Empresa pesquisa solução para infraestrutura da “smart city”
Iluminação pública inteligente, sensores que medem o volume da chuva, semáforos que funcionam de acordo com o fluxo de veículos. Em um mundo cada vez mais conectado, as possibilidades para tornar a cidade mais inteligente são diversas. Empresas de tecnologia desenvolvem ferramentas para coletar dados e transformá-los em soluções que melhoram a vida da população. Mas de onde virão esses dados? A infraestrutura das cidades é capaz de suportar essa crescente transmissão de dados?
Em estudo na Cemig há pelo menos sete anos, a pesquisa sobre inserção da fibra óptica nos cabos de energia pode ser uma solução para a infraestrutura da “smart city”. Isso porque se cada poste que hoje ilumina a cidade puder, também, transmitir dados por meio desses cabos híbridos, as possibilidades de uso dessa rede inteligente são inúmeras.
Gerente Técnico de Energia da Furukawa – empresa que produziu o cabo híbrido no Brasil -, Luiz Obara acredita que o projeto da Cemig traz solidez para projetos que, até então, eram vistos como ideias de um futuro ainda distante. “O mundo das smart cities com seus semáforos e iluminação pública inteligentes, sensores, carros elétricos e geração distribuída vai exigir o uso de redes de fibras ópticas para garantir altíssima qualidade e confiabilidade das aplicações e serviços. A Cemig enxergou a necessidade de preparar sua rede do futuro quando lançou a ideia da rede sinérgica”, diz.
O superintendente de Informática e Telecomunicações da Cemig, João Luiz Barbosa, lembra que, embora todos estejam acostumados a consumir wireless em diferentes lugares, poucas pessoas lembram que esses dados precisam vir de algum lugar e, mais que isso, precisam de uma estrutura física por trás.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
“As torres, com antenas para telefonia móvel, que mandam o sinal para os nossos celulares precisam estar conectadas a um fio com fibra óptica. Então, é preciso uma infraestrutura física para a transmissão de dados. E isso passa necessariamente pela fibra óptica, pois o cabeamento comum não tem capacidade para aguentar a quantidade de dados demandados em uma cidade inteligente”, explica.
Para o superintendente, as possibilidades que essa rede sinérgica proporciona são infinitas. Isso porque ela permite a coleta de diferentes tipos de dados em toda a cidade e com diversos objetivos.
“Você pode instalar, por exemplo, um sensor em um bueiro para medir o volume de água e prevenir enchentes. O mesmo pode ser feito com sensores térmicos para indicar, por exemplo, a possibilidade de um incêndio. O monitoramento do peso das lixeiras também é uma possibilidade. Com esse dado o caminhão de lixo consegue saber com antecedência a quantidade de lixo que ele vai suportar e em que momento precisará solicitar a troca de veículo, deixando o serviço mais eficiente”, exemplifica.
A transmissão de dados via fibra ótica embutida na rede elétrica cria oportunidades dentro do próprio setor de energia, como explica Barbosa. Um exemplo é a gestão de miniusinas fotovoltaicas que, cada vez mais, estarão espalhadas pelas casas dos consumidores da Cemig. “A geração distribuída é uma realidade. As pessoas passarão a produzir sua própria energia e a Cemig precisará de um sistema inteligente para controlar essas diferentes unidades geradoras espalhadas pela cidade”, destaca.
Com sede em Belo Horizonte, a Raro Labs é um exemplo de empresa de tecnologia que desenvolveu uma solução baseada no conceito de smart city. Trata-se de um sistema de inteligência de semáforos que promete trazer melhoria para o fluxo de veículos nas vias e economia para a gestão pública. De acordo com o cofundador da empresa, Rodrigo Sol, o sistema, que está em fase de teste, resolve um problema antigo das cidades, que é a falta de comunicação entre os controladores de semáforos.
“É comum que as cidades tenham controladores de semáforos de fornecedores diferentes, que não conversam entre si. Então, qualquer problema que eles apresentem a solução é analógica: um técnico precisa se deslocar até o local e fazer alteração no próprio semáforo”, explica. O sistema desenvolvido pela Raro Labs criou uma linguagem única para esses controladores, de forma que a plataforma funciona como uma central que comanda remotamente os semáforos.
“Além de diminuir o tempo de manutenção dos semáforos, o que gera grande ganho para o trânsito, o sistema permite a reprogramação remota deles, de acordo com a necessidade ou para responder a eventos inesperados e críticos”, afirma.
Ouça a rádio de Minas