Em MG, pedidos de benefício para desempregados aumentam 48,6%

A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e as medidas de distanciamento social, que incluem a suspensão de diversas atividades econômicas continuam afetando fortemente o mercado de trabalho.
Não bastasse o efeito negativo na geração de postos em Minas Gerais e em todo o País, o Estado segue registrando também grande volume de pedidos de seguro-desemprego.
Em maio, foi registrado avanço de 48,6% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. A perspectiva é que a flexibilização, que já começa a ocorrer nos principais centros de consumo, desacelere o movimento.
Minas registrou, ao todo, 103.329 requisições do benefício em maio, conforme dados da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia. Mais uma vez, o Estado apresentou o segundo maior volume de pedidos em todo o País, ficando atrás apenas de São Paulo, que registrou 281.360 solicitações. O Rio de Janeiro apareceu em terceiro, com 82.584 registros. Em âmbito nacional o número chegou a 960.258.
O volume segue em alta. Na comparação com abril houve aumento de mais de 20%, uma vez que as solicitações do benefício em Minas tinham somado 86.020 naquele mês. Já na comparação com igual período de 2019 a elevação foi de 48,6%, pois em maio do ano passado os pedidos de seguro-desemprego chegaram a 69.530.
Assim, no acumulado dos cinco primeiros meses de 2020, Minas Gerais já atingiu 371.447 pedidos do auxílio, enquanto de janeiro a maio de 2019 este número era de 330.593, indicando alta de 12,3% entre os exercícios.
Segundo o professor da área de Seguros e Previdência da Fipecafi, instituição ligada à FEA-USP, Marcelo Neves, não fossem as ações adotadas pelo governo federal, por meio da medida provisória (MP) 936/2020, que autoriza a suspensão de contratos de trabalho e a redução de jornadas e salários durante a pandemia, a situação seria muito pior.
Ele explicou que quando a doença chegou ao Brasil, no fim de fevereiro, o País estava se recuperando dos impactos causados pela crise econômica dos anos anteriores e o mercado de trabalho se encontrava em ascensão. Em meados de março, porém, com as primeiras medidas de distanciamento social, o movimento foi interrompido.
“Isso reflete o atual momento vivido não apenas por Minas, mas por todo Brasil, com as paralisações, que têm, como consequência, o aumento gradativo dos requerimentos de seguro-desemprego. Tivemos incremento de março para abril, de abril para maio e, possivelmente, teremos em junho”, afirmou.
Retomada – Este movimento, porém, poderá variar nos grandes centros, como a capital mineira, que já começam a adotar a flexibilização e a reativação de algumas atividades, conforme Neves. Segundo ele, a partir da volta do comércio, mais especificamente das lojas de rua e pequenos negócios, já será possível ter um mínimo de atividade econômica e evitar que a situação continue se deteriorando.
“É preciso lembrar que quem mais emprega no País são os micro e pequenos empresários. A partir da retomada desta parcela já será possível diminuir a velocidade do desemprego nas grandes cidades. Mas a recomposição do mercado de trabalho, provavelmente, só ocorrerá no ano que vem”, ponderou.
De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), apenas a segunda fase de reabertura da cidade, realizada no último dia 8 (segunda-feira), contemplou 5.323 empresas e 8.137 microempreendedores individuais (MEIs).
Essas atividades representam cerca de 15 mil empregos formais no município. Com a inclusão desses estabelecimentos na flexibilização, somada aos que já estavam em funcionamento nas fases 1 e de controle, cerca de 89,6% das atividades privadas da Capital já estão autorizadas a funcionar, representando a retomada de 91,9% dos empregos.
Conforme já publicado, estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) apontou que a crise do Covid-19 poderá deixar 12,6 milhões de pessoas desempregadas no País, elevando a taxa a 23,8%, além de uma contração recorde de quase 15% na renda dos trabalhadores.
O mesmo estudo mostrou que mesmo com as medidas tomadas pelo governo federal para garantir renda extra a trabalhadores formais e informais, que somam R$ 170 bilhões, a massa salarial deve cair 5,2%, baixa recorde da série iniciada em 2003. Sem as medidas, a queda seria de 10,3%.
Ouça a rádio de Minas