Economia

Em meio a um cenário nebuloso, setor em MG mantém cautela

Em meio a um cenário nebuloso, setor em MG mantém cautela
Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

O conflito no Leste europeu, iniciado após a invasão russa à Ucrânia, tem contribuído para mudanças em diversos setores, principalmente naquilo que diz respeito aos valores de insumos e custos logísticos. Especificamente sobre a indústria e o mercado de joias, os efeitos sentidos não são ou serão, até o momento, diretos.

Eles podem ocorrer indiretamente caso o dólar tenha variações positivas frente ao real brasileiro, conforme analisa o presidente do Sindicato das Indústrias de Joalherias, Ourivesarias, Lapidações e Obras de Pedras Preciosas, Relojoarias, Folheados de Metais Preciosos e Bijuterias no Estado de Minas Gerais (Sindijoias-MG), Manoel Bernardes. 

A recuperação lenta que o setor esboça, neste momento, é resultado, porém, dos reflexos da pandemia da Covid-19. O desempenho lento e o cenário cauteloso projetado pelo mercado em Minas Gerais dão conta de que o crescimento não deve ser superior a 5% ou 7% no volume de vendas, um patamar bastante parecido com aquele previsto para o ano passado, quando as perdas da Covid-19 ainda ditavam o ritmo do setor. 

“A demanda não está aqui aquecida e o consumidor, neste momento, costuma ser menos ousado no design, e aposta em joias atemporais e naquelas que terão seus valores conservados. As joias têm muitos valores emocionais, elas se valorizam com o tempo e representam o afeto. Por isso, elas são boas possibilidades e também uma opção para aquelas pessoas que querem investir”, afirma Bernardes. 

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Setor de gemas

De acordo com o presidente da Câmara de Gemas do Sindijoias Ajomig, Murilo Graciano, no mercado de gemas, composto basicamente pelas pedras preciosas extraídas de matérias orgânicas, as negociações ainda não indicam mudanças expressivas, uma vez que não há dependência de insumos para sua lapidação ou transformação. O que muda, no entanto, é que a Rússia, importante comprador de pedras, pode reduzir a quantidade de produtos importados, o que não significa que os preços podem cair e tornar o mercado atrativo para a compra de joias. 

“O conflito no Leste europeu não é um fator que irá determinar o decréscimo de preços das gemas. Apesar de ser importante, a Rússia não irá influenciar nesse sentido porque temos outros mercados. E, como estamos falando de um produto natural, não existe uma oferta tão grande. Na verdade, a gente tem uma certa escassez de gemas”, afirma Graciano. 

A reação do mercado, ainda segundo ele, deve ser sentida nos próximos dias, mas, até o momento, o temor para o setor está no fechamento de eventos que voltaram a ocorrer após os períodos mais críticos da pandemia da Covid-19. Atualmente, segundo Murilo Graciano, os mercados que se sobressaem na importação de gemas brasileiras e mineiras, principalmente, são os Estados Unidos, a China e países asiáticos, além da Alemanha e da França. 

“Como todos os mercados, o de gemas também foi afetado pela pandemia. Porém, muitas empresas começaram a escoar suas pedras por meio da exibição em catálogos virtuais. O cenário atual, com o retorno de feiras internacionais, nos leva a refletir que nos próximos meses também tenhamos sucesso nas negociações de pedras preciosas”, analisa Graciano. 

O setor em Minas 

Com forte apelo para exportação, as joias e pedras produzidas, além de outros materiais que circulam no mercado, em Minas Gerais somaram quase US$ 2 bilhões em valor de FOB (da sigla Free on Board, em inglês) — quando a responsabilidade pelo transporte é do comprador. No total, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Serviços, os produtos exportados somaram o valor de US$ 1.914.366.147,00. 

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