Economia

Dólar volta a bater recordes no País e encerra sessão a R$ 5,40 na venda

Dólar volta a bater recordes no País e encerra sessão a R$ 5,40 na venda
Crédito: REUTERS/Ricardo Moraes

São Paulo – O dólar bateu novos recordes históricos ontem, e no mercado futuro a cotação acelerou fortemente a alta perto do fim do pregão, em parte por um ajuste ao movimento do câmbio global na véspera, mas sobretudo pela escalada das apostas de corte de juros no Brasil, que faz minguar ainda mais as expectativas para o fluxo cambial.

O dólar à vista subiu 1,89%, a R$ 5,4094 na venda, um recorde nominal para encerramento de sessão. Durante os negócios, a cotação foi a R$ 5,4160, também um patamar histórico.

No exterior, moedas emergentes se desvalorizaram, depois de, na véspera – quando o mercado local permaneceu fechado por feriado – já terem perdido terreno. Na B3, o dólar futuro teve alta ainda mais forte na sessão, de 2,68%, a R$ 5,4640.

“Esse patamar não está fora do razoável”, disse Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. Embora acredite que no fim do ano o dólar deva ficar na casa de R$ 4,80, o profissional entende que a incerteza de curto prazo é tamanha que justifica a busca por proteção na moeda dos Estados Unidos.

Em apenas dois pregões nesta semana – o mercado de câmbio não abriu na terça-feira pelo feriado de Tiradentes -, o dólar já acumula ganhos de 3,31% frente ao real. Essa esticada teve suporte na mudança de tom do Banco Central (BC) com relação aos juros.

Na segunda-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, negou que a política monetária tenha perdido eficácia e admitiu que o cenário econômico se deteriorou desde a última reunião do Copom.

Foi a “senha” para o mercado turbinar apostas em corte de juros. Na curva de DI, operadores embutiam 100% de chance de corte de 0,75 ponto percentual da Selic em maio e 12% de probabilidade de uma redução ainda maior, de 1 ponto. Os contratos futuros da B3 apontavam Selic nominal média de 2,6% em dezembro, 1,15 ponto percentual aquém da meta Selic atual (3,75% ao ano).

Um juro mais baixo coloca o Brasil – historicamente conhecido por suas altas taxas – em desvantagem competitiva em relação a outros emergentes na tentativa de atrair fluxo de capital para a renda fixa.

Esse desestímulo fica mais evidente uma vez que o Brasil há tempos deixou de ser grau de investimento pelas principais agências de classificação de risco, diferentemente do México, por exemplo, um dos principais “concorrentes” do Brasil por capital externo. (Reuters)

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