Empreendedoras são sobrecarregadas

Conciliar o empreendedorismo com as tarefas domésticas e os cuidados com os filhos é um dos desafios das mulheres nos negócios, é o que constata a pesquisa Mulheres Empreendedoras, do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), divulgada ontem.
O levantamento mostrou que 69% das empreendedoras são as principais responsáveis pelos cuidados com a casa, enquanto que entre os homens o percentual cai para 31%.
O presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, observa que a múltipla jornada de trabalho é uma realidade não apenas das mulheres que trabalham em regime CLT, mas também para a maioria das empreendedoras. “Administrar a casa e cuidar dos filhos foram papéis culturalmente atribuídos ao sexo feminino e que permanecem até hoje”, diz.
Ser dona do próprio negócio e ter autonomia e flexibilidade é o principal motivo para as mulheres iniciarem o seu negócio (63%), seguido pela necessidade financeira (45%) e vocação e desejo de empreender (42%).
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A analista do Sebrae Minas, Isabella Diniz Siqueira, observa que a abertura de um negócio por necessidade financeira explica a baixa taxa de conversão do estágio inicial do empreendimento para o estabelecido. “Algumas mulheres podem buscar o empreendedorismo como algo provisório, em momentos de piora da renda familiar, e podem deixar o negócio quando a renda melhora”, diz.
O levantamento, que entrevistou 1.213 pessoas no Estado, também mostrou que 28% das empreendedoras têm outra ocupação como principal fonte de renda, enquanto que entre os homens o percentual foi de 18%.
Para 68% dos entrevistados, o sucesso nos negócios independe do gênero. Entretanto, 48% das mulheres afirmam que o sexo feminino tem mais dificuldades para conseguir êxito nos negócios na comparação com os homens em razão da dedicação aos cuidados domésticos e dos filhos, enquanto que os homens podem se dedicar inteiramente ao empreendimento. Somente 24% dos homens compartilham dessa percepção.
A analista do Sebrae, Rachel Dornelas, observa que empreender é desafiador tanto para homens quanto para as mulheres, só que por questões culturais e estruturais da sociedade é necessário ter um “olhar diferenciado” para as mulheres. E é justamente isso que busca o programa Sebrae Delas, criado em 2019 e que oferece capacitações, oficinas, palestras e consultorias. Desde o lançamento, o programa atendeu mais de 12 mil mulheres no Estado.
A especialista também destacou a necessidade de as empreendedoras fortalecerem o networking. “As mulheres têm uma rede de contatos pobre, porque o privado sempre foi uma característica da nossa vivência”, diz.
Falta de planejamento dificulta o sucesso nos negócios
Pesquisa do Sebrae com empreendedores em estágio inicial mostrou que a falta de planejamento dificulta o sucesso nos negócios geridos por mulheres, já que seis a cada dez empreendedoras não fazem estudo ou plano antes da abertura da empresa. E 57% das novas empreendedoras afirmam que têm baixo ou nenhum conhecimento sobre gestão de empresas.
Para o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva, o que acontece em muitas situações é que a complexidade da gestão é subestimada ao abrir um negócio por necessidade, o que pode gerar empecilhos para a empresa se firmar no mercado.
A pesquisa Mulheres Empreendedoras mostra que a gestão financeira é a principal dificuldade enfrentada, sendo apontada por 45% das mulheres, seguida pela tarefa de conciliar a vida de empreendedora com a pessoal (35%) e o acesso aos empréstimos em bancos (28%)
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