Economia

Dólar supera R$ 5,50 com proposta de gasto extra-teto e falas de Lula ao mercado

Minuta da PEC da Transição, apresentada por Alckmin, traz proposta de "excepcionalizar" do teto R$ 175 bilhões para pagar o Bolsa Família
Dólar supera R$ 5,50 com proposta de gasto extra-teto e falas de Lula ao mercado
Crédito: Mohamed Abd El Ghany/ Reuters

São Paulo – O dólar disparava nesta quinta-feira e chegou a ser negociado bem acima da marca psicológica de R$ 5,50, em resposta à proposta do governo eleito de excepcionalizar do teto de gastos R$ 175 bilhões para o pagamento do Bolsa Família e às declarações de Luiz Inácio Lula da Silva sobre a reação dos mercados a medidas de flexibilização fiscal.

Às 9h33 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,78%, a R$ 5,4784 na venda. Mais cedo, a moeda norte-americana chegou a disparar 2,76%, a R$ 5,5308 na venda, acima de R$ 5,50 pela primeira vez desde julho.

Embora tenha moderado as perdas desde então, o real continuava sendo a moeda de pior desempenho no dia entre uma cesta de pares globais.

Na B3, às 9h33 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,43%, a R$ 5,4960.

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A minuta da PEC da Transição apresentada na véspera pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, traz proposta de “excepcionalizar” do teto de gastos R$ 175 bilhões para o pagamento do Bolsa Família a partir de 2023 no valor de R$ 600, com adicional de R$ 150 por criança, sem um prazo determinado, confirmando temores de agentes do mercado.

Petista desdenha de reações do mercado

Agravando o desconforto de investidores, Lula voltou a criticar nesta quinta-feira a regra do teto de gastos e desdenhou das reações do mercado financeiro a suas falas.

“Ah, mas se eu falar isso vai cair a bolsa, vai aumentar o dólar. Paciência. Porque o dólar não aumenta e a bolsa não cai por conta das pessoas sérias, mas por conta dos especuladores que vivem especulando todo santo dia”, disse o presidente eleito durante discurso no Egito, onde participa da COP 27.

“A PEC tem sido o principal motor do descolamento do mercado local do exterior, em meio à tentativa do governo eleito de inchar cada vez mais a peça, elevando o custo de transição e demandando um waive (licença para gastar) quase infinito para este mandato”, escreveu Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

“O formato não é bom, foge daquilo que muitos que votaram pela troca do mandato esperavam, pois se vendia um governo ‘pragmático’, coisa que aparentemente não está ocorrendo, especialmente na comparação com o mandato de 2002 (de Lula)”.

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