A cada três donos de imóveis na RMBH, dois aumentam o preço para conceder ‘desconto’ na venda ou aluguel

Dois em cada três proprietários (67%) de imóveis na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) colocam o imóvel para alugar ou vender com sobrepreço, já pensando em conceder um desconto ao futuro inquilino ou proprietário.
O dado integra pesquisa realizada pelo Datafolha, em parceria com o Grupo QuintoAndar, que também aponta as dificuldades enfrentadas na hora de precificar um ativo residencial.
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No levantamento foram entrevistados 300 pessoas, entre inquilinos, compradores, vendedores e proprietários de imóveis da RMBH. Os dados reforçam que a prática de inserir uma “gordura” no preço, que consiste em inflacionar um imóvel além de seu valor de mercado, é uma estratégia comum na região. Mais da metade desse grupo (73%) espera conceder um desconto entre 5% a 10% do valor pedido.
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O cenário mostra um alinhamento entre aqueles que desejam alugar ou comprar um imóvel, já que 76% afirmam que iniciam a busca já pensando em obter um desconto. Destes, 61% buscam uma margem de negociação entre 5% e 10% do valor do bem.
Para o gerente de dados do Grupo QuintoAndar, Thiago Reis, a questão da negociação, da barganha, é algo cultural. “O problema é que essa sobreprecificação pode afastar os potenciais inquilinos e compradores de imóveis da RMBH. Os dados da pesquisa mostram, por exemplo, que 83% já tiveram dúvidas se o preço anunciado tinha alguma margem para negociação”, explica.
“Existe hoje uma assimetria de informação no mercado imobiliário que dificulta a jornada de quem precisa precificar um imóvel e também de quem busca entender qual o valor adequado a se pagar. Os achados da pesquisa Datafolha reforçam isso. Na Região Metropolitana de BH, 85% dos entrevistados sentem que é difícil obter informações precisas sobre qual é o preço adequado para um determinado imóvel”, considera o gerente.
De acordo com o levantamento, há uma percepção geral no mercado de que os preços são inflados para a concessão de descontos.
Saiba mais detalhes sobre a negociação de imóveis da RMBH
- Mais da metade dos entrevistados (51%) acredita que proprietários colocam o preço acima já contando com o desconto na negociação,
- 30% relatam que os donos de imóveis estipulam o valor que estão dispostos a aceitar e abrem pouco espaço para negociação.
- Apenas 19% dizem que os proprietário de imóveis precificam no patamar que estão dispostos a fechar um acordo sem flexibilidade.

Ainda segundo a pesquisa, 85% dos entrevistados sentem que é difícil obter informações precisas sobre o preço adequado de um imóvel na RMBH. Esse obstáculo é comum entre aqueles que desejam comprar, vender ou alugar, uma vez que mais da metade dos entrevistados (61%) afirma que o preço é determinante na hora de tomar uma decisão no mercado imobiliário.
De acordo com Reis, isso acontece porque faltam dados abertos. “Mesmo os poucos registros públicos disponíveis são pouco acessíveis. Isso resulta num desequilíbrio de preços que prejudica todo o mercado imobiliário. Em BH, ‘ter fontes confiáveis para se orientar sobre os valores cobrados’ aparece em 1º lugar na lista de maiores obstáculos apontados na pesquisa. Então, a dificuldade está em obter mais informações de forma fácil, ágil e assertiva”, enumera.
Além disso, para inquilinos e compradores, encontrar imóveis na RMBH dentro do valor que podem pagar, é a maior dificuldade, citada por 46% dos participantes.
“A incerteza em torno do preço é uma barreira para uma maior liquidez no mercado imobiliário. É fundamental que inquilinos, compradores e proprietários tenham o máximo de informações disponíveis para que possam tomar decisões mais assertivas. A pesquisa mostra que, na RMBH, 61% disseram já ter deixado de fazer negócio porque não conseguiram saber se o preço fazia sentido ou estava adequado”, afirma o gerente.
Na Grande BH, 45% dos proprietários entrevistados afirmam gastar entre uma semana e um mês para precificar o imóvel – percentual acima do registrado no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Para o Thiago Reis, o cenário ideal consistiria em um ambiente com o máximo de informações disponíveis, tanto para quem está precificando o imóvel como para quem está na busca de um lugar para morar.
“Hoje a saída é fazer uma pesquisa em portais de imobiliárias e classificados online para balizar o valor, consultar indicadores precisos no mercado e utilizar apps e ferramentas que ajudem no processo de precificação, como as calculadoras de preço. É possível melhorar ainda mais esse cenário, mas isso depende também de mais dados abertos, por parte dos órgãos públicos, disponíveis para a consulta da população”, explica.
Veja dicas para quem está vivendo esse dilema de comprar ou vender imóveis na RMBH
- Buscar o máximo de informações possíveis para precificar de forma correta o imóvel.
- Iniciar uma pesquisa com antecedência é sempre o melhor caminho.
- A própria pesquisa Datafolha mostra que os proprietários na região metropolitana de BH demoram, em média, 24 dias para definir o preço “ideal”. Resumindo: é preciso tempo para conseguir balizar o valor com outros imóveis similares.
- Além disso, é extremamente importante a utilização de ferramentas de precificação para auxiliar nessa tarefa.
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