Emplacamento de veículos no Estado registra queda de 17%

Os emplacamentos de veículos em Minas Gerais continuam apresentando resultados negativos em função da falta de componentes eletrônicos e outros insumos. De acordo com o levantamento da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), em setembro, apenas o segmento de motocicletas apresentou alta em relação a agosto. Os demais (automóveis e comerciais leves, caminhões, ônibus, implementos rodoviários e outros) tiveram queda de até 25,94% dependendo do segmento.
Com isso, o Estado encerrou o último mês com uma retração de 17,11% nos emplacamentos frente a agosto. Na comparação com o nono mês do ano passado, a retração é de 28,07%. Apenas no acumulado do ano ainda é registrado resultado positivo de 22,78%.
No Brasil, em setembro, o setor também fechou com resultado negativo frente ao mês anterior. No período, foi registrada retração de 4,43% nos emplacamentos. Em relação a setembro de 2020, a queda chegou a 14,37%. O total de veículos emplacados no mês foi de 281.054 unidades. Apesar dos recuos, no ano os novos registros estão 21,34% maiores que os de janeiro a setembro de 2020.
Momento crítico
Em nota, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, explica que a queda no desempenho dos emplacamentos acontece no mundo e é resultado da falta de componentes eletrônicos, principalmente. Para ele, o momento atual é o mais crítico no que se refere ao abastecimento. Uma possível regularização dos estoques só é esperada para o próximo ano.
“A falta de veículos novos em função da escassez de componentes na indústria é um fenômeno global, que atinge outros países, como os Estados Unidos, por exemplo. Vivemos, hoje, possivelmente, o ponto mais crítico dessa crise de abastecimento de veículos, mas acredito que, nos primeiros meses de 2022, teremos uma clareza maior sobre a resolução do problema”, disse.
Com os números negativos e a manutenção do cenário de escassez de insumos, a Fenabrave revisou para baixo a expectativa de crescimento dos emplacamentos em 2021. Em julho, a entidade havia divulgado uma projeção de alta de 13,6% sobre 2020. Agora, a previsão aponta avanço de 11,1% para todo o setor.
“Estamos diante de muitas incertezas e da maior crise de abastecimento de veículos já vivida nos últimos anos. Isso nos fez reduzir as expectativas de crescimento para o ano, infelizmente”, explicou.
Conforme os dados da Fenabrave, em setembro foram emplacados no Estado 39.234 veículos, ante 47.331 registrados em agosto, o que representa uma queda de 17,11%.
Foi verificada retração em quase todos os segmentos pesquisados. Em automóveis e comerciais leves as vendas em Minas caíram 22,05%, somando 27.821 veículos. Neste segmento, a maior queda foi verificada em automóveis (-25,94%). Recuo também em ônibus e caminhões, de 15,9%, e em outros, de 13,36%. Apenas o emplacamento de motos cresceu: 3,96%.
Ao longo dos primeiros nove meses do ano, as vendas de veículos novos em Minas avançaram 22,78% e já somam 411.795 unidades.
No acumulado de 2021, o emplacamento de caminhões e ônibus subiu 51,01%. Ao todo, os emplacamentos do segmento chegaram a 13.897 unidades no Estado, frente as 9.501 unidades registradas entre janeiro e setembro de 2020. No segmento de auto e comercial leves, o incremento foi de 22,76%, com o emplacamento de 312.210 unidades.
Belo Horizonte
Em Belo Horizonte, as vendas de veículos novos também ficaram menores em setembro se comparadas com agosto. No mês, foram emplacados 22.432 veículos, queda de 23,55%. Porém, no acumulado do ano, os resultados ainda estão positivos. Ao todo, foram emplacadas, até o nono mês do ano, 253.831 unidades, aumento de 26,02%. Frente a igual mês de 2020, o emplacamento retraiu 36,05%.
Durante setembro, no segmento de auto e comercial leves foram vendidas 20.294 unidades novas, queda de 25,68% se comparado com agosto e de 39,25% frente a setembro de 2020. Com o resultado, no acumulado do ano, as vendas de auto e comercial leves somam 237.177 unidades, variação positiva de 25,65%.
Na capital mineira, em caminhão e ônibus foi registrada alta de 119,15% em setembro frente a igual mês do ano passado, com 412 unidades emplacadas. O volume aumentou para 3.223 veículos do segmento emplacados no acumulado dos primeiros nove meses de 2021, variação positiva de 98,58%. Já na comparação com agosto, houve retração de 21,37%.
Entidades defendem mistura de biodiesel de 10%
São Paulo – A Confederação Nacional do Transporte (CNT) e a associação que representa as montadoras de veículos, a Anfavea, defenderam ontem, em audiência no Senado, que a mistura de biodiesel no diesel seja fixada em 10%, citando que níveis acima desse índice geram problemas para os motores.
Isso significaria uma redução ante os 13% que poderiam estar vigorando pela lei neste ano, conforme regra que prevê aumentos graduais na mistura de biodiesel.
O patamar de 10% é o que está em vigor para o bimestre novembro e dezembro, após o governo reduzir a mistura devido aos altos custos do produto, na esteira da forte demanda por soja, que responde por mais de 70% da matéria-prima do biodiesel no Brasil.
“A CNT está defendendo manutenção de 10%, que é o que está agora”, afirmou o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, durante a audiência. “Acreditamos na mediação do Parlamento… não adianta negar o problema, precisamos fazer política de forma que seja favorável ao País”, acrescentou ele.
Segundo a CNT, a mistura maior de biodiesel gera problemas como o entupimento de filtros, bicos injetores, formação de resíduos em tanques de combustíveis, além de borra no cárter e dificuldades na partida a frio.
Questionada pela Reuters se busca mudar a legislação, a CNT afirmou que “está trabalhando politicamente para solucionar o problema” e que uma das intenções “é fazer o pedido formal” de mudança.
O diretor-técnico da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), Henry Joseph Junior, também defendeu a manutenção da mistura de 10%. “A Anfavea entende que o uso com teores superiores a 10%, com a qualidade e especificações técnicas atuais, não é recomendável”, afirmou Joseph, lembrando que o processo de testes para uma mistura maior, anteriormente, foi atropelado.
Ele disse ainda que outras rotas tecnológicas de produção de biocombustíveis estão sendo adotadas com sucesso na Europa.
O presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda, destacou durante o evento que o setor de postos, como consequência dos problemas do biodiesel, enfrenta reclamações frequentes de caminhoneiros pela qualidade do produto. “Reclamações são frequentes e muitas vezes os postos são processados por proprietários de caminhões”.
Produtores rebatem – Também presente na audiência, o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Fernando Cadore, disse que é preciso melhorar a qualidade e evoluir com as tecnologias, mas não se pode tomar medidas que limitem a produção de biodiesel, como as defendidas por CNT e Anfavea.
“Limitar a incorporação de biocombustíveis não seria uma ação inteligente, pois estaríamos desestimulando a produção”, declarou ele, durante a audiência.
Ele admitiu que o custo do biocombustível ficou “um pouco mais alto” proporcionalmente, diante da queda do petróleo durante a pandemia, mas que isso deve ser equalizado, à medida que o combustível fóssil está subindo novamente.
O presidente da Aprosoja lembrou que o Brasil é fortemente dependente das exportações de soja, especialmente para a China, e limitar o processamento da oleaginosa no País pode afetar a cadeia produtiva.
Do processamento, a indústria produz farelo de soja, importante ingrediente da ração destinada a criações da indústria de carnes, além do óleo, demandado para produzir o biodiesel e consumido para fins alimentícios.
Na mesma linha, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, afirmou que a discussão deve ser em torno de melhorar a qualidade e não de reduzir a mistura. (Reuters)
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