Emprego de carvão vegetal favorece indústria de gusa

Diante de um contexto em que a descarbonização é pauta prioritária, líderes políticos e empresariais, investidores e parcela considerável da população, alguns setores produtivos brasileiros saem na frente. E a indústria de ferro-gusa é um deles. Com grande parte da produção concentrada em Minas Gerais, o uso do carvão vegetal ao invés do mineral, causando menos emissões e podendo gerar créditos, já tem se tornado diferencial competitivo no exterior.
Quem conta é o presidente do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (Sindifer-MG), Fausto Varela Cançado, que ressalta: “No mundo, não há nada igual”.
E o resultado é que enquanto os demais países ainda buscam soluções ou estejam iniciando plantios, por aqui já há conversas avançadas. “Este é um tema urgente e estamos na dianteira. Enquanto alguns países falam no desenvolvimento e no plantio de florestas, o nosso já é realidade”, afirma.
Varela explica que a expertise brasileira vem de anos e em virtude da falta de carvão mineral de boa qualidade. A alternativa então foi o uso do carvão vegetal, o que agora tem se tornado um diferencial competitivo prestes a dar bons resultados.
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“E não é supressão de floresta nativa. Hoje usamos 100% de carvão vegetal de floresta plantada. Eucalipto produzido com esse fim. Ou seja, já estamos inseridos nesse movimento sustentável e o nosso gusa se enquadra perfeitamente em todas as políticas de descarbonização do mundo”, defende.
Cerca de 75% do que se produz de ferro-gusa no Brasil sai de Minas Gerais. E do volume produzido no Estado, 55% vão para o exterior. Esses diferenciais podem aumentar não apenas os embarques do insumo, mas também a produção de uma forma geral.
Setor de ferro-gusa deve manter patamares
Mas enquanto esses resultados práticos não vêm, em Minas, o setor deve encerrar 2022 nos mesmos patamares do ano anterior em termos de produção. Segundo o dirigente, embora as previsões do início do exercício tivessem sido mais otimistas, o cenário esperado não se confirmou. Em 2021, as siderúrgicas mineiras somaram 4,07 milhões de toneladas de ferro-gusa. A expectativa era que a produção chegasse a 4,35 milhões.
“Houve recuo no consumo dos produtos para os quais fornecemos como aço e fundições. Reduziu em todo o mundo. Em função do desaquecimento econômico mundial e também da influência de outros fatores, inclusive políticos”, diz.
O desafio então está na adequação a esse mercado, em busca de equilíbrio entre oferta e demanda. Para se ter uma ideia, a utilização da capacidade da indústria de ferro-gusa no Estado está em torno de 70%. Com isso, muitas empresas e usinas têm antecipado manutenções programadas para em caso de aumento da demanda, já estarem preparadas e não precisarem parar a produção no ano que vem.
“Internamente, estamos em um momento de grandes movimentações e isso gera muita incerteza. Estamos acompanhando de perto para saber como vai ser e como deveremos nos adequar. Naturalmente, fortes mudanças acabam impactando a economia de forma geral”, comenta em relação ao futuro governo federal.
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