Eletrobras levanta R$ 29,2 bilhões em segunda maior oferta do ano no planeta

A Eletrobras confirmou na sexta-feira (10) que sua oferta de ações para privatização foi precificada em R$ 42 por ação, levantando um total de R$ 29,29 bilhões, na segunda maior oferta de ações do ano no mundo.
O valor incluiu uma oferta primária de 627.675.340 novas ações ordinárias emitidas pela empresa, através das quais o governo brasileiro diluiu sua participação, e uma oferta secundária de 69.801.516 ações já detidas pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Se considerado o lote suplementar de ações destinado à estabilização de preços, aumentando a oferta em 15%, o valor total da capitalização da Eletrobras sobe para R$ 33,68 bilhões.
Segundo fontes com conhecimento da transação, a demanda pelo negócio foi forte e permitiu que o lote adicional fosse vendido, tornando-se a segunda maior oferta de ações do mundo este ano, atrás da empresa de sul-corena LG Energy Solution, que levantou US$ 10,7 bilhões .
A Reuters havia informado os preços na quinta-feira (9), citando duas fontes com conhecimento do assunto.
A cotação de R$ 42 representa um desconto de 1,17% em relação ao preço de fechamento das ações da Eletrobras na quinta-feira. Nesta sexta-feira, as ações Eeletrobras PNB caiu 6,59% e Eletrobras ON perdeu 4,74%, a R$ 41.
A demanda pelos papéis atingiu quase R$ 70 bilhões, e a operação foi a maior oferta de ações em 12 anos no Brasil, desde a capitalização da Petrobras em 2010.
A privatização da elétrica é vista como crucial para o presidente Jair Bolsonaro, que até agora entregou poucas das vendas de ativos estatais que prometeu antes de assumir o cargo em 2019.
Bolsonaro, cujo governo defende o livre mercado, deve enfrentar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva –um opositor declarado das privatizações– no primeiro turno das eleições presidenciais em 2 de outubro.
Ao contrário de outras grandes vendas de ativos estatais, nenhum investidor, estrangeiro ou nacional, assumiu o controle da empresa por meio do processo. O modelo da Eletrobras estabeleceu um teto de direito de voto de 10% em participações individuais. A Eletrobras ainda não confirmou sua nova estrutura acionária.
Do lado da companhia, a expectativa de analistas é que a privatização permita maior fôlego financeiro para investir em fontes de geração renovável e novas tecnologias, corte de custos e despesas e diminuição dos mais de R$ 80 bilhões. Eles ponderam que a “virada de chave” não deve ocorrer no curto prazo, mas faz parte de um processo que pode demorar anos para ser concluído.
Contudo, a maior parte dos recursos da capitalização, ou cerca de R$ 25 bilhões, será destinada para a geradora renovar contratos de concessões de 22 usinas hidrelétricas para um novo formato, fora do regime de cotas, que travava ganhos de receita.
Com a renovação contratual, a geradora poderá se beneficiar da dinâmica de preços a partir da venda de energia no mercado livre, que promete se expandir nos próximos anos com a abertura para novas classes de consumidores, até mesmo residenciais.
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