Empresas de Minas Gerais quitam 45,8% das dívidas, aponta Serasa

As empresas de Minas Gerais quitaram, em outubro do ano passado, 45,8% das dívidas negativadas em até 60 dias após o mês de referência, ou seja, até dezembro. De acordo com o Indicador de Recuperação de Crédito da Serasa Experian, o resultado representa uma queda de 9,3 pontos percentuais (p.p.) em relação a outubro de 2023, quando o índice foi de 55,1%.
O resultado está acima da média nacional apurada pelo indicador em outubro de 2024 (38%), que registrou uma retração de 12,5 p.p. na comparação com o mesmo período de 2023.
No Sudeste do País, a situação das empresas de Minas Gerais neste indicador de solvência, em outubro do ano passado, era menos favorável que a dos empreendimentos do Espírito Santo (54,9%), mas superior aos cenários observados nos estados do Rio de Janeiro (42,1%) e São Paulo (25,1%).
A economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, explica que a capacidade de recuperação de crédito em Minas Gerais acaba sendo muito superior ao observado na média nacional, pelo tamanho e diversificação da economia do Estado. “Essa atividade econômica e toda a riqueza gerada por esse Estado acaba fazendo com que a capacidade de recuperação das contas inadimplidas seja maior por conta do contexto econômico do Estado”, disse.
O levantamento mostra ainda que, no décimo mês de 2024, os negócios mineiros mantiveram, durante o ano, uma média de pagar 43,9% das dívidas negativadas em até 60 dias, após o mês de referência. Já na média de recuperação de crédito acumulada nos últimos 12 meses até outubro do ano passado, as empresas mineiras registraram um percentual de 46,8%.
Os números da Serasa Experian representam uma deterioração da capacidade de recuperação de crédito das empresas de Minas Gerais. Na comparação ano a ano, a média ao longo de 2023, em outubro daquele ano, para o pagamento das dívidas negativadas em até 60 dias pelas empresas no Estado, era de 51,9%. Já nos últimos 12 meses daquele mês, a média era de 52%.
Camila Abdelmalack aponta que a tendência, no atual contexto de elevação da taxa básica de juros (Selic), é que essa deterioração da recuperação do crédito continuará, devido ao elevado custo de refinanciamento. “Uma das estratégias que as empresas podem adotar, dado que será inevitável ter que lidar com uma taxa de juros elevada, é a renegociação de prazos, para que as parcelas tenham uma melhor adequação ao fluxo de caixa das empresas”, analisa.
Recuperação de crédito das empresas por setores
Em todo o País, o setor de “utilities” – de serviços essenciais como saneamento e energia – foi o segmento que mais recuperou crédito em outubro de 2024, com um índice de 45% no levantamento da Serasa. Em seguida, vieram as empresas do varejo, que conseguiram acertar 44,4% dos débitos negativos em até 60 dias após o mês de referência.
Camila Abdelmalack pontua que a receita do setor de utilities é proveniente de contas básicas do dia a dia da população, como contas de luz, água e gás, e que a inadimplência do consumidor nesse caso pode levar a uma interrupção do serviço. Sendo assim, a capacidade de recuperação de crédito nesse segmento é muito maior do que nos outros setores.
A pesquisa mostra ainda o índice de recuperação do crédito das cooperativas (39,2%), dos bancos (37,6%), das empresas financeiras (34,1%), dos negócios do setor de serviços (33%) e de telefonia (18,2%), registrados no décimo mês do ano passado.
Exceto as firmas do setor de telefonia, além das cooperativas, que não faziam parte do levantamento em 2023, todos os setores pesquisados pela Serasa Experian apresentaram piora na comparação ano a ano no índice de recuperação de crédito das empresas.
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