Em baixa, gasolina acumula alta de 40% na gestão Bolsonaro

São Paulo – Mesmo com a queda de 8,4% no preço da gasolina em 2022, os preços nas bombas registram alta acumulada de 39,9% na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ontem, começou a valer uma redução nos preços cobrados pela Petrobras nas refinarias. A decisão da estatal é motivada pela queda do petróleo no mercado internacional.
Além disso, a gasolina também começou a cair recentemente por causa de leis aprovadas no Congresso que limitaram a cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis nos estados.
A gasolina subiu muito na primeira metade do ano, chegando a bater R$ 7,39 o litro no final de junho, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em julho, porém, teve uma queda abrupta, por vários motivos. Com isso, a gasolina ficou 8,4% mais barata no acumulado do ano. No final de dezembro de 2021, o preço médio era de R$ 6,63. Na semana passada, o dado mais recente, passou para R$ 6,07 (R$ 0,56 a menos). Esse preço ainda não reflete a redução feita ontem pela Petrobras.
Os valores são nominais, ou seja, não consideram a inflação do período.
Apesar da queda em 2022, a gasolina subiu muito nos outros anos do atual governo. Como resultado, sob Bolsonaro, a gasolina acumula alta de 39,9%. No final de 2018, antes de o atual presidente assumir, a gasolina custava, em média, R$ 4,34. Significa um aumento de R$ 1,73 na comparação com o preço médio da semana passada (R$ 6,67).
Em junho, o Congresso aprovou uma lei de interesse do governo Bolsonaro, que limitou a 17% ou 18% a cobrança de ICMS nos estados. O valor máximo aplicado depende do percentual cobrado, em cada estado, dos itens considerados essenciais. Todos os 26 estados e o Distrito Federal começaram a reduzir o imposto para seguir a nova lei. O impacto dos cortes chegou às bombas.
Além de mexer nos impostos estaduais, a lei aprovada pelo Congresso também zerou a cobrança de impostos federais sobre a gasolina até o fim de 2022. Foram zeradas as cobranças de PIS/Pasep, Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Público).
A Petrobras reduziu em R$ 0,20 por litro o preço da gasolina nas refinarias. O valor passa de R$ 4,06 para R$ 3,86 (-4,93%). Mas não há garantia de que os preços vão cair para o motorista, ou cair na mesma proporção. As distribuidoras e os postos são livres para definir seus preços.
A Petrobras adota uma política que atrela os preços dos combustíveis às cotações do dólar e do petróleo no mercado internacional. O petróleo, especialmente, subiu muito no início do ano, principalmente por causa da Guerra na Ucrânia. Na esteira dessa alta, a Petrobras fez sucessivos aumentos nos preços. Agora, porém, o petróleo está em queda. O preço do barril, que chegou a rondar US$ 140, custa hoje menos de US$ 110.
É por isso que a Petrobras resolveu reduzir os preços, pela primeira vez desde dezembro do ano passado. (Uol/ Folhapress)
Preço no País ainda está longe dos mais baratos
Rio de Janeiro – Com a queda acumulada nas últimas semanas, o preço da gasolina brasileira avançou no ranking dos mais baratos do mundo, mas ainda está longe de alcançar o topo da lista, como afirmou o presidente Jair Bolsonaro (PL) na terça-feira (19).
Segundo o site Global Petrol Prices, o Brasil ocupava na segunda-feira (18) a 44ª posição em um ranking de 169 países, com a gasolina sendo vendida, em média, a US$ 1,12. Na semana anterior, a lista do site trazia o País em 47º lugar.
O avanço é resultado dos cortes de impostos federais e estaduais no fim de julho, que já provocaram uma queda acumulada de 17,8% no preço médio de venda do combustível, de acordo com a pesquisa semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A tendência é que o ciclo de queda se mantenha, principalmente após a redução do preço cobrado pela Petrobras em suas refinarias, que começou a vigorar ontem. Com corte de 4,9% no preço de refinaria, a estatal estima impacto de R$ 0,15 por litro na bomba.
“Brevemente o Brasil terá uma das ‘gasolina’ mais barata do mundo”, comemorou o presidente da República em uma rede social.
Para figurar entre as 20 mais baratas do mundo, porém, o valor da gasolina brasileira tem que cair à metade, alcançando os US$ 0,62 da Arábia Saudita, a 20ª colocada no ranking da Global Petrol Prices.
Se o repasse de R$ 0,15 por litro esperado pela Petrobras chegar integralmente às bombas, por exemplo, o Brasil pode ganhar duas ou três posições, dependendo do comportamento da taxa de câmbio nos próximos dias.
Embora a gasolina seja uma commodity internacional, seu preço final tem grande variação de preços no mundo, de acordo com fatores como carga tributária e políticas de preços dos variados países.
Embora os cortes de impostos tenham potencial de garantir impacto positivo na inflação e alívio ao bolso do consumidor nos próximos meses, os efeitos serão limitados no médio prazo, já que só têm validade até dezembro.
A lei aprovada pelo Congresso prevê o retorno da cobrança de PIS/Cofins sobre a gasolina em janeiro de 2023. Até a aprovação da lei, os dois impostos custavam ao consumidor R$ 0,69 por litro.
Há incertezas ainda sobre como ficará a cobrança do ICMS, já que estados questionam no Supremo Tribunal Federal lei que alterou o modelo de cobrança do imposto, criando uma alíquota única em reais por litro.
No ranking do preço do diesel, o Brasil ocupa a 80ª posição, com o preço médio de US$ 1,38 por litro. O governo vem tendo dificuldades para baratear o produto, que já tinha impostos federais zerados e alíquotas de ICMS abaixo do teto na maior parte dos estados. (Nicola Pamplona, por Folhapress)
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