Economia

Edital de concessão do metrô de BH será publicado em setembro

TCU aprova processo de privatização do modal, abrindo caminho para realização do certame neste ano
Edital de concessão do metrô de  BH será publicado em setembro
O preço mínimo para a realização do leilão do metrô de Belo Horizonte foi fixado em R$ 22,81 milhões | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

O edital de concessão para privatizar o metrô de Belo Horizonte será divulgado oficialmente em setembro. A informação foi confirmada pelo subsecretário de Transportes da Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) em Minas Gerais, Gabriel Ribeiro Fajardo. A definição ocorre após o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovar ontem o processo de desestatização. 

Segundo o subsecretário, a liberação do TCU dá sequência a passos importantes. “Teremos a venda da Companhia Brasileira de Transporte Urbano (CBTU) em Minas e a privatização do metrô. Já a publicação do edital ocorrerá em setembro, enquanto a nossa expectativa é que o leilão ocorra ainda neste ano, com as assinaturas do contrato para o ano que vem”. 

Em decisão unânime, o processo envolvendo a privatização do metrô se deu com a conferência do ministro do TCU, Bruno Dantas. Já a defesa do processo de desestatização teve como relator o ministro Vital do Rêgo. 

Definições 

De acordo com o relatório, a desestatização abarcará a privatização do Veículo de Desestatização MG Investimento (VDMG), por meio da totalidade da participação da União. Vital do Rêgo afirma que a outorga de concessão terá o prazo de 30 anos por parte do Estado de Minas Gerais. “O contrato será via CBTU, prevendo a gestão, operação, manutenção e ampliação da linha 1, além da criação da linha 2 do modal”, confirma.

No contexto dessa desestatização, ainda foi aprovada a transferência por parte da União e da CBTU para o Estado dos bens imóveis do referido serviço de transporte de passageiros. 

“Inicialmente foi realizada a estruturação da Secretaria da Unidade Societária da CBTU em Minas Gerais. Também foram criadas cinco secretarias subsidiárias integrais, em especial a Superintendência de Belo Horizonte. O capital social da VDMG foi estabelecido em R$ 2,8 bilhões, o que representa 1,6 milhão de ações ordinárias sem valores nominais”, detalhou o ministro e relator. 

Segundo Rêgo, para a privatização, é prevista a realização do leilão em que será considerada a maior oferta. “O preço mínimo foi fixado em R$ 22,81 milhões. Contudo, será exigido da vencedora do leilão como condição para a assinatura do contrato cumprir algumas exigências. O primeiro será a ordem de realizar um aumento de capital da CBTU no valor de R$ 227 milhões, além de manter os empregos pelo período mínimo de 12 meses”, reforçou.

A linha 1 do metrô possui atualmente 28 km de extensão e 19 estações. Delas, uma está na cidade de Contagem, na região metropolitana. Já outras 18 estações se encontram no perímetro urbano da capital mineira. 

Intervenções

A linha 1 terá a ampliação de 2 km, construção da estação Novo Eldorado, em Contagem, e reforma de todas as estações em Belo Horizonte. Essa configuração deve ficar pronta a partir do quarto ano de concessão, ou seja, em 2025. 

No caso da linha 2, os trilhos tiveram a sua construção iniciada, mas se encontra paralisada e inacabada desde 2004, conforme ressalta o relator. “Ela corresponde a 6,5 km do total previsto de 11 km. Para ela, serão construídas 7 estações, destacando-se a estação Nova Suíça, que fará integração com a linha 1 e a estação do Barreiro”, conta.

Vital do Rêgo ressalta ainda que a linha 2 surge para atender a uma demanda antiga proveniente do crescimento populacional da capital mineira e da oferta de transporte público. “Essa linha chegará a uma extremidade de Belo Horizonte, que é o Anel Rodoviário e interceptará as avenidas Amazonas e Tereza Cristina”, afirma. 

Demanda

O número de passageiros transportados pela CBTU em Minas passou de 60 milhões em 2016 para o patamar de 21 milhões em 2020 e 2021 em razão do cenário de pandemia. A estimativa de demanda é de 43 milhões de passageiros até o final deste ano, o primeiro de concessão. Enquanto em 2027, sexto ano de contrato, é previsto atender cerca de 78 milhões de passageiros.

O ministro Antonio Anastasia destacou que o tema da desestatização não é simples e nomeou a tentativa pela concessão pelo termo de “calvário de quase duas décadas”. Ele ressalta que desde 2002 são discutidas pautas para a resolução do problema. 

“O resultado é que houve um esforço do poder Executivo federal em pôr harmonia com o governo mineiro na tentativa de identificar uma solução. A proposta é uma pauta muito bem positiva e também que reforça uma necessidade social. A tão sonhada expansão do metrô visa ainda à contratação de novos empregados. É um resgate crucial de um sonho que Minas Gerais tem”, pontua Anastasia.

O outro lado 

Diante da aprovação de privatização por parte do TCU, os metroviários do modal em Belo Horizonte anunciaram ontem algumas decisões imediatas. Dentre as definições, foi convocada a manifestação por meio de greve total dos serviços ao longo de hoje (25), podendo se estender por tempo indeterminado. Além da paralisação, o movimento fará ainda ações de panfletagem em estações que compõem a rede metroferroviária. 

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