais agressivas no futuro caso a inflação persista.
A moeda norte-americana spot fechou a véspera em baixa de 0,91%, a R$ 5,1094.
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