Empresários da indústria de Minas Gerais estão confiantes, porém mantêm a cautela

O Índice de Confiança do Empresário Industrial de Minas Gerais (Icei) subiu 0,9 ponto em novembro, atingindo 51,8 pontos, com os empresários da indústria demonstrando estar mais confiantes em relação à situação atual da economia do Estado e de seus negócios e mais otimistas para os próximos seis meses. Em outubro, o indicador havia recuado 1,1 ponto.
Conforme o levantamento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), esse foi o 22º mês consecutivo em que o índice ficou acima dos 50 pontos, nível que assinala a confiança do setor industrial. Apesar da sequência positiva, desde agosto do ano passado o indicador não ultrapassa a média histórica, que é de 52,7 pontos.
A manutenção do otimismo dos empresários da indústria mineira, segundo a economista da entidade, Daniela Muniz, está relacionada ao bom desempenho da atividade econômica neste ano, impulsionado, sobretudo, pela expansão do consumo interno e dos investimentos.
Ela afirma que a alta do consumo familiar é sustentada pelo aumento da renda, impactada por um mercado de trabalho aquecido e pelos programas de transferência de renda.
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Neste caso, cabe destacar que, até setembro, Minas Gerais criou 204,2 mil vagas de emprego com carteira assinada, e o Brasil abriu quase dois milhões de postos formais – os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
De acordo com a economista, em certo período do ano, as concessões e as carteiras de crédito aumentaram devido ao afrouxamento monetário, o que também motivou o resultado.
Sobre o crescimento do nível de investimentos, Daniela Muniz ressalta que o volume ainda está historicamente baixo, porém vem se recuperando de uma queda observada em 2023.
Incertezas impedem maior confiança do setor industrial
Em contrapartida, a economista da Fiemg esclarece que há várias incertezas que impedem a confiança dos industriais de “decolar”. O clima de cautela está relacionado à dívida pública, aos juros elevados e à volatilidade cambial, que podem limitar o crescimento da economia.
Daniela Muniz explica que dívidas públicas que não seguem uma trajetória sustentável, como a brasileira, provocam o aumento da percepção de risco, que, por sua vez, afeta o câmbio e exige juros mais elevados, reduzindo a capacidade do setor privado de investir e impactando o crescimento econômico. Segundo ela, desde o início do atual governo nacional, a dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) vem crescendo.
“Temos uma insegurança fiscal e, ao mesmo tempo, uma atividade econômica em alta que levam o Banco Central a adotar uma postura mais cautelosa na condução da política monetária. Isso resultou em um aumento da taxa Selic, e essa decisão de aumentá-la pode limitar a expansão das atividades, principalmente daquelas mais dependentes de crédito e financiamento, como o consumo de bens duráveis e os investimentos em capital fixo”, diz.
“No médio prazo, podemos esperar, por um lado, uma desaceleração do crescimento econômico devido ao aperto das condições financeiras, mas, por outro, uma continuidade dos efeitos expansionistas da política fiscal sobre a demanda agregada”, projeta.
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