Entre as siderúrgicas de Minas, Usiminas tende a ser a mais afetada por ‘tarifaço’ dos EUA

Entre as siderúrgicas que produzem em terras mineiras, a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) tende a ser mais afetada pelo “tarifaço” dos Estados Unidos sobre o aço importado pelo país, de acordo com analistas consultados pelo Diário do Comércio.
O analista de mercado e CEO da iHub Investimentos, Paulo Cunha, pontua que a empresa de Ipatinga, na região do Vale do Aço, tem um peso significativo para o Estado, o que pode refletir na geração de empregos e na economia local.
Conforme o especialista da Valor Investimentos, Virgilio Lage, a siderúrgica exportou, em 2023, aproximadamente 13% da produção para países da América do Norte – a companhia, que não detalha os números por país, não divulgou o balanço de 2024 até o momento.
Ainda que na lista de produtoras de Minas Gerais, a Usiminas seja, possivelmente, a que será mais impactada pela tarifa de 25% sobre as importações americanas de aço, o impacto da medida na empresa não deverá ser tão relevante.
Segundo o head de renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno, as exportações diretas da companhia ipatinguense para o mercado americano são pequenas e apenas cerca de 5% de sua receita vem dos embarques para o país.
Além da Usiminas, ArcelorMittal, Ternium e CSN também devem sofrer impactos
Presente em Minas Gerais, com usinas em Juiz de Fora, João Monlevade e Sabará, a ArcelorMittal é mais uma siderúrgica que deve sofrer efeitos da sobretaxa, dizem analistas. Contudo, os principais embarques da empresa para os Estados Unidos não saem do Estado.
Considerando as siderúrgicas que produzem aço em outros locais do Brasil, a Ternium, que, embora seja a maior acionista da Usiminas, não tem usina própria em solo mineiro, e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que tem operações no Estado, mas relativas a atividades como mineração e produção de cimentos, também podem ser afetadas.
De acordo com Moliterno, entre todas as produtoras de aço mencionadas, a tendência é que a CSN seja a mais impactada. Conforme ele, a empresa exporta quase 20% da produção para os Estados Unidos e em torno de 15% de sua receita vem de vendas para o exterior.
Gerdau pode se beneficiar com tarifas
Por outro lado, a Gerdau, maior empresa brasileira do ramo siderúrgico, é vista por analistas como uma das poucas siderúrgicas que não serão impactadas pelo “tarifaço” americano.
As análises são de que a companhia, que tem sua maior usina no mundo localizada na cidade mineira de Ouro Branco, deve ser, inclusive, beneficiada pela medida, uma vez que mantém unidades de produção de aço nos Estados Unidos.
“Com as operações locais, a empresa pode atender o mercado americano sem incorrer em novas tarifas de importação, potencialmente aumentando a competitividade nos Estados Unidos”, destaca o especialista da Valor Investimentos, Virgilio Lage.
“Embora a tarifa de 25% represente um desafio para o setor, sobretudo para as empresas com forte dependência do mercado americano, ainda há oportunidades para diversificação nos mercados. Nessa adaptação estratégica, empresas com presença internacional ou operações nos Estados Unidos, como a Gerdau, podem encontrar uma maneira de mitigar os impactos ou até se beneficiar dessas mudanças no cenário comercial”, conclui.
Conforme a própria Gerdau, a empresa possui operações nos Estados Unidos voltadas para o consumo interno e não exporta para o país.
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