Economia

Dólar tem volatilidade em dia de Ptax, mas caminha para maior queda trimestral desde 2009

Dólar tem volatilidade em dia de Ptax, mas caminha para maior queda trimestral desde 2009
Crédito: Gary Cameron/Reuters

São Paulo – O dólar alternava altas e baixas na manhã desta quinta-feira (31), em sessão que promete ser volátil devido à formação da Ptax de fim de março, com a moeda norte-americana a caminho de registrar seu pior desempenho mensal contra o real desde outubro de 2018 e a maior queda trimestral desde o período de abril a junho de 2009.

A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central, que serve de referência para liquidação de derivativos, e, no fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições.

Especialistas alertavam nesta quinta-feira que a “briga” entre comprados e vendidos pode elevar a instabilidade no mercado, fazendo o dólar mudar de sinal várias vezes ao longo da sessão.

O BC tem divulgado as taxas de fechamento diárias da Ptax — normalmente compartilhadas por volta das 13h — com atraso nos últimos dias, com a publicação de vários dados sendo afetada por operação padrão de servidores do BC, que pedem reajuste salarial.

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Às 10:16 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,38%, a R$ 4,7672 na venda. A divisa oscilou entre R$ 4,8141 na máxima (+0,60%) e R$ 4,7455 na mínima do dia (-0,84%).

Na B3, às 10:16 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,23%, a R$ 4,7610.

Colaborando para a volatilidade no dia estava uma agenda cheia de indicadores. Pela manhã, investidores receberam dados de desemprego domésticos melhores do que o esperado, enquanto, nos Estados Unidos, números mostraram alta nos pedidos de auxílio desemprego e salto anual de 6,4% do índice de inflação PCE, a maior taxa desde 1982.

Investidores têm acompanhado com cautela os dados de preços ao consumidor dos EUA, já que a pressão no bolso da população pode levar o banco central norte-americano a endurecer sua postura de política monetária. A maioria dos mercados já vê um ajuste de 0,5 ponto percentual nos juros — dose acima do normal — na reunião de maio do Federal Reserve como o cenário mais provável.

Apesar da indefinição desta manhã, o real “é o claro destaque positivo para o trimestre” entre as principais moedas do mundo, disse em postagem no Twitter Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês). “Isso se deve ao aumento dos preços das commodities, mas também a uma recuperação há muito atrasada ante uma grande subvalorização.”

Os custos do petróleo e produtos agrícolas dispararam desde o final de fevereiro, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, em meio a temores de restrição da oferta. Nesse contexto, moedas de países exportadores, particularmente da América Latina, têm sido beneficiadas. Além do real, moedas como pesos chileno, colombiano e mexicano, sol peruano e rand sul-africano acumulam ganhos acentuados no ano.

Considerando a cotação de fechamento da véspera, de R$ 4,7855 na venda, dólar acumula queda de 7,19% em março, prestes a registrar seu pior desempenho mensal desde outubro de 2018 (-7,79%). No trimestre, sua desvalorização até agora é de 14,14%, o que configuraria a baixa mais intensa desde o período de abril a junho de 2009 (-15,81%).

Além das commodities, o patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 11,75%, é apontado como fator responsável por essa desvalorização no acumulado do ano. Juros mais altos no Brasil tornam a moeda local mais interessante para investidores que buscam rendimento em ativos mais arriscados.

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