Emccamp descarta IPO em 2025 e planeja investir R$ 1,5 bilhão no ano

A incorporadora mineira Emccamp descartou abrir capital em 2025 na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, mas mantém o interesse em futuramente fazer uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), afirmou o vice-presidente executivo da companhia, André Campos, nesta sexta-feira (14), em evento da multi family office Nau Capital, em Belo Horizonte.
Ainda sem os números do desempenho de 2024 consolidados em balanço, a expectativa da construtora em 2025 é que o faturamento cresça 50% e os investimentos alcancem R$ 1,5 bilhão no mercado imobiliário do Sudeste do País, revelou o executivo. Também neste ano a empresa pretende fazer lançamentos que devem gerar o mesmo valor dos investimentos.
“Esse ano não tem essa janela (favorável para IPO) ao que tudo indica, claro que a gente sempre pode ser surpreendido, mas isso tem muito a ver com o próprio juro americano, com o próprio momento do Brasil, as incertezas e tudo mais. Então, não vejo ser um bom momento para fazer um IPO no nosso setor”, disse André Campos.
Há três anos a Emccamp realizou o processo de abertura de capital na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e está preparada para realizar uma oferta na Bolsa de Valores de São Paulo a qualquer momento, garantiu o vice-presidente da empresa mineira. Mas ele apontou também que a empresa está confortável para esperar alguns anos para realizar o IPO.
“Como qualquer bom negociador, você só vai dispor da sua empresa, seus bens, o que for, num momento adequado, numa boa venda ou quando está precisando muito do recurso”, observou Campos. “Óbvio, recurso financeiro a mais sempre é muito bom, mas não estamos com essa necessidade e só vamos fazer quando for um bom negócio pra gente”, completou.
Se para este ano não há momento favorável para um IPO, o martelo da construtora belo-horizontina não está batido para 2026, ano de eleições gerais, que devem gerar certa instabilidade no mercado financeiro. “No curto prazo, um IPO está descartado e, no médio prazo, a gente tem apetite pra fazer”, ressaltou o executivo.
Quando se interessou pelo IPO, a Emccamp não estava preparada para a primeira onda de ofertas que apareceu, segundo André Campos. Assim que uma nova leva de IPOs surgiu, a construtora já estava bem avançada no processo de abertura de capital, mas optou por adiar a entrada na bolsa por um descompasso entre o que a empresa acreditava e o que o mercado financeiro pretendia. A questão agora é o momento do cenário econômico nacional e global.
O vice-presidente da Emccamp ressalta que o foco da empresa no processo de abertura de capital foi alcançado, ao desenvolver sua governança, perenidade, conselho externo, compliance, auditorias, entre outras medidas de profissionalização.
“Esse é um grande passo para uma empresa. Você estrutura a sua empresa de maneira que você fica muito mais blindado, profissionalizado. Então, esse primeiro e grande passo foi conquistado. A venda das ações vai ser num momento propício, quando tiver uma boa negociação, nós vamos ao mercado. E se não tiver, também, vamos continuar assim”, disse.
Instabilidade também é oportunidade para Emccamp
O ano de 2025 começou como um período desafiador para o mercado imobiliário, com a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em patamar elevado e a desconfiança do mercado financeiro frente à situação fiscal do País. Além disso, a falta de mão de obra tem sido mais uma barreira que o setor de construção civil tem enfrentado nos últimos anos.
André Campos pontua que, em meio aos desafios do setor, a instabilidade no País também é um momento em que as pessoas optam por investir em imóveis, pela segurança proporcionada por este tipo de investimento. Além disso, a grande demanda nacional por habitação e a necessidade de infraestrutura faz a Emccamp manter as previsões de crescimento neste ano.
“É muito engraçado, porque ao mesmo tempo que freia um pouco a compra porque o juro está alto, a instabilidade, a pessoa que tem um recurso, ela pensa: ‘bom, vou colocar isso aonde?’ – o imóvel sempre é uma boa opção, uma das melhores, segura, sempre rentabiliza, então uma coisa equaciona a outra, e, como no caso da nossa empresa, que é focada num mercado econômico, existe uma demanda absurda no País”, analisou.
Ouça a rádio de Minas