Empresas mineiras acumulam R$ 12,7 bilhões em dívidas negativadas

Em 2024, as empresas instaladas em Minas Gerais acumularam em média sete dívidas em atraso. Os dados, divulgados pelo Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, apontam que 615.468 negócios no Estado estão com as contas no vermelho e juntos somam R$ 12,7 bilhões em dívidas negativadas.
Em dezembro, o número de empresas inadimplentes em território mineiro correspondeu a 26% do total e apresentou um acréscimo de 11,5 mil negócios na comparação com o mesmo período do ano anterior. Apesar disso, o percentual está abaixo dos registrados em 2022 e 2023, quando somaram 28,9% e 26,6% respectivamente.
Já a dívida média das empresas atingiu o maior patamar da série histórica, ultrapassando R$ 20 mil a partir do segundo semestre do ano passado em Minas Gerais. Em 2023, o valor mais acentuado de inadimplência foi de R$ 16 mil.
No Sudeste, São Paulo foi o estado que registrou a maior proporção de empreendimentos no vermelho, somando 37,5% e o Espírito Santo encerrou o ano com o menor percentual (25,1%). Ao todo, a região apresentou 3,7 milhões de empresas inadimplentes, enquanto a nível nacional o saldo chegou a 6,9 milhões – um acréscimo de 300 mil negócios na comparação com 2023.
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Os resultados de dezembro, segundo a economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, apresentaram uma ligeira melhora na comparação com os meses anteriores. O motivo estaria associado ao período de festas, que, aliado ao pagamento do décimo terceiro salário, fomentou a demanda por bens e serviços, o que pode ter promovido um efeito positivo para as finanças das empresas. “A partir disso, alguns empreendedores aproveitaram a oportunidade para contornar o quadro de inadimplência”, destaca.
Entretanto, na comparação com 2023, a economista ressalta que houve uma mudança de patamar. Embora a economia esteja crescendo acima da média história com o mercado de trabalho aquecido e mais pessoas empregadas, a alta na taxa básica de juros (Selic) pode ter impactado as negociações, especialmente para micro e pequenos empreendedores.
“Quando olhamos para as empresas inadimplentes, grande parte são pequenos negócios que encontram cenários desafiadores para a captação de crédito. Diferente das grandes empresas, eles dependem de crédito bancário para regularizarem dívidas e realizarem investimentos”, pontua Camila Abdelmalack.
Desde o início do segundo semestre do ano passado, o quadro de juros, que estava em processo de queda, voltou a subir e agora s encontra em um ciclo de elevação. Recentemente, a nova taxa avançou para 13,25% com projeção de atingir 15% até o final do ano.
2025 deve ser marcado por novos recordes de dívidas para empresas
Com esse cenário, a economista projeta que a tendência será de novos recordes de inadimplência de pessoas jurídicas até o final do ano. “Não estamos falando em uma recessão econômica como aconteceu entre 2014 e 2015. Ainda esperamos um crescimento econômico entre 1,5% e 2% neste ano, embora em desaceleração pelo choque na taxa de juros para controlar o cenário inflacionário”, avalia.
Segundo o levantamento, o segmento de Serviços foi o mais afetado, representando 55,3% das empresas negativadas, seguido pelo Comércio, que correspondeu a 35,4% do total. As “Indústrias” afetadas somaram 8%, o setor Primário 1% e “Outros” 0,3%.
Para Camila Abdelmalack, o setor de serviços se destaca em razão da representatividade no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. “Cerca de 75% das empresas que nascem são serviços, então consequentemente elas acabam se destacando na inadimplência”.
Além da proporcionalidade com relação aos setores, os resultados gerais tendem a ser semelhantes de estado para estado, com exceção daqueles em que a atividade agropecuária seja mais predominante. “Para 2025, existe uma projeção bastante otimista com a safra do agronegócio e os estados que tenham esse setor como atividade principal podem conseguir se descolar dessa deterioração do crédito”, finaliza e economista.
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