Emprego na indústria mineira tem 3º mês de crescimento

O crescimento do mercado de trabalho acima do esperado, a ampliação dos programas de transferência de renda e a concessão do reajuste do salário mínimo foram alguns dos fatores que ajudaram nos resultados majoritariamente positivos da indústria mineira no primeiro quadrimestre de 2023, segundo a economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Júlia Silper. Ontem, a entidade divulgou a Pesquisa Indicadores Industriais de Minas Gerais (Index) referente ao mês de abril.
Com exceção da comparação de abril contra março, que registrou queda de 4%, o faturamento real da indústria mineira apresentou resultado positivo nas demais comparações. Frente abril de 2022, foi verificado incremento de 0,7%. No ano, a alta foi de 6,3%, e no acumulado dos últimos 12 meses a expansão foi de 6%. “O resultado negativo em abril frente ao mês anterior é fruto da queda das vendas nos mercados interno e externo”, diz.
No cenário externo, Júlia Silper destaca que a normalização das atividades produtivas na China com fim da política de Covid zero deve ampliar a demanda pelo minério de ferro, que é uma commodity importante do setor exportador do Estado. Só que o crescimento econômico chinês em 2023 está em patamar aquém do esperado, o que pode restringir o avanço dos setores exportadores de Minas Gerais.
Emprego
A economista destaca que o indicador referente ao emprego apresentou aumento pelo terceiro mês consecutivo. Em todas as bases de comparação, o resultado foi de crescimento. Em abril frente a março, o emprego na indústria mineira teve alta de 0,7% e na comparação com abril de 2022 o crescimento foi de 3,7%. No primeiro quadrimestre de 2023, a elevação foi de 1,6% e no acumulado dos últimos 12 meses finalizados em abril foi verificada expansão de 0,5%. Os resultados decorrem dos avanços nos dois segmentos da indústria analisados: extrativa mineral e da transformação.
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O bom desempenho do Estado na geração de vagas também foi computado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Conforme o levantamento, entre janeiro e abril deste ano, Minas Gerais acumula saldo de 92.205 postos de trabalho, resultantes de 890.482 admissões e 798.277 demissões efetuadas no período. Foi o segundo maior saldo estadual, atrás somente de São Paulo (190.094), e é quase o dobro do terceiro do ranking, Santa Catarina (55.675).
Ainda segundo o Index, a massa salarial também cresceu devido aos pagamentos de participações nos lucros e resultados no mês, o que contribuiu para o avanço do rendimento médio real, que foi verificado em todas as comparações feitas pela entidade. Em abril na comparação com o mês anterior, o crescimento foi de 2,2%. O incremento do rendimento médio real foi ainda maior em abril contra igual mês de 2022: 11,8%. No quadrimestre, a elevação foi de 5,5% e no acumulado em 12 meses o incremento foi de 5,2%.
Na variável massa salarial real, a alta foi de 3,4% em abril frente março e de 16% na comparação com o quarto mês de 2022. Nos acumulados do ano e dos 12 meses, a elevação foi de 7,2% e 5,8%, respectivamente.
A utilização da capacidade instalada praticamente ficou estável, já que passou de 81,4% em março para 81,1% em abril. O acumulado de 2023, com 80,3%, está inferior ao de igual período do ano passado, quando chegou a 83,1%.
Já as horas trabalhadas apresentaram retração em todas as modalidades de comparação, sendo o recuo de 0,7% em abril frente março e de 1,3% na comparação com maio do ano passado. Nos acumulados do ano e dos últimos 12 meses as quedas foram de 1,4% e 0,2%, respectivamente.
Empecilho
Para a entidade, nos próximos meses, a atividade industrial de Minas Gerais deve ser beneficiada pelas medidas de incentivo ao setor produtivo recém-anunciadas pelo governo federal, especialmente para indústrias automotivas.
Apesar da perspectiva otimista, a economista acrescenta que a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em nível elevado seguirá limitando o avanço da atividade industrial, ao encarecer o crédito e, consequentemente, restringir o crescimento de setores mais dependentes de financiamentos, como a construção civil. A Selic está em 13,75% ao ano, maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar.
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