Economia

Vendas de veículos eletrificados mais que dobraram em Minas

Apesar do crescimento, Estado ainda carece de políticas publicas para estimular eletrificação
Vendas de veículos eletrificados mais que dobraram em Minas
Foto: Reprodução Adobe Stock

Minas Gerais está entre os cinco maiores mercados de emplacamentos de veículos eletrificados no Brasil. Até agosto de 2024, o Estado avançou 108% no segmento e registrou 6.518 emplacamentos – no mesmo período em 2023, foram 3.135 unidades.

Os dados, divulgados pela Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) indicam um crescimento exponencial tanto nacional como estadual. No Estado, 401 dos 853 municípios (47%) possuem pelo menos um veículo eletrificado emplacado, correspondendo a aproximadamente 7% das vendas totais do Brasil, que registrou 109.283 emplacamentos entre janeiro e agosto de 2024 – um crescimento de 123%.

Segundo o diretor de Leves da ABVE, Thiago Sugahara, além de reduzir ou não emitir poluentes, o motor elétrico tem se mostrado mais eficiente em um mercado caracterizado como potencialmente promissor para geração de energia limpa. “Notamos que o brasileiro passa a abraçar cada vez mais novas tecnologias e veículos mais eficientes, com maior eficiência térmica e isso se deve à chegada de novos players e novas montadoras no País”, argumenta.

Sugahara acrescenta que, nos últimos dois anos, o mercado de eletrificados passou por importantes transformações, incluindo mudanças nos modelos mais vendidos. Até 2022, ele acrescenta que cerca de dois terços das vendas eram de veículos híbridos, enquanto um terço era híbrido plug-in ou totalmente elétrico e, a partir de 2023, o cenário se inverteu com 100% elétricos correspondendo à maior parte dos novos emplacamentos.

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Em Minas Gerais, os modelos “Veículo Elétrico a Bateria” (BEV) e “Veículo Elétrico Híbrido” (HEV) registrando os maiores crescimentos no último ano com avanços de 621% e 216% respectivamente. Já o maior representante da categoria, os Veículos Híbridos Plugáveis (PHEV) lideram seguem na liderança em número de vendas com avanços de 72%, partindo de 1.220 para 2.093 emplacamentos nos oito primeiros meses de 2024.

Falta de políticas públicas pode frear avanços em Minas

Apesar do crescimento, Minas Gerais apresentou uma ligeira redução no market share nacional em comparação com o último ano. Em 2023, o Estado abarcava uma fatia de 6,4% do total emplacado, enquanto que em 2024, foram 6%.

De acordo com Sugahara, embora esteja entre entre os principais comercializadores de veículos elétricos no Brasil, Minas Gerais ainda carece de políticas publicas para estimular eletrificação. Ao comparar com outros estados, ele destaca que a implementação de políticas públicas locais foram fundamentais para os avanços do segmento.

Entre os exemplos bem-sucedidos citados, está a isenção do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) por cinco anos para veículos elétricos ou híbridos no Distrito Federal – o que colocou Brasília no top 3 em participação no mercado nacional. Já em São Paulo, os veículos eletrificados estão isentos de participarem do rodízio, além de receberem o reembolso de uma cota do IPVA. No Rio de Janeiro, a alíquota é reduzida para veículos elétricos e híbridos, o que estimula e incentiva a população a adotar a nova tecnologia.

Até o momento, Sugahara pontua que não existem negociações avançadas com o governo de Minas, mas afirma que existem conversas com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico para futuras implementações. “A expectativa é que possamos dar cada vez mais visibilidade e quem sabe implementar (benefícios) ao longo dos próximos anos no Estado”, avalia.

Infraestrutura de recarga vira oportunidade de negócio

A infraestrutura de recarga, um dos principais desafios no segmento de eletrificados também é encarada como oportunidade. Com equipamentos cada vez mais acessíveis e disponíveis, a evolução, de acordo com Sugahara, é notada, principalmente nas grandes capitais.

Ele acrescenta que, atualmente, 80% das recargas são feitas em residências ou no local de trabalho. “É importante evoluir com a infraestrutura principalmente nas rodovias, onde é importante ter carregadores rápidos que consigam carregar de 10% a 80% em 30 minutos. “, afirma.

Para contornar esse desafio, a ABVE segue articulando com iniciativas e startups locais que desenvolvam e ofereçam a tecnologia de carregadores inteligentes, como Raízen Power, EZVolt, e WeCharge. “Hoje já existem empresas oferecendo infraestrutura de recarga e estamos trabalhando para torná-la mais acessível”, finaliza.

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