Emissão de gás carbônico de MG atinge o maior nível desde 2014

Minas Gerais emitiu 168,2 milhões de toneladas brutas de gás carbônico (CO2) em 2021. Isso representa a maior alta desde 2014, quando foram emitidos 173,9 m/t CO2. Em relação a 2020, houve um aumento de mais de 8% (155,5 mi/t CO2). Os dados são da 10ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (Seeg).
Conforme o relatório, Minas Gerais foi o terceiro Estado da Federação no ranking de emissões de gases do efeito estufa (GEE). A sua frente ficaram Mato Grosso (2º) e Pará (1º). A principal fonte de emissão de gases na atmosfera foi a agropecuária com 36% dos lançamentos. Em seguida vieram a mudança de uso da terra e florestas (22%), energia (21%), processos industriais (16%) e resíduos (5%).
Dos cinco setores da economia, quatro apresentaram crescimento em 2021 na comparação com 2020, a exceção foi resíduos, com baixa de 3,1% (de 9,3 m/t CO2 para 9,1 m/t CO2). A maior elevação na emissão de gases entre os períodos foi na mudança de uso de terras e florestas, com alta de 20,1% (de 31,3 m/t CO2 para 37,6 m/t CO2). Ainda de acordo com o Seeg, os processos industriais tiveram o maior número de emissões de gases do efeito estufa desde o início da série histórica em 1990 (26,1 m/t CO2).
As principais fontes de origem dos lançamentos de 2021 foram o gado de corte, com 35 milhões de toneladas de CO2. Logo após aparecem alterações de uso de terra na Mata Atlântica do Estado (21,6 m/t CO2) e transportes (21,3 m/t CO2).
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Resultado nacional
No Brasil, as emissões também voltaram a crescer e atingiram o maior patamar desde 2006, com o lançamento de 2,42 bilhões de toneladas brutas de CO2. Na comparação com 2020, houve um aumento de 12,2% (2,16 b/t CO2). Pela primeira vez, desde 1990, o País apresentou alta por quatro anos consecutivos. Além disso, a variação foi a maior em quase duas décadas – só perde para a alta de 20% entre 2002 e 2003, ano do recorde histórico de emissões, puxado pela explosão do desmatamento na Amazônia.
As emissões por desmatamento também foram as principais responsáveis pela elevação no ano passado. O impulso foi o terceiro ano seguido de crescimento da área desmatada na Amazônia e demais biomas, que resultou no aumento de 18,5% nas emissões por mudança de uso da terra e florestas. A atividade, inclusive, respondeu pela maior parte dos lançamentos nacionais (49%).
O secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, lamentou o crescimento dos últimos anos durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Segundo ele, o presidente “tirou o Brasil de uma posição sempre privilegiada nas negociações na Agenda do Clima e colocou como um exemplo de problema a não ser seguido pelo resto do planeta”.
“Está muito claro que nós temos um governo que se revelou uma verdadeira bomba climática, máquina de gerar aquecimento global e jogar carbono para a atmosfera no planeta. Temos um governo que abandonou e negou a agenda de clima e fez tudo o que podia para destruir a governança ambiental do País, especialmente na Amazônia, que é o nosso maior foco de emissões e que, portanto, sempre puxa esses números de emissões brasileiras e durante o governo Bolsonaro tem puxado para patamares mais altos”, afirmou.
A coordenadora de Clima e Cadeias Agropecuárias do Imaflora, Renata Potenza, destacou que mesmo com os compromissos assumidos pelo País na NDC (acordo de Paris), no Compromisso Global do Metano e no Plano ABC, houve recorde de emissões na pecuária e na agricultura. De acordo com ela, “considerando as metas de redução de emissões assumidas na NDC do País para 2025 e 2030, o patamar atual torna o alcance dessas metas cada vez mais distante”.
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