Economia

Empresários de BH reclamam de reajuste nas passagens de ônibus

Para setor, aumento expressivo de tarifas pode provocar a diminuição da demanda de consumidores no comércio da Capital
Empresários de BH reclamam de reajuste nas passagens de ônibus
Comércio avalia que público pode cair com elevação de tarifa | Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo Diário do Comércio

Previsto para ocorrer neste sábado, 1º de abril, o reajuste de até 55% no preço das passagens de ônibus de Belo Horizonte já causa indignação. Insatisfeitos com o anúncio feito nesta quinta-feira pela empresa de transportes SetraBH, os comerciantes e empresários da Capital criticaram o aumento da tarifa.

Economista da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Paulo Casaca avalia que o reajuste é extremamente negativo. Ele afirma que a nova tarifa afeta não somente o comércio e indústria produtiva, mas também a população.

“Pensando na economia, foi somente no ano passado que os setores de serviços e comércio começaram a se recuperar da pandemia. São setores bastante prejudicados e que vão ser impactados com esse aumento da tarifa”, afirma Casaca.

O economista da ACMinas ressalta que, por outro lado, o reajuste provoca efeitos na inflação regional. “O aumento não é favorável para a economia, afinal não estamos num momento propício. Se avaliarmos, teremos uma inflação com maiores desembolsos para o pagamento de vale-transporte aos funcionários, elevação de preços de produtos na demanda regional, assim como na demanda de locomoção, o que vai reduzir a circulação de consumidores no comércio”, diz.

Transporte público na Capital pode ficar até 55% mais caro

De acordo com o anúncio desta quinta-feira, as tarifas do transporte coletivo em Belo Horizonte passam a ficar mais caras já no fim de semana. A justificativa, segundo a SetraBH, é que a alteração nos valores foi concedida pela Justiça às concessionárias no ano passado, mas ainda não foi aplicada.

No caso dos veículos convencionais de cor azul, a passagem, que custa R$ 4,50 atualmente, passará a valer R$ 6,90. No caso do circular amarelo, a tarifa de R$ 3,15 vai para R$ 4,90. Já para os micro-ônibus de vilas e favelas, o preço da passagem de R$ 1,00 passará a valer R$ 1,55.

Segundo o presidente-executivo do SetraBH, Raul Lycurgo Leite, a tarifa de R$ 6,90 é resultante dos índices de correção do setor desde dezembro de 2018 até hoje. “São quase cinco anos de tarifa congelada e de inflação alta. A Justiça de Minas Gerais, no ano passado, chegou a determinar o reajuste das tarifas. Entretanto, isso só não ocorreu tendo em vista a aprovação do Auxílio Tarifa Emergencial, da Lei 11.367 de julho do ano passado, que termina agora no dia 31 de março”, explica.

No último dia 18 de março, foi criada a Lei do Subsídio 11.458, que trata da remuneração do quilômetro rodado na Capital. Segundo o documento de aprovação da lei, o custeio do sistema de transporte de Belo Horizonte se dará pelo valor cobrado dos usuários e do Auxílio Tarifa pago pela prefeitura.

“As empresas serão remuneradas pelo quilômetro rodado a partir de agora. No entanto, até agora esta lei não foi regulamentada e os recursos financeiros para o auxílio-tarifa ainda não foram aprovados. Neste cenário, sem o auxílio-tarifa, o custo integral do sistema deve ser rateado entre os usuários”, afirma o presidente do SetraBH.

Procurada para verificar sobre a regulamentação da nova lei que seria aplicada ao sistema de transporte público, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) negou que o decreto pode ser usado para um reajuste de 50%. Segundo a PBH, cabe unicamente à Prefeitura a fixação da tarifa e não há nenhuma previsão de alteração no valor vigente para entrada em vigor no próximo dia 1º de abril.

“O ofício remetido pelo SetraBH à Prefeitura está sendo objeto de análise pela Superintendência de Mobilidade (Sumob), ao mesmo tempo em que a Prefeitura realiza esforços para a tramitação de Projeto de Lei (PL) protocolado na Câmara Municipal no dia 21/3/2023”, diz em nota enviada à redação do DIÁRIO DO COMÉRCIO, que ainda expressa: “Caso as empresas de ônibus reduzam unilateralmente o número de viagens previsto no quadro de horário vigente, estarão sujeitas às penalidades previstas em contrato”.


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