Economia

Eletrobras: sem tração para privatização, presidente renuncia

Eletrobras: sem tração para privatização, presidente renuncia
#Economia| Imagem: Pexels / Arte: Will Araújo

São Paulo – Wilson Ferreira Junior decidiu renunciar à presidência da Eletrobras após avaliar que o processo de privatização da elétrica não tem a tração que deveria para ser concluído, segundo explicou o executivo a analistas e jornalistas ontem. Ele deverá assumir a liderança da BR Distribuidora.

Ferreira, que fez carreira no setor privado e foi indicado para assumir o comando da elétrica em junho de 2016, ainda no governo do ex-presidente Michel Temer, permanecerá na função até 5 de março, visando a ajudar na transição para um sucessor ainda a ser indicado, segundo informou a elétrica.

Ele foi mantido no cargo na transição para a administração de Jair Bolsonaro, sob expectativas de que liderasse a continuidade de planos para a privatização da companhia.

O executivo, que antes da Eletrobras presidiu por 18 anos a CPFL Energia, destacou que houve empenho e compromisso do Ministério de Minas e Energia para realizar a privatização da Eletrobras, mas que o processo foi adiado durante a pandemia e encontra resistência no Congresso.

“Nós não conseguimos ver a tração que esse processo… deveria ter. É uma percepção pessoal. E em cima dela foi que eu tomei essa decisão anunciada ontem”, disse Ferreira.

O projeto de lei para a desestatização da Eletrobras foi encaminhado pelo Ministério de Minas e Energia do atual governo ao Congresso no final de 2019 e sequer teve relator definido até o momento.

Não é prioridade – A corretora XP Investimentos disse, em nota clientes, que a permanência de Ferreira na Eletrobras estava atrelada ao andamento da desestatização e destacou que sua saída “ocorre em meio à sinalização dos principais candidatos à presidência da Câmara e do Senado de que a privatização da estatal não é prioridade”.

O candidato da gestão Bolsonaro à presidência do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na semana passada que a privatização da Eletrobras não seria uma prioridade.

Também na semana passada, a candidata do MDB à chefia do Senado, Simone Tebet, disse que seria difícil saber neste momento se o projeto de desestatização seria aprovado em 2021.

As declarações dos políticos derrubaram as ações da Eletrobras, que acumulam desvalorização de cerca de 15% neste ano.

Em comunicado, o Ministério de Minas e Energia ressaltou que Ferreira liderou um processo de melhoria da eficiência operacional e frisou que será dado prosseguimento às ações de redução de custos e de aprimoramento da estratégia de sustentabilidade da Eletrobras.

A pasta informou ainda que Ferreira permanecerá membro do conselho da Eletrobras e reiterou que o governo federal entende que “a capitalização da Eletrobras é essencial e necessária para a recuperação de sua capacidade de investimento”.

Ferreira foi convidado a assumir na BR a posição ocupada hoje por Rafael Grisolia, que deixará a maior distribuidora de combustíveis do Brasil no fim deste mês. Grisolia ingressou na BR em 2017 como diretor-executivo Financeiro e de Relações com Investidores para a condução de seu IPO e, desde 2019, ocupava o posto de presidente. (Reuters)

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