Empresariado industrial mantém a cautela em Minas

A indústria mineira inicia o ano de 2023 em clima de cautela, é o que aponta o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O Icei de janeiro foi de 50 pontos, 0,3 acima do registrado em dezembro e 1,4 ponto superior ao Icei do Brasil (48,6).
O resultado pode representar um clima de incerteza com relação à política econômica que será adotada pelo novo governo e ao cenário fiscal para os próximos meses. O Icei de janeiro subiu 0,3 ponto frente ao mês anterior, mas ficou 2,9 pontos abaixo da sua média histórica mensal (52,9) e sete pontos abaixo do obtido em janeiro de 2022 (57), sendo o menor para o mês em seis anos.
O Icei é o resultado de uma ponderação dos componentes de condições atuais e de expectativas, variando de 0 a 100 pontos. Os valores acima de 50 pontos representam uma percepção positiva sobre a situação atual e de boas expectativas para os próximos seis meses, e abaixo de 50 apontam para uma falta de confiança, tanto no atual momento quanto no futuro, por parte da indústria mineira.
No caso das condições atuais, houve um acréscimo de 0,5 ponto frente a dezembro do ano passado, registrando 48,9 pontos em janeiro. Como esse resultado foi abaixo dos 50 pontos, isso indica uma percepção negativa dos empresários quanto à situação atual da economia do Estado, do País, e também de seus negócios. Na comparação com janeiro do ano anterior, o índice baixou 1,7 ponto, e foi o menor para o mês em seis anos.
A economista da Fiemg Daniela Muniz explica que essa desaceleração é reflexo do atual momento de desaceleração econômica vivido tanto pela economia externa quanto interna, além das questões macroeconômicas, como a alta da inflação e da taxa de juros, e do endividamento das famílias brasileiras. “O resultado reflete a incerteza dos empresários em relação à política econômica do novo governo e ao cenário fiscal para os próximos meses”, relata.
Já o componente de expectativa marcou 50,6 pontos, representando um crescimento de 0,2 ponto, se comparado com o mês anterior. Nesse caso, foi demonstrado um leve clima de otimismo dos industriais para os próximos seis meses. Porém, o indicador recuou 9,6 pontos frente a janeiro do ano passado, registrando o menor resultado em sete anos. Daniela Muniz conta que essa pequena elevação no componente reflete um otimismo, mas com cautela, por parte da indústria mineira, que segue aguardando os próximos passos do novo governo no que se refere à economia.
A economista diz ainda que para melhorar esse índice de confiança da indústria será necessário colocar em prática pautas como a revisão das despesas governamentais, com uma nova regra fiscal e também a adoção de reformas como a tributária, que na visão de Daniela Muniz apresenta ser a mais próxima de ser votada e aprovada.
Faturamento da indústria da transformação cresce
O faturamento real da indústria de transformação apresentou alta de 1,4% no mês de novembro em relação a outubro do ano passado, informou a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Com o resultado do mês, o faturamento acumula o segundo mês consecutivo de crescimento.
Na comparação com novembro de 2021, o faturamento teve crescimento de 9,9%. Os números se referem à série dessazonalizada, que exclui os efeitos das variações sazonais do conjunto de dados.
Os dados constam da publicação Indicadores Industriais, produzida pela CNI. Além do faturamento na indústria de transformação, também apresentaram ligeira alta em novembro, na comparação com outubro, os índices de massa salarial real da indústria de transformação e de rendimento médio real dos trabalhadores.
Em relação à massa salarial, houve crescimento de 1%, o que reverteu a queda de 0,5% no mês anterior. Na comparação com novembro de 2021, o crescimento da massa salarial foi de 6,8%.
Já o rendimento médio real dos trabalhadores da indústria também avançou 1% em novembro de 2022, na comparação com outubro, na série livre de efeitos sazonais. Com isso, o rendimento reverte a queda do mês anterior e atinge o ponto mais alto desde agosto de 2020, em uma tendência de alta nos últimos 12 meses. Na comparação com novembro de 2021, o rendimento apresenta avanço de 6%.
Estabilidade
Os demais índices medidos pelo levantamento da CNI se mantiveram praticamente estáveis em novembro. São eles o índice de horas trabalhadas na produção, de emprego industrial e de utilização da capacidade instalada.
No caso das horas trabalhadas, o estudo apontou que se mantiveram praticamente estáveis em novembro de 2022, na comparação com outubro, ao registrar alta de 0,1% na série livre de efeitos sazonais.
“Vale destacar que, em setembro de 2022, o índice interrompeu a tendência de crescimento que se apresentava desde meados de 2021. Na comparação com novembro de 2021, há crescimento de 1,3%”, diz a publicação.
Em relação ao emprego industrial, a variação também foi de 0,1% em novembro, na comparação com o mês anterior. Para a CNI, o comportamento recente reforça a acomodação do ritmo de crescimento do emprego, que registrou sucessivas altas entre o segundo semestre de 2020 e o segundo semestre de 2022. Na comparação com novembro de 2021, a alta foi de 0,8%.
A utilização da capacidade instalada (UCI) da indústria mostrou igual desempenho no mesmo período, com variação de 0,1 ponto percentual (p.p.), na comparação com outubro, ficando em 80,3%, na série livre de efeitos sazonais.
“O avanço acontece após uma leve tendência de queda que se verifica desde o fim de 2021. Apesar dessa tendência da UCI, o indicador se encontra acima dos 80% desde março de 2021. Na comparação com novembro de 2021, o indicador apresenta recuo de 1,0 p.p.”, disse a CNI. (ABr)
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